Centro de uma reviravolta no debate envolvendo a sucessão estadual em Mato Grosso, o ex-prefeito de Rondonópolis, Percival Muniz (MDB), afirmou à reportagem do Regional MT que sua prioridade é viabilizar um base forte para apoiar a eleição do ex-presidente Lula no estado. Ainda em Cuiabá, onde participa de uma série de reuniões com lideranças de partidos e movimentos populares, ele falou com exclusividade sobre o cenário e previu uma vitória do petista.
O otimismo está baseado principalmente nas pesquisas que já apontam a supremacia de Lula em cidades maiores, como Cuiabá, Várzea Grande e Rondonópolis. Na capital Lula já contaria com o dobro de intenções de voto atribuídas ao atual presidente.
Conforme Percival, Bolsonaro ainda leva vantagem no ‘Eixo dos Grãos’ formado por cidades como Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Sinop e Primavera do Leste – onde prevalecem as grandes lavouras de soja e milho.
O ex-prefeito diz que são perceptíveis os sinais de crescimento de Lula também no tal ‘Eixo dos Grãos’,e este crescimento pode ser acelerado caso o chamado ‘Pacote Kamikaze’ – com medidas de redução de impostos e concessão de auxílios do Governo Federal – não surta o efeito imaginado pelo atual presidente.
“Se depois do pacote Bolsonaro não conseguir pelo menos encostar (nas pesquisas), vai ser um debandada. Não ficará ninguém. Aqui em Mato Grosso acho que até os mais radicais do Bolsonaro vão pular para o lado de cá e isso deve acontecer logo. Vai ser a primeira vez que o Lula vencerá em Mato Grosso, por incrível que pareça. Estou prevendo, pela experiência que tenho com eleição”, afirmou.
CANDIDATURA
Na semana passada Percival participou de várias reuniões e encontros em Cuiabá. Conversou com lideranças como o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), o deputado federal e pré-candidato ao senado, Neri Geller (PSD), e recebeu o apoio de partidos que integram a Federação Brasil da Esperança (PT, PV e PC do B) para uma eventual disputa ao governo.
Percival disse que os movimentos populares querem viabilizar um projeto no estado articulado à candidatura de Lula. Ele revela que o projeto pode envolver até 12 partidos – incluindo legendas mais à direita – o que permitiria uma chance real de vitória.
“A dificuldade é definir os nomes para liderar a disputa. Muitos partidos não têm opções porque estão amarrados ao atual governo ou porque não dispõem de lideranças com capilaridade estadual”.
“Meu nome surge muito forte, mas tem um problema. Estou filiado ao MDB, que hoje está ligado ao Mauro. As chapas de deputados foram montadas dentro da base do governo e não é fácil neste momento desvincular da base. Francamente acho muito difícil. Acho que tenho aprovação (da maioria do partido), mas querem que fique com Mauro”, explica.
O ex-prefeito rondonopolitano fez questão de destacar que não tem ‘sangria desatada’ pela atual candidatura. “Não faço muita questão. Oportunidades aparecem na vida. Estou trabalhando para fortalecer o projeto nacional. Só quero ampliar a participação do Lula aqui. O importante é que o caminho do fortalecimento da chapa democrática, do projeto nacional, está indo muito bem no estado”.
CENÁRIO E NOVIDADES
Apesar dos problemas, Percival garante que o cenário hoje é positivo para a oposição por dois aspectos. De um lado tem crescido o apoio de Lula entre os mais pobres e também na classe empresarial, com um segmento forte do agronegócio já apoiando ou simpático ao ex-presidente. De outro, há a dificuldade do atual governador em conciliar interesses divergentes na sua base de apoio.
“O (governador) Mauro faz um movimento de tentar agradar a todos, ser o candidato da unanimidade. Quer ser o candidato do Bolsonaro e do Lula e é meio difícil essa química, a ginástica que ele tá fazendo”, pondera. "Para o Mauro tanto faz Lula ou Bolsonaro, ele não tem muita diferença ideológica. Se balançar mais um pouco ele desagarra de lá, até porque boa parte da base dele apoia o Lula e ele está de olho nas pesquisas. Não acho que a situação do Mauro não é boa, mas tem muita coisa aparecendo aí".
Para Percival, a proximidade do período das convenções partidárias deve acelerar o andamento das articulações e definições de candidaturas e alianças em Mato Grosso. Ele ressalta que hoje o momento é mais positivo para a oposição e, sem dar muitos detalhes, afirma que devem surgir novidades nos próximos dias.
“Já está começando a surgir outros nomes (na oposição). Como ampliou o movimento, ficou atrativo. Foi importante para abrir o debate. Acho que logo teremos um nome para oferecer ao povo de Mato Grosso”, concluiu.
Eduardo Ramos – Da Redação
