Onça-pintada suspeita de matar caseiro é capturada em MS e levada a centro de reabilitação
Onça-pintada de 94 kg suspeita de matar Jorge Avalo foi capturada em Touro Morto e levada ao CRAS, em Campo Grande. Animal será avaliado por especialistas.

A onça-pintada suspeita de ter matado e devorado o caseiro Jorge Avalo, de 60 anos, foi capturada na madrugada desta quarta-feira, 24 de abril de 2025, na região de Touro Morto, no Pantanal sul-mato-grossense. O animal, um macho com cerca de 94 quilos, foi encaminhado ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS ), em Campo Grande, onde passará por exames e avaliações para confirmar se foi o responsável pelo ataque fatal registrado dias antes.
A captura foi realizada em conjunto por equipes da Polícia Militar Ambiental (PMA) e especialistas em fauna silvestre. Inicialmente, a suspeita era de que o ataque tivesse sido cometido por uma fêmea com filhote, devido à rapidez e agressividade com que os restos mortais da vítima foram consumidos. No entanto, a constatação de que se trata de um macho, ainda que magro, com peso significativo, mudou a linha da investigação. Onças adultas podem chegar a mais de 120 quilos, e mesmo abaixo desse peso, um animal com 94 quilos representa um alto potencial de força e perigo.
De acordo com os profissionais envolvidos na operação, a cena encontrada no local do ataque foi considerada extremamente violenta. Fragmentos do crânio de Jorge Avalo estavam espalhados na mata, reforçando a brutalidade do ataque e a força da mordida característica da espécie. As onças-pintadas, embora sejam os felinos de grande porte que menos atacam seres humanos, são extremamente eficazes quando o fazem, especialmente em idade reprodutiva. A potência da mordida é conhecida por ser capaz de romper carapaças de tartarugas e ossos de grandes mamíferos, como antas. Essa mesma eficiência explica por que a vítima foi arrastada por mais de 200 metros até uma área mais fechada, onde a onça continuava se alimentando quando a equipe de resgate chegou ao local.
O comportamento do animal capturado reforça a suspeita de que ele tenha sido o autor do ataque. A onça permaneceu rondando a região do rancho após o ocorrido e demonstrou comportamento territorial e defensivo mesmo diante da chegada dos agentes, inclusive avançando contra um integrante da equipe que realizava o resgate. A insistência do felino em permanecer no local é compatível com o comportamento oportunista típico de grandes predadores, que tendem a retornar a pontos onde encontraram alimento com facilidade.
Embora ainda não haja confirmação definitiva, as autoridades e especialistas afirmam que o próximo passo será a realização de exames detalhados, incluindo análise de pelos, fezes e demais vestígios genéticos, para verificar se há restos humanos que comprovem sua ligação com o ataque. Outras onças também foram vistas na região, o que exige cautela na conclusão do caso.
A decisão sobre o futuro do animal está nas mãos dos órgãos ambientais. Diante do histórico de ataque a humano, especialistas apontam que não há como devolver o felino à natureza. Segundo os técnicos envolvidos, a onça teria apenas duas possibilidades: ser mantida em cativeiro permanente, como em um zoológico, ou ser sacrificada — medida extrema considerada apenas em casos de alto risco à segurança pública. A avaliação mais provável é que ela seja isolada em ambiente controlado, uma vez que, ao ter predado um humano, há grande risco de que repita esse comportamento.
A morte de Jorge Avalo, um trabalhador conhecido e respeitado na região, causou grande comoção e gerou alerta sobre os riscos de convivência entre comunidades rurais e animais silvestres. O caso reforça a importância da presença de políticas de manejo e segurança em áreas de transição entre o habitat natural da fauna brasileira e propriedades particulares.
Fonte: Da Redação