ISTOÉ
Surge o fator Aécio
Dizem que mineiro é desconfiado por natureza. E isso se reflete também na forma como o eleitor de Minas Gerais decide seu voto. Em 2008, Leonardo Quintão (PMDB) tinha 22 pontos de vantagem sobre Marcio Lacerda (PSB) no início da disputa para a Prefeitura de Belo Horizonte, mas em poucos meses a situação se inverteu e Lacerda acabou levando a melhor num segundo turno inesperado. Tudo indica que esse fenômeno pode se repetir na atual corrida pelo Palácio da Liberdade. A última pesquisa do Ibope mostra um crescimento de seis pontos percentuais do governador Antonio Anastasia (PSDB), que agora ostenta 27% das intenções de voto – apenas 11 pontos percentuais atrás do ex-ministro Hélio Costa (PMDB), que caiu um ponto, ficando com 38%. A distância era de 18 pontos há menos de um mês, e deve se reduzir ainda mais à medida que os eleitores começarem a associar a imagem de Anastasia à do ex-governador Aécio Neves, cuja popularidade foi determinante para a vitória de Lacerda dois anos atrás.
O avanço repentino de Anastasia pode ser comparado à arrancada da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, nos últimos meses. A partir do momento que ficou claro para a população que Dilma representava a continuidade do governo Lula, os eleitores indecisos bandearam-se para seu lado. Da mesma forma, em Minas, só agora o atual governador começa a ter sua imagem ligada à ideia de que será por meio dele que a bem avaliada gestão de Aécio Neves terá continuidade. “Fiquei calado este tempo todo vendo analistas de todo lado dando a derrota de Anastasia como certa. Mas em Minas você tem que ter um pouco mais de cautela”, disse Aécio Neves à ISTOÉ. Segundo ele, tornar Anastasia mais conhecido e aproximá-lo do êxito do governo dará mais musculatura à campanha. “Temos uma gestão muito bem avaliada. A população já tinha Anastasia como um homem sério e administrador competente. Faltava associá-lo ao sucesso da gestão. E isso está vindo com muita naturalidade”, afirma o ex-governador, agora favorito na eleição para o Senado.
Dilma invade a fortaleza tucana
Se ainda restava alguma cidadela tucana na disputa presidencial, era o eleitorado de São Paulo. Administrado nos últimos 16 anos pelo PSDB, o Estado que hoje abriga o maior colégio eleitoral do País, com cerca de 30 milhões de eleitores, anunciava-se como a principal fonte de votos da campanha de José Serra à Presidência. E os tucanos acreditavam que uma expressiva votação em São Paulo seria capaz de compensar a força da candidata do PT, Dilma Rousseff, no Nordeste, região onde o presidente Lula alcança seu maior índice de popularidade. Na projeção inicial do PSDB, São Paulo serviria também como um catalisador de votos dos demais Estados da região Sudeste e Sul. Mas, a julgar pelas pesquisas de opinião, o último bastião tucano foi implodido nessas eleições. De acordo com pesquisa da Datafolha divulgada na quinta-feira 26, Dilma não só ultrapassou Serra no Estado (41% a 36%) como lidera também na capital paulista, administrada pelo prefeito Gilberto Kassab, do DEM (41% a 35%). “Isso é reflexo do nível de satisfação da população. Sete em cada dez brasileiros acham que o País está no rumo certo. Parte expressiva deste contingente eleitoral tende a votar na candidata do PT”, disse o cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília.
