A Agropecuária brasileira vem passando por um processo de adaptação ao longo dos últimos anos no intuito de implantar modelos produtivos que sejam ainda mais eficientes do ponto de vista produtivo e ambiental. Neste processo de melhoria contínua, a ciência tem sido fundamental para apontar aos produtores e ao poder público o que precisa mudar, como e quanto é preciso investir.
As mudanças já são perceptíveis tanto na agricultura quanto na pecuária. A atividade rural foi a que teve o menor crescimento do volume de gases emitidos nos últimos dez anos, mesmo com a produção de alimentos tendo aumentado consideravelmente. Isso é resultado de pesquisa e engajamento, sem falar que a adoção de técnicas como a integração lavoura-pecuária-floresta tem permitido recuperar áreas degradadas, elevar a produtividade e ainda conferir maior resistência às culturas, seja de grãos ou pastagem.
Na pecuária de corte, por exemplo, podemos dizer que pelo menos 270 milhões de hectares deixaram de ser desmatados em decorrência do uso de tecnologia. Ao mesmo tempo, a produção de carne por hectare/ano saltou de 21 kg para 47 kg entre 1997 e 2018.
Mas onde vamos chegar com tudo isso? Certamente chegaremos num modelo que permita cada vez mais ampliar a produção de alimentos de forma eficiente, uma vez que a agropecuária é a atividade mais vulnerável às mudanças climáticas. Os institutos de pesquisa, ao lado dos produtores e das indústrias, têm trabalhado continuamente em busca de ferramentas que reduzam os impactos da produção no meio ambiente, aumentem a produtividade e consequentemente a renda do setor.
Não estamos falando de ideologia, mas de metodologias viáveis. A Organização das Nações Unidas, por meio da FAO, é uma das grandes incentivadoras de projetos de inovação justamente por saber da necessidade mundial por alimento. Em 30 anos, serão 25% a mais de pessoas no mundo e que vão precisar de comida, segura e de qualidade.
A hora de planejar e implantar as técnicas é agora. E já estamos fazendo isso. Há duas semanas o Ministério da Agricultura publicou uma coletânea de estudos sobre a emissão e remoção de gases do efeito estufa pela agropecuária. A publicação reúne mais de 400 pesquisadores em um trabalho inédito, resumido e preciso sobre as novas tecnologias e seus efeitos. Uma bíblia para os produtores rurais, profissionais que atuam na área e para os ambientalistas do mundo inteiro.
O Brasil tem muita coisa por fazer, mas também há bastante resultado para apresentar. Na próxima semana, na reunião da Cúpula do Clima, que reunirá chefes de estado de 40 países, teremos a oportunidade de ouvir os apelos mundiais com relação ao meio ambiente, mas também de mostrar tudo que vem sendo desenvolvido para garantir alimentos na mesa e preservação de recursos naturais.
Com base na ciência e em números, precisamos apontar o que já estamos fazendo, o quanto custa e estabelecer qual será a contribuição e quanto de cada um está disposto a investir num programa mundial que seja modelo de produção sustentável de alimento e energia. Não devemos parar de produzir, mas podemos produzir melhor, sempre.