Em estudo realizado pela consultoria Economática sobre o comportamento do dólar em sete países da América Latina e na zona do euro, o real aparece como a moeda que mais se valorizou no período entre 31 de dezembro de 2002 a 21 de dezembro de 2010, ou seja, desde o início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A alta nominal do real foi de 108,16%, muito superior à da segunda colocada, o peso chileno, que subiu 53,14% no mesmo intervalo de tempo.
Os economistas avaliam, no entanto, que essa performance do real não se repetirá nos próximos anos.
"O governo Lula assumiu com muita gordura no prêmio de risco. Havia a expectativa de que o governo do PT seguisse os discursos anteriores do partido e isso aumentou o risco do País. Isso não ocorreu, nem deve voltar a acontecer porque o Brasil é democrático e uma economia aberta e os governos devem seguir o que foi construído em termos de estabilidade. Os ganhos de renda e a estabilidade são importantes para manter a popularidade do presidente", analisa o economista-chefe do WestLB, Roberto Padovani.
Ele lembrou que a continuidade garantida durante o governo Lula e os avanços conquistados no período levaram o País a deixar níveis de risco alto para conquistar o grau de investimento, atestado pelas agência de rating mais importantes. "Esse pulo não acontecerá de novo. Agora já somos investment grade e o prêmio de risco não vai mais despencar de uma hora para a outra", disse.
Além disso, Padovani avalia que o mercado cambial, agora, está mais arriscado no Brasil.
"No curto prazo, o mercado está preocupado com intervenções do governo no câmbio e tem também o financiamento do balanço de pagamentos, que está mais dependente de recursos de curto prazo, o que deixa o câmbio mais vulnerável ao cenário externo. E ainda tem o déficit em conta corrente gerando incerteza", afirmou. Padovani avalia que, no longo prazo – no horizonte dos próximos cinco anos – a taxa de equilíbrio do dólar é de R$ 1,60.
MAIS – No ranking da Economática, depois do real e do peso chileno, a terceira maior valorização no período analisado fica a cargo do peso colombiano, que teve ganho de 48,54% ante a moeda norte-americana. O sol, moeda do Peru, valorizou-se 25,27%. Mesmo com as perdas recentes, o euro surge em seguida, com alta de 24,95% no período em questão.
As outras três moedas pesquisadas perderam terreno na relação com o dólar nesses quase oito anos. A moeda campeã de desvalorização é o bolívar, da Venezuela (-67,37%), seguido do peso mexicano (-16,65%) e do peso argentino, que recuou 15,25%.
Segundo a Economática, em 31 de dezembro de 2002 o dólar Ptax venda no Brasil era cotado a R$ 3,533 e, no dia 21 fechou em R$ 1,6974. A maior valorização anual do real no governo Lula, de 34,22%, deu-se em 2009. Nos oito anos pesquisados, o real só perdeu fôlego em 2008, ano do estouro da crise do subprime, quando desvalorizou-se 24,21%.
Fonte: Agência Estado/SP