A candidata do PT manteve a curva ascendente e abriu 20 pontos de vantagem sobre Serra em todo o País: 49% a 29%. Há duas semanas, já se cristalizava a formação de uma onda Dilma varrendo os principais Estados, a partir do bom desempenho da ex-ministra nos programas no horário eleitoral gratuito e da entrada de Lula na campanha. A onda, porém, transformou-se rapidamente num tsunami e a vitória de Dilma no primeiro turno parece cada vez mais provável. “É o que podemos chamar de efeito Lula”, ressaltou Fleischer. Se o pleito fosse hoje, Dilma teria 55% dos votos válidos e liquidaria a eleição. Na última semana, além de superar o tucano em São Paulo, Dilma assumiu a liderança no Rio Grande do Sul, no Paraná e entre os eleitores com maior faixa de renda, antes considerados filões de José Serra. No Rio Grande do Sul, governado hoje pela tucana Yeda Crusius, a petista passou de 35% para 43%, contra 39% de Serra, que caiu três pontos percentuais. No Paraná, histórico reduto tucano, cuja capital, Curitiba, é administrada por Beto Richa, do PSDB, Dilma pulou de 34% para 43%, enquanto o tucano despencou de 41% para 34%. Dilma, agora, detém o primeiro lugar em todas as regiões do País.
Bateu desespero
Diante da possibilidade real de Dil¬ma Rousseff, a candidata do PT à Presidência, resolver a eleição no primeiro turno, os integrantes da equipe de José Serra passaram os últimos dias tentando juntar os cacos de uma campanha que, até agora, se mostrou desastrosa. Mas as reuniões, ao longo da semana, em vez de pacificarem o já conturbado ninho tucano, contribuíram para tensionar o ambiente ainda mais. Segundo apurou ISTOÉ, os encontros foram regados a críticas internas, discussões acaloradas e até ameaças de importantes caciques do PSDB de abandonar José Serra à própria sorte, caso suas exigências não fossem cumpridas. “Precisamos abrir mais a campanha. Do jeito que está não dá mais”, desabafou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em conversa com um importante dirigente do PSDB. Emparedado pelos aliados, que cobraram uma participação mais efetiva na campanha e mudanças no programa de tevê no horário eleitoral gratuito, Serra teve de ceder. Mas cobrou a liberação de recursos e o aumento da produção de material de campanha para ser remetido aos Estados. “Os protestos incomodaram muito o Serra, mas a situação é tão crítica que ele não teve outra alternativa senão acatar as reivindicações”, disse um dirigente tucano.
Os novos passos foram definidos em conversas, que, dessa vez, contaram com a presença do ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves e de FHC. O político mineiro teve um encontro com Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB, num café nos Jardins, zona sul de São Paulo. Já Fernando Henrique preferiu as articulações pelo telefone. “Apareço da maneira como acho que um ex-presidente deve aparecer, dando ideias, discutindo, mas não sou militante”, esclareceu. Os dois não eram consultados desde o processo de escolha de Índio da Costa (DEM) como vice na chapa tucana. O problema é que, antes mesmo de Aécio e FHC entrarem em campo, os tucanos mais afoitos já haviam colocado em curso, no início da semana, estratégias dignas de uma campanha totalmente sem rumo, acertadas durante encontro, na noite do domingo 22, no Hotel Hyatt, em São Paulo. Ficou decidido, por exemplo, que o PSDB iria aumentar o tom dos ataques ao PT, mas sem bater em Lula. Em campanha pelo interior, porém, um candidato a deputado federal pelo PSDB chegou a chamar Lula de embusteiro. Pelo DEM, coube ao vice Índio ser, mais uma vez, o porta-voz dos bombardeios. “Ela (Dilma) diz que lutou contra a ditadura. O que ela está oferecendo para o Brasil é uma nova ditadura”, atirou Índio. No programa eleitoral, o PSDB associou Dilma ao ex-ministro José Dirceu. E fez troça da estreita ligação da candidata do PT com o presidente Lula. “Do jeito que ela anda pendurada em Lula, se ele se afastar, ela cai”, disse o locutor do programa.
Lula volta a panfletar no ABC paulista
Trinta e dois anos separam as duas imagens. Na primeira delas, um líder sindicalista de cenho cerrado, cabelos e bigodes negros distribuía um monte de panfletos na entrada da fábrica da Mercedes-Benz, em São Bernardo do Campo, acompanhado por um jovem intelectual pouco familiarizado com aquele ambiente fabril. Lula, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, apresentava aos trabalhadores do ABC o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, magro, cabelos escuros, camisa esportiva, carregando nas mãos uns poucos exemplares do jornalzinho de propaganda.
