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quinta-feira, outubro 10, 2024

Pastores acusados de corrupção estiveram 35 vezes no Palácio do Planalto

Os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos, apontados como pivôs do escândalo do balcão de negócios do Ministério da Educação, estiveram 35 vezes no Palácio do Planalto desde o começo do governo. As informações sobre as visitas foram divulgadas ontem (14)  pelo GSI, após a pasta comandada por Augusto Heleno ter se recusado a divulgar informações referentes a reuniões e visitas dos pastores ao Palácio do Planalto.

Os dois religiosos estão no centro do escândalo do balcão de negócios do MEC. Os dois foram apontados como operadores do esquema, negociando com prefeitos a distribuição de recursos do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), o que muitas vezes teria ocorrido em troca de propina.

Conforme os dados, Moura esteve 35 vezes no local, sendo 10 acompanhado de Santos. O último registro é de 16 de fevereiro deste ano, pouco mais de um mês antes da divulgação do áudio no qual o então ministro Milton Ribeiro afirma privilegiar os repasses para municípios indicados pelo pastor Gilmar Santos, a pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL).

O documento divulgado pelo GSI mostra ainda que os pastores estiveram duas vezes no gabinete adjunto de agenda do gabinete da Presidência da República —local onde, normalmente, se vai para solicitar um horário com o presidente.

Os dois encontros foram registrados pela agenda oficial do Planalto. Em 25 de abril de 2019, com pouco menos de cinco meses de governo, Moura e Santos rezaram e tiraram fotos com Jair Bolsonaro.

"Presidente da República, Jair Bolsonaro, e o Vice-Presidente da República, Hamilton Mourão, durante encontro com Pastor Gilmar dos Santos, Presidente da Igreja Assembleia de Deus de Missa?o de Todos os Santos; Pastor Airton Moura Correia, Igreja Assembleia de Deus de Missa?o de Todos os Santos", registrou o Planalto.

O segundo registro foi em 14 de outubro de 2020, quando Arilton esteve com Bolsonaro.?

A dupla frequentou mais o Palácio do Planalto no primeiro ano de governo de Bolsonaro, quando foram 27 vezes lá. Em 2020, há apenas um registro no documento divulgado pelo GSI.

No ano passado, estiveram cinco vezes lá. Neste ano, Arilton foi duas vezes à Casa Civil de Ciro Nogueira, sendo uma delas acompanhado de Gilmar.

A lista indica também que os pastores tiveram reuniões em pastas comandadas por quatro ministros: Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Onyx Lorenzoni (então na Casa Civil), Santos Cruz (então na Secretaria de Governo) e Luiz Eduardo Ramos (sucessor de Santos Cruz).

Com exceção dos encontros registrados em fotografias ou postagens em redes sociais, não é possível saber quem participou das agendas com os dois pastores dentro das pastas sediadas no Planalto.

Isso porque é possível que a primeira visita seja registrada como sendo a um ministro no Planalto, e depois os visitantes sigam acompanhados para outro gabinete ou ministério.

TRÂNSITO LIVRE E OURO

Arilton também esteve com o vice-presidente Hamilton Mourão por duas vezes. Uma delas, acompanhado de Gilmar. Porém, o local mais visitado nesses anos foi a Casa Civil, onde o pastor Arilton esteve 13 vezes e Gilmar, seis.

Das visitas de Arilton, 7 foram quando Onyx Lorenzoni era ministro e outras 6 com Ciro Nogueira no comando da pasta.

O pastor ainda esteve 10 vezes na Secretaria de Governo, 1 delas acompanhando de Santos. Das visitas, 9 foram na gestão do general Carlos Alberto dos Santos Cruz e 1 já com Luiz Eduardo Ramos como ministro.

Pastor que mais visitou o Planalto, Moura foi apontado pelo prefeito Gilberto Braga (PSDB), do município maranhense de Luis Domingues, como o autor do pedido de 1 kg de ouro em troca da liberação de verbas de obras de educação para a cidade.

A declaração do prefeito foi dada ao jornal O Estado de S. Paulo, e a Folha confirmou com outras duas pessoas presentes no local onde o pedido de propina foi feito.

Moura também foi citado no depoimento do presidente do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), Marcelo Lopes da Ponte, à CGU (Controladoria-Geral da União).

Indicado pelo centrão e ex-assessor de Ciro Nogueira, Ponte disse que o pastor fez "insinuações" de pagamento de propina durante encontros entre os dois no ano passado.

"As insinuações do sr. Arilton nunca trataram de números, mas sim de frases como 'me ajude que eu te ajudo'", afirmou Ponte no depoimento em outubro de 2021.

Mesmo após a instalação da investigação pela CGU, em agosto de 2021, Moura ainda esteve no Palácio do Planalto outras seis vezes. Sempre em visitas à Casa Civil comandada por Nogueira.

 

Da Redação (com informações da FSP)

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