Na contramão do que avaliam alguns assessores palacianos, o segmento ambiental voltou a ser o 'calcanhar de Aquiles' da administração pública estadual e vem causando, sim, desgaste na imagem do governo, após quase quatro anos de calmaria.
Desde que o ex-governador Blairo Maggi (PR) assinou as moratórias da soja, no ano de 2006, e da carne em 2009, o governo vinha mantendo alto nível de relacionamento com o Greenpeace, WWF e outras Organizações Não Governamentais (ONG’s) do setor ambiental. Contudo, com a Operação Jurupari, deflagrada na última sexta-feira (21), a política ambiental foi colocada em xeque novamente, pois fica clara a existência de um esquema de corrupção na Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema).
As investigações da Polícia Federal detectaram irregularidades gravíssimas em planos de manejos, concessão de Licenças Ambientais Únicas (LAU) e extração ilícita de madeira.
A promiscuidade existente na Sema é chocante e sobretudo aviltante , porque o ex-governador Blairo Maggi vinha fazendo de tudo para mudar a imagem de “devastador” e “estuprador” das florestas. Em 2005, Maggi chegou a receber o Troféu Motosserra de Ouro das mãos dos integrantes do programa Pânico, e, desde então, percebeu a necessidade de defender o meio ambiente e realizar políticas mais rigorosas no combate ao desmatamento, o que de fato ocorreu.
Porém, as irregularidades constatadas pela Polícia Federal ocorreram na gestão do republicano, um caso clássico de quebra de confiança por parte dos subalternos nomeados por Blairo, diante da farra de ilegalidades. Além disso, a confirmação de esquemas promíscuos e abjetos deixam claro que pouca coisa mudou no âmbito interno da Sema.
O setor ambiental no Estado há tempos vem sendo alvo de investigações. Em 2005, foi desencadeada a Operação Curupira. Em 2007 a Sema esteve na mira dos parlamentares que realizaram a CPI da Sema e constataram desvios de conduta. Mesmo assim, as irregularidades continuam acontecendo, sem muita fiscalização e com a influência de políticos.
Na Operação Jurupari foi constado o envolvimento de 12 servidores do governo estadual, além do ex-secretário de Meio Ambiente, Luis Henrique Daldegan, ex-secretário adjunto de Mudanças Climáticas, Afrânio Migliari, apontado como líder do esquema, além do atual adjunto da Sema, Alex Marega, e do chefe de gabinete do governador Silval Barbosa (PMDB), Silvio Corrêa. Familiares e assessores do deputado José Riva também estão no centro das investigações como beneficiários do esquema de fraude em licitações.
Fonte: Olhar Direto