Mudança na realeza

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Dia 19 de maio de 2018 se tornou data marcada na história da realeza britânica. O casamento do príncipe Harry com a atriz Meghan Markle evidencia que a sociedade, de fato, vive outros tempos.
Três anos mais velha que o consorte, a atriz é divorciada, natural de Los Angeles na Califórnia, filha de afro-americana, feminista, se encaixando no perfil distante do que sempre exigiu a história dos reis e rainhas britânicas. Meghan é a primeira cidadã norte-americana a entrar para a família real desde o casamento de Wallis Simpson com o príncipe Edward VIII. Naquela ocasião, nos idos de 1936, Edward viveu um episódio conhecido dos tabloides, ao abdicar o trono por amor. Foi um escândalo real.
Desta vez, a história se tornou diferente, porquanto, as convenções sociais deram lugar ao afeto, já que ela será a primeira americana a casar-se oficialmente com um membro da família britânica, sendo o relacionamento aceito. É sabido que a imigração é assunto pouco tolerável na Grã-Bretanha. Agora, espera-se que o tema passe a ser discutido com menor dose de xenofobia.
A especulação é de grande expectativa, com impactos importantes e inesperados, incluindo, o aumento de oportunidades para as mulheres afro-americanas em termos de trabalho no Reino Unido. Fica como um símbolo de aceitação das mulheres negras. A nova integrante conta trecho do que viveu na infância, e sem qualquer possibilidade de fugir da sua origem. Segundo relata, em uma aula de inglês, a professora colocou quatro caixas diante dos alunos e alunas, os pedindo para etiquetar com a respectiva etnia a que pertencia, havendo as opções: branca, negra, hispânica ou asiática
Meghan diz que sentiu que trairia ao pai ou a mãe ao escolher uma das alternativas, pois, não representaria a sua origem. Assim, apesar de triste, deixou a identidade em branco. Ao chegar em casa e relatar o acontecido ao genitor, veio a solução: "Se isso acontecer de novo, desenhe a sua própria caixinha." A discriminação por racismo é realidade em sua vida, com diversos relatos que a fortaleceram para a prática dos direitos humanos.
Harry fez a sua escolha, ao que parece, levando em consideração os valores, já demonstrado em atitudes. No ano passado precisou emitir declaração pública quanto ao racismo subjacente e críticas destrutivas lançadas à sua noiva.
Outro ponto que afirma a mudança real é a possibilidade, desde 2015, de casamento dos membros com pessoas pertencentes ao catolicismo, tendo em vista ser a rainha Elizabeth II da chefia da Igreja Anglicana. Meghan foi criada na religião católica e foi aluna de escola que professa tal religião.
A realeza vem se reinventando, porquanto, a mudança na sucessão real feita pelo Parlamento britânico também inclui a eliminação do viés favorável aos herdeiros homens. A filha do príncipe Willian e de Kate Middleton, por exemplo, poderá entrar para a linha sucessória imediatamente após o seu irmão mais velho, George, ainda que tenha outros irmãos homens no futuro.
É mencionado que a cena política também pode ser influenciada com o enlace. O Brexit deve acontecer às 23 horas de 29/03/2019, conforme a ministra Theresa May. A imprensa vem afirmando que a união pode significar um marco para os EUA e o Reino Unido, com a possibilidade de estreitar relações.
A nova nora de Diana pretende seguir os seus passos, com o ativismo em defesa das causas sociais, e estará ao que tudo indica, junto ao povo.
A realeza está ficando mais próxima da sociedade moderna e multicultural. O romance do novel casal parece leve, relaxado e inclusivo, tirando a ideia abissal de que as princesas são mulheres geralmente caucasianas.

ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS é defensora pública estadual