No ocaso de 2008 a “Aeronave Brasil”, sob o condução segura do comandante Lula, capitaneado pelo co-piloto Mantega e pelo navegador Meirelles aterrissava, tranqüila, não obstante a procela da crise financeira que ainda ameaça a economia mundial
Nesse alvorecer de 2009, se a visão econômico-financeira dá sinais de tranquilidade, não obstante os ajustes que se façam necessários no contexto da economia globalizada, no entanto, o horizonte político afigura-se nebuloso, já com prenúncio de acalorados debates por conta da sucessão presidencial, muito embora o chamado às urnas ocorrer somente em 2010.
O presidente Lula, já desde o ano passado vem apregoando claramente que sua preferência recai sobre a Ministra Dilma Rousseff que, diga-se de passagem, mudou de visual, fez plástica no rosto,substituiu os óculos pelas lentes de contato, modernizou seu modo de vestir-se.
No entanto, apesar dos mais de 70 % de aprovação presidencial, as eleições de outubro demonstraram que o eleitorado não absorveu a transferência de popularidade do presidente Lula para seus candidatos. S. Paulo à parte, com a fragorosa derrota de Marta Suplicy, não obstante a presença presidencial em seu palanque, boa parte dos candidatos para os quais o presidente pediu votos explicitamente (Rondonópolis, por exemplo) não lograram a vitória. A presença de Dilma mos palanques de Curitiba e Porto Alegre não surtiu o efeito desejado.
Segundo fontes merecedoras de crédito, o presidente Lula tem confidenciado a colaboradores a preocupação com outras opções., visto que a “candidatura” Dilma não dá sinais de decolagem. Na verdade, segundo essas mesmas fontes dois são os planos do presidente: no plano 1 a primeira preocupação seria com as eleições estaduais, mais precisamente com S. Paulo. Embora a preferência do PT recaia sobre o senador Mercadante, Lula tem demonstrado simpatias pelo deputado Palocci, ex- ministro da fazenda.
No plano 2 Palocci ocuparia o lugar de Dilma na sucessão presidencial. Essa preferência conta com o beneplácito de “pesos pesados” do empresariado nacional, tais como Ermírio de Morais, Jorge Gerdau, Roberto Setúbal, Marcio Cypriano. E na expressão de um desses “capitães da economia: “ o ex-ministro continua sendo o candidato do coração do PIB, até porque os nomes até agora colocados como candidatos, têm perfis intervencionistas”.
Palocci, no entanto prefere o silêncio e discrição mesmo porque ainda tem sobre si a pendência de um julgamento no STF, com previsão para fevereiro ou março.
Enquanto a oposição tem posições ainda indefinidas com a “queda de braço” entre Serra e Aécio, no PSDB, o DEM não se tem manifestado, embora a vitória de Kassab em S. Paulo, com as bênçãos de Serra, tenha seu peso em favor de uma aliança entre os dois partidos. O PMDB tem dado sinais de divisão, como é do seu feitio, como maior partido no cenário nacional, acenando com a possibilidade de uma candidatura própria. E Ciro Gomes vem despontando como uma alternativa, com o apoio do PSB e do PDT e de outros partidos menores que se aglutinam em torno de seu nome. A considerar-se o seu perfil político é um nome que merece consideração.
A sucessão presidencial gravita, no entanto em torno de uma reforma política, de há muito propalada e desejada. Em verdade tramitavam no Congresso mais de 60 emendas sobre o assunto, entre elas várias que defendiam o terceiro mandato. No ocaso de 2008 o deputado federal João Paulo Cunha (ex-mensalão), aprovou na Comissão de Constituição e Justiça, parecer que aglutina as diversas propostas e que extingue a reeleição e aumenta o mandato presidencial para cinco anos.
Não obstante as repetidas afirmações do presidente Lula de que não tem pretensões a um terceiro mandato e já descarta até mesmo o retorno em 2014 (entrevista recente em Fernando de Noronha, onde passou as festas de fim de ano) , o assunto ainda persiste no discurso de deputados petistas, entre eles Devanir Ribeiro( PT SP), um amigo dos mais próximos do presidente e que, afirma, levará o assunto adiante.
Em torno da proposta de Cunha evolui a idéia de coincidência de mandatos, portanto com a prorrogação daqueles que se extinguem em 2010 e que ganhariam mais dois anos. Assim, o presidente Lula permaneceria no poder com tempo suficiente para pavimentar,com muita tranqüilidade, o caminho, do seu sucessor, com a visão do futuro lá adiante, em 2017.
Nesse horizonte turvo que se projeta, ainda indefinido, só resta esperar. Como diriam os Romanos: “Alea jacta est” – a sorte está lançada…
J.V.Rodrigues
(da editoria)