PASTORAL DA ECOLOGIA INTEGRAL NO CENTRO OESTE PASSOS IMPORTANTES NA CAMINHADA

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“Se quisermos, de verdade, construir uma ecologia que nos permita reparar tudo o que temos destruido, então nenhum ramo  das ciências e nenhuma forma de sabedoria pode ser preterida, nem sequer a sabedoria  religiosa, com sua linguagem própria” Papa Francisco, Laudato Si, 64.

“Não há duas crises separadas: uma ambiental e outra social; mas uma única e complexa crise sócioambiental. As diretrizes para a solução requerem uma abordagem integral para combater a pobreza, devolver a dignidade aos excluidos e, simultaneamente, cuidar da natureza” Papa Francisco, Laudato Si, 139.

É neste sentido que o Papa Francisco sempre enfatiza, “tudo esta inteligado, nesta Casa Comum”.

O desafio visando a estruturação de uma Pastoral da Ecologia Integral é grande, complexo , mas com fé, esperança renovada, resiliência, coragem, comunhão de esforços, propósitos e união entre irmãos e irmãs, nenhum desafio é maior do que a vontade de contribuirmos para ajudarmos a salvar o Planeta Terra, a nossa “Casa Comum”. Se a obra é de Deus, Ele proverá!

A estruturação da Pastoral da Ecologia Integral na Região Centro Oeste, nos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito federal, convenhamos, é um enorme desafio que estamos dispostos a enfrenta-lo.

Como primeiro passo, conseguimos realizar Um Ciclo de reflexões sobre a Caminhada da Igreja nesta região e os principais desafios ecológicos nesta caminhada, em tres LIVES, em meados de Julho passado (2021), quando contamos com dezenas de participantes em cada noite e a participação de seis expositores/motivadores, abordando temas como: O Avanço do agronegócio e os conflitos na região; A questão indígena e os problemas que afetam esses povos, incluindo o problema da terra/território; A importância da agroecologia no contexto da ecologia integral e os sistemas produtivos; o Papel e a importância da agricultura familiar na produção de alimentos, geração de trabalho e renda; Os problemas ecológicos urbanos no Centro Oeste e, para fechar essas rodas de conversa, tivemos a presença de Dom Roberto Paz, Bispo de Campos/RJ que falou sobre o que é e qual a importância da pastoral da ecologia integral na caminhada da igreja.

O segundo passo foi a constituição de um grupo/Equipe no whats app, que possa mobilizar, ajudar a articular e incentivar Arquidioceses, Dioceses e Paróquias com vista a ampliar o número de pessoas envolvidas e que possam passar por um processo de formação e serem multiplicadores de ações que contribuam para a estruturação da Pastoral da Ecologia Integral nesta região.

Fruto desta articulação já estão participando conosco diversas pessoas de Araputanga, Mirassol D’Oeste, Alta Floresta e Cuiabá e até de outros estados.

Em 23/08/2021; demos o terceiro passo, que reputo como muito importante. Com o apoio decidido e o estimulo do Pe. Deusdédit de Almeida, Vigário Geral da Arquidiocese Metropolitana de Cuiabá, foi possivel a realização um encontro presencial com a participação de 09 Padres/Párocos, de algumas paróquias de Cuiabá e Várzea Grande e 6 leigos/leigas, quando apresentamos aos presentes um apanhadao rápido sobre os fundamentos, os objetivos, estruturação, as dimensões, formas de atuação e importância da Pastoral da Ecologia Integral, para atender `as exortações  e chamamento do Papa Francisco, no contexto da Laudato Si, da Exortação Apostólica Minha querida Amazônia, do Magistério dos diversas Papas, da Doutrina Social da Igreja e dos Documentos da CELAM Documento de Santo Domingo e Documento de Aparecida e outras fontes que tem apoprtado contribuições relativas ao papel e participacao da Igreja nas reflexões e ações relativas a crise sócioambiental, incluindo a Emergência Climática que estamos vivendo.

Ficou decidido na reunião de hoje que cada participante, principalmente os Padres/Párocos consultarão suas paroquias para que em cada uma delas possam ser selecionadas tres ou mais pessoas, para constituirmos uma equipe que contribuirá para a estruturação da Pastoral da Ecologia Integral na Arquidiocese de Cuiabé, e, assim contribuir para a expansão do trabalho em Mato Grosso e no restante do Centro Oeste.