Corria o ano de 1978 e Fernando Henrique se lançava candidato ao Senado pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Chico Buarque de Holanda tinha criado um jingle para ele: “A gente não quer mais cacique/ a gente não quer mais feitor/ a gente agora está no pique/ Fernando Henrique senador.” Lula não suportava políticos. Em maio daquele ano ele havia surpreendido o governo militar ao liderar uma greve de metalúrgicos em São Bernardo, desafiando os generais da ditadura. Pressionado por intelectuais que apoiavam o movimento sindical, porém, Lula acabou aceitando entrar na campanha do MDB. Levou Fernando Henrique às portas de fábrica e rodou com ele pelo interior de São Paulo. O “príncipe dos sociólogos” conseguiu se eleger primeiro suplente do senador Franco Montoro e, quatro anos depois, assumiu a vaga, dando início à carreira política que o levou à Presidência.
A foto mais recente é da madrugada da segunda-feira 23. O presidente Lula estava de volta à entrada da Mercedes. Desta vez, apresentava aos metalúrgicos a candidata que escolheu – sem a pressão de intelectuais – para sucedê-lo. “Trouxe ela [Dilma Rousseff] aqui para pegar um pouco de energia na porta de fábrica, que foi onde tudo começou”, disse aos metalúrgicos. Passava pouco das 5h30 quando Lula chegou com cara feliz, acompanhado da primeira-dama, Marisa Letícia. Só voltou a ficar parecido com aquele metalúrgico carrancudo dos anos de chumbo quando constatou a desorganização do evento.
Passou um pito geral e decidiu ele mesmo coordenar a apresentação de Dilma. Do alto do caminhão de som, explicou: “Eu queria aquela coisa normal, que a companheira Dilma pudesse ir lá no corredor onde vocês (funcionários) entram, para cumprimentar cada companheiro.” A ideia não era fazer comício, segundo ele. “Afinal de contas, não é sempre que um trabalhador pode pegar na mão de uma mulher presidente da República.” E, virando-se para Dilma, avisou: “Depois vou ajudar esse pessoal a telefonar e falar: ‘presidenta, sabe aquilo que a senhora falou na porta da fábrica às seis da manhã? Nós não esquecemos’”.
Horário eleitoral ambulante
A geringonça chama a atenção: jovens cabos eleitorais carregam uma espécie de mochila nas costas e, de dentro dela, sai a estrutura de metal que dá suporte a um monitor de tevê LCD de 16 polegadas. Esse aparelho, sobre a cabeça do sujeito, fica ligado o tempo todo em apenas um programa, o do candidato a deputado federal Julio Lopes (PP-RJ), o pai da ideia. Ele não é o único a inovar na campanha eleitoral deste ano.
Também concorrendo a uma vaga na Câmara Federal, Benedita da Silva (PT-RJ) usa telas de LED de três metros quadrados, acopladas em Kombis nem tão novas, com o mesmo objetivo: vender seu peixe ao eleitorado através de um sistema de som que alcança até três mil pessoas. E, sem imagem, mas igualmente excêntrica, a lixeira-falante do candidato a deputado estadual Domingos Brazão (PMDB-RJ) desfila apenas com som. Ele criou cestas de lixo, semelhantes às da companhia de limpeza urbana da cidade, adaptadas com rádios e alto-falantes e conduzidas por cabos eleitorais. O objetivo dos políticos é estender o escasso tempo na tevê e no rádio destinado aos postulantes a cargos proporcionais que, às vezes, não conseguem nem 25 segundos.
Julio Lopes pediu a um amigo, que trabalha com alumínio, para desenvolver a estrutura do homem-tevê. “Não causa desconforto”, garante Antônio Carlos dos Santos Silva, 30 anos, que ganha R$ 510 por mês para carregar os 15 quilos nas costas. “Revezo com um colega, cada um fica meia hora com o equipamento”, explica Silva. “Aquilo é um cortador de grama com bateria na mochila. Só que com uma televisão em cima”, explica Lopes. Ele pagou R$ 600 por monitor, ganhou a estrutura de presente do amigo e contratou 11 cabos eleitorais, ao custo de um salário mínimo cada um.
