Após o contingenciamento de 3.5% no orçamento total da educação e os protestos contra a medida do Governo Federal, o deputado federal e vice-líder de Jair Bolsonaro (PSL) na Câmara dos Deputados, José Medeiros (Pode), trouxe à tona um assunto que, segundo suas indicações, pode detonar um novo escândalo da era petista no comando do país. Trata-se do enriquecimento acelerado do grupo privado Kroton Educacional, maior receptor de inscritos no Fies – Fundo Financiamento Estudantil.
Em meio ao caloroso debate na Câmara Federal, na semana passada, com a presença do atual ministro da Educação, Abraham Weintraub, o parlamentar de Mato Grosso fez um discurso que acabou repercutindo nas redes sociais pelo Brasil, até mesmo nas páginas de outros parlamentares, como da também deputada Joice Hasselmann (PSL-SP). Segundo indicou Medeiros, a exemplo do que foi feito com o Banco Nacional do Desenvolvimento – BNDES, que financiou a empresa JBS e a tornou a maior do mundo no segmento de proteína animal, os governos petistas podem ter criado o Fies de maneira a entregar os recursos de maneira direcionada ao grupo Kroton, que triplicou de tamanho e passou a ter lucro líquido anual acima dos R$ 2 bilhões.
“Assim como foi feito com a JBS, começamos a ver um crescimento sem freios da Kroton, que vinha acompanhado de elogios de grande expertise do próprio setor em relação à movimentação administrativa da empresa em antecipar as ações. O próprio Jornal Folha de São Paulo atribuiu o adjetivo “brilhante” ao se referir o quanto o grupo educacional se beneficiou com a chegada do Fies e a Educação à distância, dando indicações que denotam que a empresa já estava preparada para este novo momento. Alunos do Fies chegaram a representar 60% da arrecadação da Kroton, enquanto outros grupos não chegaram nem perto disso. Diga-se de passagem, o aluno do Fies paga tabela cheia, ou seja, a empresa sequer perde valores no desconto que dá a quem financia pessoalmente os cursos”, comentou.
A fala de Medeiros sobre Fies, Kroton e necessidade de aprofundamento quanto a valores e termos envolvidos ganha ainda mais força com o relatório elaborado pelo Tribunal de Contas da União – TCU, que detectou um rombo no Fies de R$ 20 bilhões, no período compreendido de 2009 até 2015, ou seja, dentro dos governos de Luis Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT). Medeiros, aliás, chamou atenção em seu discurso quanto a relação pessoal que acabou sendo criada entre Lula e o proprietário do grupo Kroton.
“A oposição atual não tem nenhuma moral para apontar rumos para políticas educacionais, até porque as feitas durante os governos que apoiavam geram até hoje sérias suspeitas de serem mais uma das tantas manchas que marcaram a história do país nos últimos anos. Walfrido Silvino dos Mares Guia Neto, proprietário da Kroton, que engoliu o mercado e se o PT não sai provavelmente teria monopolizado totalmente o setor de educação privada no Brasil, é o homem que emprestou jatinho para Lula viajar para vários lugares nos últimos anos, antes dele ser preso. O que estou fazendo é levantar uma questão, apontar um fio desencapado que pode nos levar a mais um grande rombo, dos tantos feitos recentemente”, concluiu Medeiros.