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. Michelle, uma primeira-dama de ouro

Autêntica, guerreira, de pavio curto, franca, chique e simples. Muitos são os adjetivos usados para descrever a nova primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, 45 anos. Prova viva do sonho americano, Michelle, muito antes de se tornar primeira-dama, trilhou caminho árduo para construir uma carreira sólida como advogada.
Desde cedo, nadou contra a maré. Nasceu no sul de Chicago, num bairro negro e pobre. Estudou em colégio público e conseguiu entrar em duas conceituadas universidades americanas: Princeton, onde estudou Sociologia, e Harvard, na qual formou-se em Direito. E foi num famoso escritório de advocacia em Chicago que Michelle conheceu Obama e viu sua vida mudar.
O início do romance contou com breve resistência dela, que não queria misturar amor e trabalho. Mas Obama a encantou e a resistência foi vencida. O namoro vingou e virou casamento, que se concretizou em 1992. Michelle esteve ao lado de Obama desde o começo de sua trajetória política. A mãe de Sasha, 7, e Malia, 10, só fez duas exigências quando o marido se candidatou a presidente dos Estados Unidos: que ele visse as filhas uma vez por semana e parasse de fumar. Quando Obama foi eleito, fez questão de deixar claro que a educação das filhas continuaria a ser sua prioridade, se definindo como futura ‘primeira-mamãe’.
Para acompanhar o marido, Michelle, que pediu demissão do cargo de vice-presidente do Hospital Universitário de Chicago, disse em alto e bom som que, como a maioria das mulheres, não tem babá e não sobreviveria sem a ajuda valiosa da mãe. Ontem, deu provas de sua gentileza ao presentear Laura Bush com caneta e diário com capa de couro, para que Laura leve em frente a idéia de escrever suas memórias.

O estilo pé-no-chão de Michelle e a sabedoria tipicamente feminina de conciliar diversos papéis no atribulado cotidiano a aproxima da mulher contemporânea. E, como boa representante do século 21, ganhou também o direito de reclamar do marido: chegou a afirmar em entrevistas que Obama acorda com mau hálito, ronca, esquece a manteiga fora da geladeira e deixa as meias espalhadas por toda a casa. Podia ou não ser a nossa melhor amiga?
Se Barack é esperança de renovação política na Casa Branca, Michelle simboliza a retomada de poder do estilo engajado. Depois de Laura Bush, mulher de George W. Bush, que não deixou impressa nenhuma marca fashion, Michelle surge como a promessa de um novo tempo na moda americana e já foi até comparada à primeira-dama icônica Jackie Kennedy Onassis. Ontem, usou tubinho e casaco dourados de lã suíça e seda francesa e sapatos verdes, combinação que, para nós, tem espírito patriota.
Ao invés de escolher um estilista megaconhecido, homenageou uma designer de origem cubana, Isabel Toledo. Esta foi a segunda vez que Michelle usou uma roupa assinada por Isabel: a primeira foi em junho. Ontem, ela mandou, através de sua roupa, mensagens ao mundo. A primeira delas foi a escolha do dourado. Em meio a uma crise econômica, a cor, que simboliza ouro, riqueza e prosperidade, aponta para dias melhores e mais ensolarados. À noite, no baile de gala, contrariando a tradição nessas ocasiões, vestiu um longo de cor branca, de um designer tailandês, também dessa vez com um simbolismo voltado para a paz.
Ao escolher uma estilista de origem cubana, e outro de origem tailandesa a mulher do primeiro presidente negro dos Estados Unidos endossou sua opção pelas minorias. E avisa que chegou a hora da virada: os historicamente excluídos estão no poder. Que bom.
O Dia online

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