O mês de agosto anualmente é marcado por queimadas na região Sudeste de Mato Grosso, o calor, aliado a baixa umidade do ar é a senha para quem em pouco tempo ver o nosso cerrado pegar fogo. O reflexo do fogo na mata vem em pouco tempo para a cidade e o céu tradicionalmente limpo nessa época do ano fica sujo, esfumaçado e vira foco de incomodação. A situação varia a cada ano, há temporadas em que o fogo é mais intenso, e outras que é menos, mas pode esperar, ano a ano, a queimada vai aparecer para incomodar. Na verdade, o problema é crônico e as autoridades sabem que muito pouco pode ser feito para evitar a queimada. O governantes são sabedores que as possibilidades de evitar uma queimada natural são complicadas, mas por outro lado, o controle e a criação de mecanismos para isso é possível sim e deve ser feito. Na semana passada, além do fogo, por todos os lados, vimos também algo deplorável, o preconceito. Em diversos grupos de whatsapp, houve pessoas que sem qualquer tipo de provas e baseadas apenas em suposições acusaram as comunidades indígenas que vivem na reserva Tadarimana como responsáveis pelos incêndios e o clima difícil de respirar dentro da cidade. No entanto, é preciso usar esse espaço para fazer justiça; primeiro que o fato do incêndio ter começado na reserva não quer dizer que foram os moradores do local que atearam fogo na vegetação. Se não vejamos, que cidadão em sã consciência quer um fogo em seu quintal sabendo o risco das chamas avançarem contra si próprio e até mesmo contra tudo o que construiu. Para completar os efeitos da fumaça, no local do fogo é muito mais violento do que na cidade, localizada há quilômetros do local do incêndio. É preciso ainda informar que, no mesmo período, houve focos de fogo, em diversos pontos da cidade, como na região da rodovia do Peixe e do 18º GAC, e com toda a certeza podemos afirmar que jamais os militares ou os moradores da rodovia do Peixe jogaram fogo nestas regiões. Na verdade, o momento é de união para buscar uma solução para esse tipo de problema e tentar pelo menos minimizar os efeitos dos incêndios no cerrado. Por outro lado temos que sempre lembrar que não há queimadas apenas nas matas e sim dentro da cidade, as chamadas queimadas urbanas, que são tão graves para o ar que respiramos. Portanto, ao invés de olharmos para os nossos amigos indígenas podemos olhar também para o nosso quintal, será que nós estamos também cuidando de nós mesmos; é um caso a se pensar.