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sábado, novembro 23, 2024

Neuma de Morais – Primeira Dama

A coluna Espaço Aberto desta semana traz uma entrevista com a primeira dama do município, Neuma de Morais, que recebeu recentemente o Título de Cidadão Rondonopolitano da Câmara dos Vereadores. “Dona Neuma” como é carinhosamente chamada, falou sobre a infância, a vida no sítio, dos anos dedicados a Educação, dos projetos desenvolvidos a frente da Secretaria de Promoção e Assistência Social (2009-2012), política e sobre a família, motivo pelo qual decidiu acompanhar apenas nos “bastidores” a atual gestão de Zé Carlos do Pátio, com quem é casada e tem três filhos: Carlos, Marcelo e Matheus.
Neuma de Morais é nascida em Mutum, na época distrito de Poxoréu e hoje município de Dom Aquino. Veio para Rondonópolis em 1974, quando tinha apenas 12 anos, onde estudou o ensino fundamental e médio. É formada em Letras pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e pós-graduada em Psicopedagogia. Na entrevista, ela fala sobre o amor pela Educação, área em que atuou por quase 40 anos. Confira a entrevista abaixo:
1. Como foi sua infância?
Naquela época a gente tinha infância né? Minha infância foi no sítio na região do Vale, meus pais separaram muito cedo e nós fomos morar com nossos avós maternos. Nós somos quatro filhas, a minha mãe tinha 21 anos e estava separada então fomos morar com os pais dela. Nós fomos crescendo e meu avô quis sair dali da região e decidiu mudar para Rondonópolis.
2. Como era a vida de vocês?

Nossa vida era simples, mas confortável para época, meu avô tinha uma estruturazinha até interessante que podia nos apoiar e de dar estudo para gente. Viemos para Rondonópolis, aqui minha mãe é costureira e em uma cidade maior poderia ajudar na renda familiar. Minha mãe dona Maria foi uma excelente costureira, eu falava assim naquela época que ela tinha rodinha no pé, ela costurava tanto que chegava a fazer por dia 10 calças. Costurava muito bem e isso nos proporcionava um conforto. Minha mãe fazia uma roupa em 20 minutos. Eu estudava a noite e trabalhava durante o dia, eu comecei a trabalhar cedo com 16 anos.

3. Qual a sua formação?
Em Rondonópolis, eu fiz o ensino fundamental, o médio e me formei Letras pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT-Roo) e tenho pós-graduação em Psicopedagogia, depois fiz dois concursos na rede estadual de ensino, no Fundamental e depois para trabalhar com Ensino Médio. Sempre atuei na escola Marechal Dutra, como professora de Língua Portuguesa.
4. Quantos anos de trabalho dedicados a Educação?
Eu entrei no Estado em 1985 e me aposentei em 2014. Eu sempre fiquei na escola Marechal Dutra, depois eu me licenciei para ser secretária municipal de Promoção e Assistência Social, mas sempre vinculada, depois fui cedida para Seduc-MT, em Cuiabá, por uns seis meses, e retornei para Assessoria Pedagógica em Rondonópolis, onde fiquei dois anos, foi quando eu aposentei. Ao todo, eu aposentei com tempo de trabalho com quase 40 anos.
5. O que a Educação representa na sua vida?

Eu me apaixonei pela Educação, ela é tudo, que pena que hoje os olhares não estão muito voltados. Ela é abertura para a vida, na Educação eu me senti livre, autônoma, valorizada, era um reconhecimento de um todo. Hoje, a sociedade está difícil, vivemos muito no momentâneo, no descartável. Naquela época não, a gente sentia que era valorizado e respeitado.

6. Como conheceu o José Carlos Junqueira de Araújo?

Na escola Marechal Dutra, quando eu assumi o concurso, ele já dava aula lá desde 1983, ele dava aula como interino e nos conhecemos na escola. Ele atuou por quase 10 anos como professor interino, ele trabalhava durante o dia na prefeitura e a noite ele dava aula. Quando ele saiu a vereador pela primeira vez, a gente estava namorando, eu sempre dizia “não sai não, não mexe com isso não”, e ele ganhou. Desde então, acompanho essa vida dele há mais de 30 anos.

7. Quando vocês casaram?

Na verdade nós namoramos até hoje (risos). Nós namoramos durante oito anos e depois resolvemos ter nossos filhos: Carlos, Marcelo e Matheus. Da nossa união surgiu os três filhos, que são todos rondonopolitanos.

