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sábado, novembro 23, 2024

Mohamed Zaher – Exemplo político, empresarial e humanístico

Natural da cidade Trípoli no Líbano, país do oeste asiático situado no extremo leste do mar Mediterrâneo, limitado ao norte e a leste pela Siria, ao sul por Israel e a oeste com Chipre uma região fértil onde surgiram as primeiras grandes civilizações do mundo. Com exclusividade para esta coluna do Jornal Folha Regional, vamos conhecer um pouco mais sobre a trajetória de vida do benemérito Mohamed Zaher.
Jornal Folha Regional: Como foi a infância dos irmãos Zaher em Trípoli?
Dr. Mohamed: Passamos uma infância muito alegre e feliz, a minha família era composta por oito homens e duas mulheres: Ibrahin, Elias, Amel, Saluá, Kamel, Ahmed (Bidu), Mohamed, Kharin, Imad e Hussan. Os meus pais Khalil Zaher, comerciante de profissão, e minha mãe Nagia Zaher eram de classe média baixa e tiveram muita dedicação e esforço para nos criar e manter a família unida.
JFR: Diante dessa harmonia, ainda na infância a família teve a necessidade de mudança, qual foi o motivo dessa mudança?
Dr.Mohamed: Em 1958 começava uma guerra civil no Líbano, e os meus pais para a segurança de todos nós saímos de Trípoli para uma região distante há 80 quilômetros, onde eles reativaram o comércio com a participação da família toda. Foram momentos difíceis que foram superados através da união da família.
JFR: Naquele período o senhor também começou a ajudar seus familiares, fale um pouco sobre essa experiência:
Dr. Mohamed: Foi então que eu comecei também a trabalhar, e comecei com 12 anos de idade, com 14 anos fui trabalhar com o meu tio Kharin. Ingressei posteriormente em uma escola de ensino técnico, como se fosse nos dias de hoje uma escola como o SENAI aqui no Brasil. Essa escola era muito rígida e muito concorrida, havia uma bolsa de estudos de 50 dólares para os 10 melhores alunos que tirassem as melhores notas, e eu me preparei estudei muito e fiquei entre as 10 melhores notas. A escola era distante, eu andava cerca de 20 quilômetros para ir e mais 20 para voltar, e para me ajudar o meu pai me deu de presente uma bicicleta.
JFR: Como nem tudo é “mar de rosas” o que aconteceu durante a sua permanência nessa escola?
Dr. Mohamed: Eu estudei três anos em Trípoli, mais quatro em Beirute, quando eu estava cursando o segundo ano dessa escola, eu tive um problema com um professor, que inclusive professava uma outra denominação religiosa diferente da minha: Uma algazarra, um forte barulho estava promovido por alguns alunos, uma bagunça generalizada. Foi quando esse professor entrou na sala e me agrediu, naquele momento eu estava arrumando os meus cadernos tranquilo no meu canto. Essa atitude injusta daquele professor me decepcionou. Cheguei em casa contei o que havia acontecido e falei para o meu pai que eu não queria mais viver naquele país eu queria ir para os Estados Unidos.
JFR: Após esse episódio, como ficou a sua ida para os EUA?
Dr. Mohamed: Todos ficaram surpreendidos com a minha decisão, meu pai me disse: “Você sabe eu não tenho condições de bancar a sua viagem para os Estados Unidos.”
Em Maio de 1964 o meu irmão Ibrahin e minha cunhada Jalili que já moravam aqui em Rondonópolis, foram nos visitar no Líbano, e eu disse a ele sobre o meu desejo de ir embora para os EUA. Ibrahin me disse: “Porque você não vai para o Brasil, você vai trabalhar lá e fazer e começar uma nova vida?” Aceitei o convite, três meses depois chegou o visto, e no mês de Dezembro daquele ano 1964 eu vim para o Brasil.
JFR: Como foi a recepção dos parentes sobretudo dos brasileiros, qual foi a sua primeira impressão que o senhor teve do nosso país?
Dr. Mohamed: Eu fui o primeiro da família a vir de avião, desci em São Paulo, era o último voo da empresa aérea PANER. Posteriormente peguei um pequeno avião e vim para Campo Grande que ainda fazia parte do Estado de Mato Grosso. Foi uma grande festa, eu os meu parentes e todos que foram me recepcionar pulávamos de alegria. A primeira impressão que tive deste país foi que aqui era um paraíso.
JFR: Como foi a fase Brasil do Mohamed, e como o senhor se acomodou?
Dr. Mohamed: O meu irmão Ibrahin me levou para a casa dele e ele era o dono da concessionária de automóveis Willis naquele tempo era muito forte a venda das peruas Willis tracionadas era um grande sucesso de venda. Posteriormente nós montamos o nosso recinto no prédio da concessionária que era bem amplo e lá nós nos virávamos. Eu que só falava francês aos poucos fui aprendendo o português e me enturmando, lembro que nos comemos muita banana nanica. Em Campo Grande estudei no Colégio D. Bosco, fui ajudado pelo padre Ibrahin, o único que falava francês. Cheguei a dar aulas de matemática para alguns professores e fiz a minha graduação de forma muito especial. Posteriormente cursei Contabilidade e Economia. Em Campo Grande fui presidente da Associação dos Economistas, no esporte fui presidente do Operário Futebol Clube, fui presidente do maior clube esportivo do Centro Oeste brasileiro um time chamado Rádio Clube.
JFR: Como se deu o seu ingresso na política?
Dr. Mohamed: Eu fui convidado pelo então prefeito, ex-deputado e senador Campo Grandense, Levi Dias para ingressar no PFL, e quem abonou a minha ficha naquela ocasião foi o vice-presidente Aureliano Chaves. Mas não aceitei o convite para sair candidato a vereador.
JFR: O senhor veio para Rondonópolis, para ficar uma pequena temporada e acabou ficando de vez, fale um pouco sobre essa mudança?
Dr. Mohamed: Vim para Rondonópolis num momento familiar muito especial, com a intenção de ficar aqui por pouco tempo, mas houve uma mudança no projeto e estou aqui até hoje. Aqui fui o vereador mais votado da história da cidade, fiquei no legislativo durante 16 anos, ou seja durante 4 mandatos. Quero dizer que os meus salários de vereador eu doei para as instituições de caridade, e de apoio social aos mais necessitados. Fui secretário Municipal da Receita e da Ação Social, fui presidente do Caiçara Tênis Clube. Quero ressaltar aqui os nomes do Padre Lothar e do Dr. Alberto que na ocasião era o prefeito da cidade, nós demos um apoio estrutural para várias comunidades como doação de padrões de energia para os moradores do Ezequiel Ramim e aos moradores do Padre Rodolfo doamos postes de iluminação, dentre outros bairros que receberam o nosso apoio.
JFR: Para encerrarmos esta entrevista, desde já agradecendo pela atenção, faço ao senhor duas perguntas o que representa a família, e como foi a concretização da faculdade CESUR?
Dr. Mohamed: A família é a base sólida da sociedade, agradeço a minha esposa Mara, aos meus filhos Nagia, Soraya e Ibrahin, e a todos os meus irmãos, parentes e amigos e a toda a população desta maravilhosa cidade que eu amo de paixão. O CESUR tem uma história bonita de muita persistência determinação eu não posso deixar de agradecer ao saudoso Desembargador Costa Mendes e a Dra. Maria Aparecida. Em nome deles eu agradeço a todos que nos ajudaram na concretização daquele polo educacional, que foi muito importante para a sociedade rondonopolitana.

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