O SENADOR QUE NUNCA FOI…

0
59

Na data de ontem, um fato histórico-político marcou a tarde de uma pacata terça feira em Mato Grosso.
Numa semana sem maiores revelações no tangente às eleições que se aproximam, o julgamento de um dado “senador” da República, fez as vezes do noticiário político e, da história da Justiça Eleitoral de Mato Grosso.
Aguardava-se há mais de 04 anos (07 anos no total do julgamento), ansiosamente, que o TRE esclarecesse à sociedade mato-grossense, se estávamos diante de um impostor, ou se tínhamos um senador legítimo sendo acusado levianamente junto de seu grupo político de terem FRAUDADO um DOCUMENTO PÚBLICO, uma ATA ELEITORAL, para se beneficiarem dessa trama.
Tal fraude, teria levado um legítimo SENADOR, a ficar exatos 3 anos e 8 meses fora do seu cargo eletivo por direito, devido uma “maracutaia” tupiniquim, uma alteração criminosa na ata eleitoral no registro das candidaturas ao Senado Federal nas eleições de 2014.
Como essa “mutreta” se deu, como foram os bastidores dessa trama dantesca, a história se encarregará de contar. A justiça há de se esforçar para extrair. Quanto as consequências práticas desse CRIME, é o que se terão de desdobramentos a partir de agora.
O tal “senador que nunca foi”, é um entusiasta do “new moralismo” que assola a nação. Vociferou contra a corrupção, usou uniforme verde-amarelo-fifa, beijou o pato, fez discursos raivosos na histórica tribuna do Senado da República, de onde discursaram grandes homens públicos como Rui Barbosa, Pedro Simon, Paulo Paim, todos ELEITOS PELO VOTO, diferente do de cá. Truculento, expulsou até um professor que protestava em uma audiência pública sobre o teto de gastos, que retiraria, como retirou, BILHÕES DA EDUCAÇÃO e outras áreas sociais carentes de recursos. Um legítimo histórico de demagogo!
Esse parece ser o retrato do Brasil atual. Demagógico. Não bastava tomar pelo crime o direito legítimo de outro. Precisava ademais, trair sua classe, seus iguais, os servidores públicos e trabalhadores do Brasil ao exercer seu mandato ilegítimo. Ser o próprio anti-herói.
O senador que nunca foi, José Medeiros, embora servidor público federal (PRF), votou tudo contra os trabalhadores públicos e privados do Brasil e, contra a própria nação. Votou a favor da Deforma trabalhista, das terceirizações indiscriminadas, da venda a preço de banana do pré-sal, do impeachmant da Dilma, da salvação do Temer, a favor do congelamento dos gastos na saúde, educação, segurança e áreas sociais por 20 anos, para garantir o pagamento da dívida pública nunca auditada, beneficiando banqueiros internacionais em detrimento do povo, votou contra a CPI da Previdência que evitaria a reforma contra os trabalhadores etc, etc.
Mais que um crime comum, de fraudar uma ata para ocupar um cargo ao qual nunca tivera direito, esse “senador fake”, cometeu crimes de lesa-pátria. Autorizou a venda de riquezas nacionais estratégicas e atrasou nosso crescimento enquanto nação sem o menor pudor, sem ao menos ter legitimidade para isso.
Como segundo suplente do então senador Taques, que viria a ser Governador, nunca teria assumido o cargo e votado tantas maldades contra seus iguais. Talvez por que, sendo senador sem voto, nunca soubera o poder da construção dos trabalhadores, para alcançar projeção politica, a necessária união, lealdade, já que o que prevalece é o poder econômico cooptando o poder político e, certas figuras de plantão, dispostas a tudo por “poder”, ainda que efêmero.
Efêmeros 3 anos e 8 meses de “poder” marcaram esse des-mandato. Tudo nele é uma fraude. Dos discursos aos votos proferidos. Fosse a justiça veloz como os anseios populares, poderiam ter-se evitado muitos danos. Mas ainda bem que a justiça se fez, em tempo.
Mais que isso, o falso moralismo em sua mais alta essência foi desnudado. O “senador que nunca foi” está NU! Os moralistas também!
ANTÔNIO WAGNER DE OLIVEIRA, Advogado, Analista da Área Meio do Estado, Presidente em exercício da Central dos Sindicatos Brasileiros em MT/CSBMT, Diretor Jurídico do SINPAIG, membro fundador do Núcleo de MT pela Auditoria Cidadã da Dívida Pública e um dos atuais Coordenadores do Fórum Sindical dos Servidores do Poder Executivo.