Essas pessoas deverão passar por um processo de formação básica, para aprofundarem as reflexões e conhecimento sobre os fundamentos, principios , objetivos da Pastoral e das questões ecológicas endereçadas pela Encíclica Laudato Si e contribuirem para o planejamento ,  a partir do qual serão definidos os demais passos a serem dados nesta caminhada, seguindo o método: Ver, Julgar, Agir e Celebrar.

Este mesmo modelo de atuação visando a estruturação da Pastoral da Ecologia Integral, poderé ser utilizado em outras Arquidioceses, dioceses, paroquias e comunidades católicas desta vasta região, que possui em seu território tres, dos seis biomas brasileiros: O Pantanal, o Cerrado e a Pré Amazônia, com inúmeros e sérios problemas ambientais/ecológicos, tanto urbanos quanto rurais, com destaque para a invasão de terras indigenas, a grilagem de terras, a ação ilegal de mineradores/garimpeiros e madereiros, o uso abusivo de agrotóxicos,  a degradação ambiental em geral, o desmatamento, as queimadas urbanas e rurais e o agravamento da poluição em todas as formas, contribuindo, sobremaneira , para as mudanças climáticas, para o aquecimento global e para a emergência climática que estamos presenciando e sofrendo com suas consequências, tornando a questao da saúde publica e individual em outro desafio de extrrema gravidade neste tempo de pandemia da COVID-19.

É importante destacar que a Pastoral da Ecologia Integral não é uma ONG ambientalista, mas sim, uma dimensão do trabalho de evangelização da Igreja e, por isso, requer tambem que seus agentes tenham uma sólida formacao no que tange `a fé católica/cristao e reconheçamos que as ações da referida pastoral não pretendem e não devem substituir o que deve ser realizado pelo Estado, ou seja, pelos poderes publicos constituidos.

Neste sentido é bom relembrar o que consta de nossa Constituição Federal quando estabelece em seu artigo 225 que “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” e, em seus sete parágrafos ficam bem claras as responsabilidades de todaos os Poderes e as instâncias de governo:Federal, Estaduais e Municipais.

Tanto ONGs, quanto a Pastoral da Ecologia Integral e diversas outras ações voluntárias e de grupos da sociedade civil, representam o esforço da cidadania para despertar a consciência da população quanto `as práticas que promovem a sustentabilidade, dentro do conceito maior que é a Ecologia Integral.

Para finalizer, gostaria de destacar um pequeno trecho da Encíclica Laudato Si 169, quando o Papa Francisco afirma “ A noção de bem comum (casa comum) englobe tambem as gerações futuras (que tambem tem o direito sagrado de vivere mem um planeta saudável). As crises econômicas internacionais ( polítcas e sociais), mostram, de forma atroz,  os efeitos nocivos que traz consigo o desconhecimento de um destino comum, do qual não podem ser excluidos aqueles que virão depois de nós. Já não se pode falar  de desenvolvimento sustentável sem uma solidariedade intergeracional.

Isto significa que em suas relações com o meio ambiente, com a natureza (da qual o ser humano tambem é parte), a humanidade deve pautar-se, não simplesmente por critérios utilitaristas, imediatistas e econômicos, inclusive a busca desenfreada por lucros fáceis e imediatos, a qualquer preco, inclusive, a degradação ambiental sem piedade, mas sim por critérios éticos e a visão de que as futuras gerações também tem o direito de viverem em um planeta saudável.

Assim, se voce, amigo e amiga, leitor ou leitora, julgar que pode participar conosco nesta caminhada ou conhece alguma pessoa que possa somar conosco nesta empreitada, mantenha contato. Como cristãos, como cidadãos e cidadãs e, como Igrerja, não podemos nos calar, pois  omitir-se diante do agravamento da crise ecológica, em todos os niveis, incluindo em nossas comunidades, municipios e cidades, é um pecado ecológico (razão pela qual o Papa Francisco tanto enfatiza a necessidade de uma conversão ecológica), repetindo, omitir-se é uma forma de estar ao lado daqueles que desrespeitam, sistematicamente, o meio ambiente, a ecologia integral e todas as Obras do Criador!