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sábado, novembro 23, 2024

Mato Grosso faz 266 anos, parabéns para quem?

"O parabéns é para você que acorda todo dia e paga seus impostos, o parabéns é para o varredor de rua, para o comerciante e para a dona de casa que mantém sua família nos trilhos com mão de ferro"

Mato Grosso é um dos estados onde existe a realidade mais parecida com que o que é a formação miscigenada da nação brasileira como um todo. Nosso estado tem afrodescendentes, pessoas de origem europeia, vindos do sul do Brasil, japoneses, árabes, de países vizinhos da América do Sul e de qualquer etnia imaginável neste mundo. Mas se somos um exemplo fidedigno do que é o Brasil, também seguimos a risca uma contradição tão grande quanto a nação também vive. A de ser Líder mundial em produção, ter riquezas absurdas na agricultura e pecuária e em todo seu território, mas logo ao lado ser dono de grande a miséria e cenário de uma roubalheira desmedida de nossas autoridades, que fazem de obras meios de superfaturar e que usam de mandatos para ascensão pessoal.
Quem ama o Mato Grosso, por mais que saiba que tudo isto que está errado não é sua culpa sente-se envergonhado ao saber que as piores e mais perigosas estradas do Brasil são as nossas. Também não é algo que faça parte de nossa vontade popular ter a sede que mais terá obras inacabadas durante a copa. Saber que em cadeia nacional haverão matérias e matérias denegrindo nosso território, por mais que saibamos que todo o Brasil saberá que é culpa de quem comanda não é nada bom para nossa autoestima. E mais doído ainda é ver um futuro ainda mais tenebroso no pós-copa, ou alguém tem esperança que o VLT vai sair logo?
No último dia 9 de maio o estado de Mato Grosso fez 266 anos de história, escrita por índios, desbravadores, religiosos e colonos que deram suas vidas em prol do progresso, ou mesmo de famílias pacatas de pequenos produtores rurais que criaram seus filhos, cultivaram nossa terra e começaram a criar no centro do Brasil o grande celeiro que é hoje. Mas estes já se foram e para quem devemos dar parabéns? O parabéns é para você que acorda todo dia e paga seus impostos, o parabéns é para o varredor de rua, para o comerciante e para a dona de casa que mantém sua família nos trilhos com mão de ferro.
Somos o contrapeso da balança e por mais que do lado mais elitizado exista gente enchendo os bolsos e comprando seus próprios jatinhos, o povo não se cansa de trabalhar e ainda sugado evolui dia-a-dia. Rondonópolis é talvez uma das cidades mais prósperas de toda a América Latina e um local tão indicado para se investir que distritos industriais ainda nem surgiram direito e já tem gente dando oferta. Esta cidade, a mais rica da região sul, recebe gente de todo o lado e os acolhe com braços férteis, cheios de frutos e chances. Conhece alguém que tenha ido embora porque não encontrou emprego na terra de Rondon? É bem provável que não.
Brasileiro reconhecidamente é um povo que não venera como deveria seus ídolos e ainda falta uma veia mais saltada de patriotismo. Mas isto quer dizer o que exatamente? Em uma população de 200 mil habitantes, grande parcela de Rondonópolis, por exemplo, não nasceu aqui. Seria este o motivo para não amar e brigar por esta terra como deveríamos? Quem veio de fora, veio aqui só para ‘fazer o pé de meia’ e ir embora? É certo dizer que não. O povo ordeiro de Rondonópolis e hospitaleiro de todo o Mato Grosso apaixona quem pisa o pé nestas terras e não dá para não se criar uma estima mesmo não tendo dado o primeiro choro da vida por aqui.
A maioria dos políticos inclusive que hoje tem cargos eletivos na Assembleia Legislativa do Estado ou mesmo na bancada federal Mato-grossense e no senado não nasceram em Mato Grosso, por incrível que pareça. Blairo Maggi não nasceu aqui, Carlos Bezerra veio de fora, Ondonir Bortolini, o Nininho, veio do sul e tantos outros que fazem hoje nascer nossas leis e definem nossas vidas têm parte de suas famílias ainda morando em outros estados. Mas seria este motivo suficiente para imaginarmos que para todos eles vir a Mato Grosso foi só um bom negócio? Talvez fosse grosseria de algum ‘nativo’ dizer isso, até porque quem pensa assim seria também ignorante o bastante para pensar que um filho adotivo não poderia amar seus pais não biológicos.
Quando o filho de um mato-grossense ia estudar fora até algum tempo atrás ele se deparava com várias piadinhas do tipo: tem onça na tua casa? E agora? Quem é o tolo de menosprezar a importância econômica de um estado que é responsável pelo superávit da balança comercial? Nossas cidades precisam sim de muita coisa, mas o progresso está bem próximo e agora também está vindo de trem. A classe média mato-grossense está surgindo com muita força, coisa que não era tão normal no passado, onde só haviam os grandes fazendeiros e seus ‘empregados’, diretos ou indiretos. Qualquer estudo que uma multinacional faça cumprimos os requisitos e estamos no topo como melhor destino para se instalar. Se socialmente, etnicamente e até em problemas somos o retrato bem feito do Brasil, em potencial que nos desculpe, mas somos China.

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