Natural da cidade de Itapuranga no Estado de Goiás, filho do lavrador Pedro José Ferreira e Dorcilia Viana Ferreira, uma família que como tantas se uniu em torno do trabalho na roça. Nelson e seus 9 irmãos Divina, Antônio, Ana, Maria, Eva, Moises, Andrezina, Iraci e Paulo iniciaram os estudos na pequena cidade de Itapuranga com muita dificuldade. Mas sempre cultuaram os valores da honestidade e trabalho princípios deixados pelos seus pais, e que na idade adulta nortearam a vida de todos.
Jornal Folha Regional: Qual o momento mais marcante e inesquecível que você teve durante a infância?
Nelson: A minha família sempre se dedicou ao trabalho na roça, e nos sempre fomos muito unidos, disso dependia a subsistência de todos. O fato mais marcante e inesquecível, foi o dia em que meu pai estava trabalhando, se sentiu mal e caiu sobre a própria enxada e ali ele faleceu, eu estava com 4 anos de idade.
JFR: Você quase foi adotado, fale um pouco sobre essa história?
Nelson: A nossa situação não era muito boa financeiramente, nos tínhamos muitos vizinhos e dentre eles um que era muito bem de vida. Ele viu que nós tínhamos ficado sem pai, chamou a minha mãe e fez a ela a proposta de me adotar, como se dizia antigamente “adotar de papel passado” mas ela não aceitou. Assim seguimos todos juntos sem o nosso pai, com um grande apoio da minha mãe Dorcilia.
JFR: Como foi a sua trajetória de vida após sair de Itapuranga?
Nelson: Quando nós saímos de Itapuranga eu estava com 16 anos, fomos para Goiânia afim de arranjar algum trabalho e começar uma nova vida. Meus irmãos haviam sentido muito a falta do meu pai e não havia mais sentido permanecer na roça. Eu tive muitas propostas de trabalho, na maioria delas incompatíveis com a honestidade, havia um recrutamento muito forte para ações de pistolagem. Eu fiquei horrorizado, graças a Deus meu irmão Paulo que já morava em Rondonópolis foi me buscar e me tirou daquele ambiente.
JFR: Qual o fato que lhe causou grande decepção em Goiânia?
Nelson: Eu e meu irmão ficamos decepcionados, quando nós estávamos saindo de Goiânia entramos num bar, estávamos com fome e com sede. Fomos muito maltratados pelo proprietário, que nos proibiu de sentarmos as mesas pedimos um refrigerante ele disse que ali só vendia wisk importado e outras bebidas caras. Pediu que nos retirássemos imediatamente do local. Como a região em que estávamos era muito perigosa ele por certo nos confundiu com pessoas do mal.
JFR: Como foi a sua chegada em Rondonópolis?
Nelson: Cheguei nesta cidade com 17 anos de idade e aqui tive uma recepção carinhosa, na Praça dos Carreiros em plena Avenida Marechal Rondon bem próximo ao espaço da feira havia uma senhora vendedora de peixe frito. Ela partia o peixe ao meio e vendia a metade chamada de meia banda, tinha em especial um Pacu de 5 quilos frito que custava 1 mil cruzeiros, (o equivalente a 1 Real de hoje) eu e meu irmão “fizemos a festa” tomamos refrigerantes e saímos satisfeitos e felizes. Eu disse a ele: é nesta cidade que eu quero ficar.
JFR: Fale um pouco sobre o começo de sua atividade de comerciante em Rondonópolis:
Nelson: Com poucos dias residindo em Rondonópolis eu aluguei um salão no centro da cidade abaixo do EEMOP, o imóvel era de dona Nicóta, um pioneira que me ajudou muito e posso dizer que ela foi minha segunda mãe. Ela cozinhava muito bem eu sempre era convidado para o almoço e o jantar, foi então que entrei no comercio de vez ali montei a frutaria Goiânia onde passei a vender frutas e verduras.
JFR: O seu pioneirismo no ramo de frutas e verduras em Rondonópolis, fez com que os moradores mais antigos da cidade se encontrassem durante a semana, como eram as vendas naquele período?
Nelson: A vendas naquele período eram excelentes, depois de algum tempo eu mudei o comércio para o bairro Caixa D´agua, onde fiquei até o inicio do ano 1990 lá tive um grande crescimento nas vendas, e passei a conhecer pessoas influentes na cidade e como exemplo cito a Amélia Stefanini, o senhor Afro, o Valdivino que era coordenador do Detran na cidade, a Edilma do cartório que também me ajudou muito e o Dr. Zanete Cardinal. Posteriormente ainda na década de 1990 mudei o comércio para a Av. Bandeirantes onde permaneci por 8 anos, próximo ao ano 2000 mudei novamente de bairro hoje estou no Jardim Primavera.
JFR: Como surgiu o seu interesse para concorrer a presidência de bairro ?
Nelson: Eu sempre fui comunitário, apoiei as pessoas em diversas situações, principalmente nos bairros em que residi, quando mudei para o Jardim Primavera surgiu o convite que me deu a oportunidade de concorrer a presidência do bairro. As eleições aconteceram entre 3 candidatos e eu obtive mais de 50% dos votos. É uma missão difícil mas gratificante é preciso muita paciência e compreensão e saber que por mais que fizermos não vamos agradar todo mundo.
JFR: Duas últimas perguntas para encerrarmos esta entrevista: Qual a importância da família, e a quem você gostaria de agradecer?
Nelson: Eu devo a minha estabilidade no meu trabalho aos meus familiares, a minha esposa Maria Aparecida Ferreira, estamos juntos há 35 anos, as minhas filhas a advogada Dra. Rilma Ferreira Viana, a Contadora Nilma Ferreira Viana e ao meu filho Raoni Ferreira Viana que é agricultor. Quero agradecer a todos que me ajudaram no desenvolvimento de minha trajetória comercial nesta querida cidade de Rondonópolis.