8. Como foi trabalhar a frente da Secretaria Municipal de Promoção e Assistência Social?
Foi muito gratificante, costumo dizer que antes trabalhava com os filhos na escola e depois com as famílias. Na família tivemos a oportunidade de desenvolver vários projetos, quando eu cheguei à secretaria tinha três Cras (Centro de Referência de Assistência Social ) funcionando e eu deixei seis funcionando. Nós tínhamos também dois polos onde trabalhávamos com cerca de 1,5 mil as crianças em situação de vulnerabilidade no contra turno. Trabalhávamos também com os idosos com hidroginástica em parceria com a secretaria municipal de Esporte. Com os adolescentes tínhamos um trabalho muito bom feito no Projovem, tinha em torno de 500 jovens, tinha dança, libras, campeonatos de futebol, fora os cursos. Criamos o balcão municipal de emprego. Era uma secretaria que acolhia em um todo, como a gente tem os programas sociais do Governo Federal como o Bolsa Família, que precisa fazer o recadastramento, na minha época tinha uma equipe que fazia mutirões nos bairros de dois a três mutirões por semana e atendia na cidade e na zona rural, e levava todos os serviços da secretaria para comunidade como recadastramento do programa Bolsa Família, os contatos das empresas que estavam contratando, corte de cabelo para os bairros.
Também tínhamos um trabalho muito grande com as entidades aqui em Rondonópolis, onde a minha equipe estava bem presente, mesmo hoje acho que continua, mas a gente era bem atuante com esse trabalho com as entidades e a preocupação de atender mesmo porque elas são muito importantes no trabalho social da nossa cidade, vem somar com nosso município.
9. A senhora não quis participar diretamente deste mandato, mas já tem sido cobrada pelas entidades. Isso pode mudar?
Por opção eu não quis, escolhi dar um tempo e ficar mais próxima da família. Porque quando você assume uma pasta, você acaba tendo sua agenda, seus compromissos, e, por exemplo, a família fica em segundo plano, eu não poderia acompanhar o Zé Carlos em alguma agenda dele. Por isso, não acabei assumindo nada e sugeri a Márcia Rotili para ocupar a secretaria porque ela trabalhou comigo na outra gestão, ela é muito preparada. Eu sempre digo que quero somar como voluntária na equipe, mas eu não pretendo assumir não.
10. A senhora sempre acompanhou os mandatos do esposo Zé Carlos do Pátio. Como é a sua relação com a política?

Eu sempre gostei da política, sou muito tranquila em relação a essa questão política dele, sempre ajudei muito, já fui para rua, já pedi votos, ultimamente trabalho mais nas questões burocráticas. Eu sempre estive nos bastidores, na rua com a equipe das mulheres, indo para o bairro levando o nome dele. Eu disse que agora quero ajudar o partido Solidaridade que é jovem, aproveitar agora esse tempo que eu tenho para ajudar, fui convidada para ir para a secretaria da mulher e também atuar, estamos organizando o partido que já tem muitos filiados e montando o diretório aqui.

11. Qual a sua avaliação quanto a atuação da mulher na política?
Acho que ainda está muito aquém, é um espaço muito masculino ainda, eu vejo assim, a mulher sempre carregou uma tripla jornada de trabalho. Não que ela não tenha potencial para isso, tem de sobra, mas ainda não sobrou tempo. Eu hoje com a maturidade que eu tenho não pretendo pleitear, assim a princípio, nenhum cargo eletivo, eu quero ajudar. De repente hoje com as mulheres é o momento de estarmos qualificando para esse lado da política. A política é fundamental, ela que comanda tudo, comanda o município, o Estado e o país, e as pessoas com essas questões todas que estão vivendo no país estão descrentes, mas acho que não deve tem que vir para Cima e tentar reverter, mostrar o lado bom da política, o lado da transformação, das mudanças, das lutas, das melhorias para a população.
12. Quem é Neuma de Morais?

Eu sou uma pessoa simples, muito humana, eu me acho sensível às causas, não tenho vaidade, gosto de valorizar as amizades, de estar presente na família, aos domingos mesmo gosto de estar com minha mãe, meus filhos, meu marido. Sou uma pessoa tida como ‘normal’. Eu sou uma mãe bastante coruja, sempre tive uma mãe muito bem presente, um dos fatores que busquei não atuar na política, estar em casa perto dos filhos. Com marido, esta por perto, ajudando.

13. Como foi receber o título de cidadão rondonopolitano?

Esse reconhecimento veio coroar esse momento, importante que a gente seja homenageada em vida, para poder desfrutar sentir o carinho que a população tem por você. Eu acompanho Rondonópolis desde 1974, o crescimento, o desenvolvimento e contribui também para isso com meu trabalho, como educadora, gestora e também estando ao lado do meu esposo. Eu sempre digo o seguinte, quando a gente casa com um homem público, a sua família e vida se tornam pública, nunca tivemos essa privacidade, a minha casa era uma extensão da Câmara e da Prefeitura, sempre muita gente em minha casa. Fiquei feliz, agradeço a câmara municipal, o vereador Juary e aos demais que votaram por unanimidade.

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