Os Ministros e o Presidente

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Não tem aquele batido agradecimento de cantores, desportistas e atores diante de microfones?: “quero agradecer primeiramente a Deus, à minha família e a todos que me incentivaram, blábláblá….”

 

Pois é, neste último artigo de 2019 (escrevo em 31/12), imitando os artistas quero agradecer primeiramente…. ao Bolsonaro, sua família beligerante e a alguns ministros falastrões, que me deram assunto pra dezenas de textos. Não fossem as trapalhadas deles e as do mentor astrólogo/terraplanista que mora na Virgínia teria que buscar outras fontes de inspiração para os artigos semanais.

 
 

 

Mas nem tudo são mazelas neste governo, há boas coisas. Para um boquirroto como o Weintraub, Ministro da Educação há uma Tereza Cristina da Agricultura que compensa de sobra, com sua serenidade e competência, os destemperos do primeiro.

 

Também, remediando a histeria religiosa da Damares existe o Paulo Guedes, um dos que carregam, juntamente com o deputado Rogério Marinho, o piano nas costas enquanto outros, além de não ajudar, ainda sentam em cima do pesado instrumento. Estes outros, como dizemos por aqui, além de não remarem, nem ao menos tiram a água da canoa.

 

Tem ainda os que passaram o ano criando brigas como o Chanceler Ernesto Araújo, mas em contrapartida houve quem, mantendo-se longe de qualquer confusão ou debates ideológicos entregou para a Nação excelentes resultados neste ano que finda. É o caso do Ministro Tarcísio Gomes que já preparou para 2020 quarenta e tantos leilões de rodovias, portos e ferrovias.

 

Diria que o Weintraub, a Damares e o Ernesto com suas pautas voltadas para os costumes e o gosto pela polêmica são a imagem do Presidente. Este tem um prazer mórbido em criar confusões, romper amizades e deixar feridos pelo campo de batalha.

 

Neste primeiro ano ele detonou o Bebiano e o Bivar, rompeu com a Joice Hasselmann, afastou-se do Alexandre Frota, destituiu da liderança o Major Olímpio e o Delegado Waldir, todos – diga-se – “farinhas do mesmo saco” e ainda descartou o General Santos Cruz. Neste governo, diferente de outros mais civilizados, não se vê separações políticas por diferenças de opinião. As brigas são grosseiras e publicadas em capítulos nas redes sociais pelos próprios lutadores.

 

A despeito destes crescemos cerca de 1% neste ano de 2019, o que é pouco, mas a inflação está sob controle, os juros comportados, o risco Brasil muito baixo e a bolsa recuperando-se rapidamente.

 

Entretanto esse relativo sucesso devemos basicamente ao deputado Rodrigo Maia e ao Senador Davi Alcolumbre, que assumiram a reforma a Previdência enquanto o Presidente preocupava-se com a homossexualidade, com radares nas estradas e multas dos motoristas.

 

Também, atirando contra o que deveria defender o Bolsonaro detonou o IBGE, desprestigiou o INPI e desqualificou a urna eletrônica. Não bastasse ainda brigou com líderes estrangeiros, perseguiu infantilmente a imprensa e, desprezando a liturgia do cargo, discutiu seguidamente com jornalistas na saída do palácio.

 

Bom 2020 a todos! Espero que o Presidente não me dê assunto durante este ano que começa, e, se der, que seja para receber os elogios que terei enorme prazer em fazer.

 

Renato de Paiva Pereira é empresário e escritor