Os fortes investimentos do Governo de Mato Grosso na infraestrutura, em todas as regiões do estado, foi destaque na edição desta quarta-feira (29.1) do jornal Estado de S.Paulo.
Em entrevista ao jornal, o governador Mauro Mendes falou das perspectivas da produção para este ano e também sobre a moratória da soja.
Leia a íntegra da reportagem:
O Mato Grosso tem se consolidado como uma potência no setor agropecuário, reconhecido por sua vasta área cultivável, tecnologia de ponta e liderança na produção de commodities agrícolas. O Estado responde por quase um terço da produção nacional de soja, com a safra 2024/2025 estimada em 46,1 milhões de toneladas — um aumento de 17,3% em relação ao ciclo anterior.
Apesar dos avanços, o excesso de chuvas em algumas regiões tem desafiado a colheita. Em entrevista ao Agro Estadão, o governador Mauro Mendes (União Brasil/MT) revelou suas expectativas para o ano e as estratégias traçadas para superar entraves logísticos e de infraestrutura, além de reforçar o papel da sustentabilidade no setor.
Agro Estadão – Como o Governo de Mato Grosso está acompanhando o andamento da safra?
Mauro Mendes – A safra 2024/2025 começou com uma expectativa extremamente positiva, mas o excesso de chuvas em janeiro tem dificultado a colheita da soja e pode atrasar o plantio do milho. Nos últimos dias, houve uma pequena melhora, mas luzes amarelas permanecem acesas devido às chuvas persistentes.
Agro Estadão – Quais ações o governo de Mato Grosso tem adotado para solucionar os gargalos logísticos no escoamento da safra?
Mauro Mendes – Em 2025, alcançamos a marca de 6 mil quilômetros de rodovias asfaltadas. Na BR-163, rodovia federal sob concessão privada que esteve paralisada por anos, adquirimos a concessão e investimos R$ 1,7 milhão. Já iniciamos as obras e duplicamos 100 km, com a meta de concluir 100% até 2027, antecipando o prazo em três anos. Este ano, todos os trechos entre Cuiabá e Sinop estarão finalizados ou em andamento. Além disso, estamos trabalhando com a iniciativa privada na Ferronorte, para levar os trilhos de Rondonópolis até o médio norte do Estado.
Agro Estadão – Quais são os planos de investimento em infraestrutura e logística que o governo pretende implementar?
Mauro Mendes – Estamos conduzindo um amplo programa de substituição de pontes de madeira por concreto e assumimos rodovias federais, como a BR-174, que está sendo asfaltada. Outro foco importante é levar conectividade 4G para os 12 milhões de hectares de área produtiva do Estado. Para isso, estamos finalizando a estruturação de um programa de apoio e subsídio em parceria com a iniciativa privada e operadoras, com previsão de início no final do primeiro semestre deste ano.
Agro Estadão – Como o senhor avalia a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, de suspender e julgar a constitucionalidade da Lei Estadual nº 12.709/2024, que trata da Moratória da Soja, um acordo entre exportadoras para não comprar grãos de áreas desmatadas após 2008?
Agro Estadão – O Pacto de Conformidade da Soja, apontado como alternativa à Moratória da Soja e que terá o projeto piloto em Feliz Natal (MT), é uma solução para manter a competitividade da soja no aspecto de sustentabilidade?
Mauro Mendes – A maioria dos produtores do nosso agronegócio trabalha dentro da legalidade, sem desmatamento ou práticas ilícitas. Infelizmente, menos de 2% cometem irregularidades, o que acaba ganhando mais destaque. A iniciativa em Feliz Natal, com visitas às propriedades para identificar os motivos dos embargos, é positiva, mas temos que ter clareza que a maioria dos nossos produtores age corretamente.
Agro Estadão – Sobre segurança no campo, há discussões para ampliar ou aprimorar o programa Tolerância Zero contra invasões?
Mauro Mendes – O programa está muito bem estruturado e coordenado, não à toa o placar é absolutamente importante de 50 tentativas de invasões e 0 que obtiveram eficácia. Esse programa continua, está fortalecido e nós vamos garantir segurança jurídica e tranquilidade para quem trabalha e produz.
Agro Estadão – Como o senhor avalia o processo de demarcação de terras indígenas em Mato Grosso e o impacto no agro?
Mauro Mendes – Os indígenas de Mato Grosso têm todo o nosso respeito, ocupando 14% do território do estado. Boa parte,porém, vive sem o apoio adequado do Governo Federal ou da FUNAI. O problema não é a falta de terra, mas a ausência de políticas claras que respeitem suas escolhas. Um exemplo positivo é o dos povos Kalite e Parecis, que cultivam 21 mil hectares de soja e milho em apenas 2% de suas terras, que totalizam mais de 1,2 milhão de hectares. Lá, eles produzem, têm qualidade de vida e não dependem de esmolas ou da ajuda de governos. Esse é o modelo de política que precisamos desenvolver.
Fonte: Secom_MT