“Às vésperas do maior evento esportivo até agora realizado em terras brasileiras, a Copa do Mundo, dois ídolos de nossa nação têm demonstrado que o dinheiro fala mais alto do que qualquer outro fator para nortear suas condutas“
Desde que somos crianças um ídolo é uma representação de alguém que deu certo, que se destacou em uma área de atuação da qual admiramos e, por tanto, nossos olhos são enfeitiçados por este ser, o tornando um semi Deus por tanta competência. No Brasil, grande parte deste rol de heróis se restringe a atletas de futebol que embalam e embalaram estádios todos gritando seu nome, milhares de camisas vendidas e gritos de gol incessantes após suas jogadas perfeitas.
Recentemente, porém, ás vésperas do maior evento esportivo até agora realizado em terras brasileiras, a Copa do Mundo, dois ídolos de nossa nação têm demonstrado que o dinheiro fala mais alto do que qualquer outro fator para nortear suas condutas. Logo eles, que foram a razão única, em muitas vezes, da alegria de um povo que se vê escorraçado pela vaidade pessoal dos representantes públicos que os representa. Pelé e Ronaldo estão nos últimos dias mostrando o porquê vibraram tanto quando o presidente da Fifa, Joseph Blatter anunciou o Brasil, em 30 de outubro de 2007, como sede da Copa do Mundo FIFA de 2014, em evento em Zurique, na Suiça.
A previsão da marca Pelé é arrecadar no ano da Copa no Brasil até R$ 58 milhões. O Rei do Futebol está fazendo propaganda de shampoo, de cerveja, de banco, de cartão de crédito, de operadora de telefonia móvel e só não fez ainda de absorvente e de pomada contra hemorroidas porque não surgiram propostas. Mas Ronaldo ainda conseguiu ser pior. De amigo da Copa, com discursos favoráveis e elogios forçados quando visitava obras inacabadas junto com a trupe do PT, o “fenômeno” assumiu um discurso de críticas ferrenhas a possíveis desvios de recursos. Agora Ronaldo? Quando tudo já ocorreu é duvidar da inteligência alheia. Muitos dizem, inclusive, que a mudança repentina de postura se deve a milhões tucanos depositados na gorda conta do gordo.
Que a Copa do Mundo é negócio ninguém duvida. Que o futebol de uma maneira geral visa lucro é até natural que seja. Mas ver cidadãos que ainda resguardavam alguma fatia de esperança popular, decaindo ao mais baixo nível de egoísmo como marionetes do dinheiro neles injetado, é de desanimar a massa. O Rei do Futebol adora distinguir o Edson com o Pelé nas suas falas. O problema desta vez é que se o Edson aparecer fazendo propaganda talvez não seja tão interessante para as agências de publicidade. Edson não assumiu uma filha bastarda que teve e que morreu as mínguas, é relativamente ‘queimado’. Logo, quem está fazendo propaganda e ficando ainda mais milionário é somente o Pelé. Alguém diria: mas ele tem o direito? Sim, mas é hipócrita. Anos atrás quando Neymar estava no Santos e fazendo 20 comerciais por mês, o eterno 10 do Santos disse que o então astro santista tinha excesso de vaidade. Hoje isto está evidenciado que era só inveja.
De toda esta história de ídolos, quem parece ter saído melhor em todo o contexto foi o deputado federal e ex-atacante Romário. Ele disse ainda em 2008 que a Copa do Mundo seria o maior roubo de todos os tempos da ala corrupta do Brasil. Não temos apenas a comprovação, mas ele com certeza deve ter razão. O baixinho está sim arrecadando uma graninha ou outra em tempos de evidência futebolística, mas pelo menos não é demagogo. Todo discurso que faz, o ex-camisa 11 faz questão de detonar a Fifa, Blatter e Cia, colocando no mesmo pacote os coronéis da CBF. Desde quando era jogador, Romário confirmava que vivia em noitadas e não se fazia de santo. Muita coisa tem de mudar no Brasil, mas para começarmos a ser um país um pouco mais sério temos de abdicar deste modelo de ‘coitadinho’ e preocupado com causas sociais, quando minha causa é outra.
O escritor Paulo Coelho, que vibrou junto com Pelé e Ronaldo no evento de escolha do Brasil como sede, assim como o segundo mudou de opinião e fez duras críticas à Copa e especialmente ao ex-nove da seleção. Coelho chegou a usar o adjetivo ‘imbecil’ para se referir ao fenômeno. Acontece que muita gente informada diz que a ira do escritor, campeão de vendas de livros por todo o mundo, é que o pedaço de bolo para si não foi do tamanho que o que ele esperava, ou que lhe foi prometido. Assim, a Copa acabou não sendo para o intelectual o “Raúl Seixas” que ele esperava.
Da Redação – Hevandro Soares