O líder e o ponteiro do relógio

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Em uma tarde de domingo, passo pela sala e, ao perceber a televisão ligada sem ninguém a assistir, de repente aquele filme me chamou a atenção:

Era a cena de um menino em frente a um grande relógio, a dialogar com uma menina, aparentemente sua amiga. Parecia naquele filme que aquele garoto tinha uma relação especial com aquelas peças. E com o relógio aberto, era verdadeiramente muito robusto, ele pega uma peça e diz mais ou menos assim:

– Achei a peça! É essa! Agora precisamos ver se conseguimos recuperar.

A menina que observava o menino a contemplar atentamente cada peça a sua frente, curiosamente pergunta:

– Nossa, mas uma peça tão pequena! Era ela que estava fazendo esse relógio desse tamanho atrasar as horas?

E assim o menino respondeu:

– Cada peça tem seu valor e uma importância imensa neste relógio. Cada pecinha dessa, por menor que seja, cumprindo sua função, possibilita a este relógio ter a precisão exata das horas, e quando essa peça deixa de cumprir adequadamente seu papel, todas as outras sofrem um impacto na busca de compensar e reestabelecer a ordem para e o funcionamento correto do relógio, e assim consiga entregar o resultado de marcar com precisão o tempo, as horas. Se uma peça dessas estraga ou fica desgastada, por menor que ela seja alterará o funcionamento de toda a engrenagem de peças envolvidas como um todo.

Essa cena me chamou muito a atenção e me tocou para uma reflexão profunda sobre o que vejo acontecer diariamente nas empresas, em vários aspectos, sejam eles: recursos materiais, financeiros e humanos. Neste ponto, o papel do líder é de suma importância, pois como aquele menino da cena, é preciso estar atento com uma visão sistêmica gerindo os recursos e liderando as pessoas na constante busca de manter equilibrada cada parte, seja ela referente ao fator humano ou material.

Quando um líder se desenvolve ao ponto de perceber essa complexidade e assim ocupa o seu lugar estratégico de observador ativo-atuante, ele buscará intervir sempre que necessário em prol do equilíbrio do sistema, pois sabe que desconsiderar qualquer uma dessas partes, isso pode representar um risco que trará desequilíbrio, acarretando uma sequência de vários outros desgastes, podendo até colapsar totalmente.

Conforme a empresa vai crescendo, a demanda por esse estilo de liderança e gestão se faz necessária.

Por missão e propósito, muitas empresas nascem, desenvolvem-se e crescem, onde talvez esses desgastes representados na peça do relógio passam despercebidos, ou quando percebidos, negligenciados.

Tem um ponto da jornada nesse crescimento que aquilo que era simples, intuitivo, prático e seguro, devido a sua sabedoria intuitiva e apaixonada , passa a não ser mais suficiente e sustentável para tamanha estrutura e complexidade do negócio, é nesse momento que a simples liderança operacional, fundamental e essencial , já não pode sozinha garantir a sustentabilidade do sistema, e aí que a liderança observadora e estratégica precisa ser inserida ou desenvolvida no interior dessas lideranças operacionais presentes, que são cheias de propósito, paixão e brilho no olho. Nem um, nem outro, ambos precisam compor no mesmo sistema: paixão e gestão, coração e razão.

Naquela tarde de domingo, o pequeno fragmento do filme chamado: As invenções de Hugo Cabret, o menino Hugo, nos deu de presente, esta bela lição e reflexão:

1- Considerar e dar o devido valor a cada peça, independente do seu tamanho;

2- Sobre a necessidade de se ter um líder observador- estratégico – atuante, co-criando neste sistema;

3- Sobre um relógio que ao marcar as horas com precisão, tem por função e missão nos mostrar se o que estamos fazendo do jeito que estamos fazendo é o melhor caminho.

O que na sua empresa poderia funcionar como o ponteiro do relógio informando como cada peça da engrenagem está a cumprir sua missão?

Por Cynthia Lemos