Mais modesto, o deputado estadual Domingos Brazão, candidato à reeleição, apelou para a lixeira de som. “Além de levar nossa mensagem, ainda recolhemos os papéis jogados no chão que encontramos pela frente”, disse Brazão, que tem 20 segundos nas inserções de rádio e tevê. Segundo ele, as 13 lixeiras de som custaram R$ 700 cada uma e seus cabos eleitorais ganham R$ 300 por quinzena, pela jornada de 40 horas semanais. O professor de marketing digital Klaus Denecke-Rabello, da Escola Superior de Propaganda e Marketing, diz que as invenções são geniais, mas questiona sua eficiência. “A verdade é que o público não quer mais somente ver o candidato falar, ele quer dialogar”, explica o professor.
É científico: "boa-pinta" ganha voto
Quando o ex-presidente Fernando Collor de Melo disparou nas pesquisas eleitorais em 1989, um entre tantos argumentos usados pelos partidários do então deputado federal Luiz Inácio Lula da Silva para justificar a liderança do jovem governador alagoano encontrava explicações na estética. Para eles, a pinta de playboy de Collor roubava votos de um nada atraente Lula, apelidado havia pouco de Sapo Barbudo pelo ex-governador e também presidenciável Leonel Brizola. O que parecia ser desculpa de derrotados, no entanto, trata-se de uma verdade inquestionável, de acordo com o Massachusetts Institute of Technology, o MIT, uma das instituições de pesquisa mais respeitadas do mundo. Um estudo realizado pela universidade americana mostra que, em política, a beleza é muito mais do que um mero atrativo estético. É, na verdade, um ativo valiosíssimo em uma eleição majoritária.
Para provar isso, o MIT decidiu financiar uma pesquisa específica sobre o assunto, batizada de Looking like a Winner: Candidate Appearance and Electoral Success in New Democracies” (algo como: Parecendo-se com um vencedor: aparência do candidato e sucesso eleitoral nas novas democracias). Os cientistas do instituto selecionaram dois grupos para estudar tão díspares quanto a distância que os separa: americanos e indianos. Para cada um deles foram apresentadas as fotos oficiais de candidatos a governador e deputados federais do Brasil e do México. A cada voluntário, uma espécie de cédula com as fotos de apenas dois candidatos era apresentada e uma pergunta era feita: qual dos dois seria um melhor governante, caso fosse eleito? Em cerca de 75% das vezes os entrevistados indianos e americanos escolheram o mesmo candidato, sinalizando que, apesar da latente diferença cultural entre eles, existe um consenso sobre qual é a aparência de um bom homem de Estado.
Surpreendentemente, o candidato escolhido como o melhor pela maioria dos entrevistados foi, em cerca de 70% das vezes, o eleito na corrida eleitoral de seu país. Gabriel Lenz, professor do MIT e coautor do estudo declarou ter ficado “chocado” com o resultado da experiência. “Essas são culturas muito diferentes, com tradições políticas e histórias diferentes”, disse. A pesquisa levou em consideração variáveis como: idade, cor da pele, sexo e até uso de barba ou bigode. Ao que tudo indica, eleitores de toda parte tendem a optar por pessoas de pele mais clara, em idade intermediária e sem pelos no rosto. Além disso, os candidatos que estavam sorrindo nas fotos causaram maior simpatia entre os potenciais eleitores.
ÉPOCA
O alvo era a turma de Serra
A delegacia da Receita Federal em Mauá, município da região metropolitana de São Paulo, se tornou um dos epicentros da disputa eleitoral pela Presidência da República. Na semana passada, o vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, obteve na Justiça acesso a um processo administrativo disciplinar conduzido pela Corregedoria da Receita Federal. A investigação tenta descobrir quem e por que violou dados do Imposto de Renda de Eduardo Jorge. As informações contidas em quase 500 páginas mostram que, a partir dos computadores no piso superior da agência, onde ficam 12 mesas, uma copa e um banheiro, foram feitos acessos irregulares aos dados não só de Eduardo Jorge, mas do ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros, do ex-diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira e do empresário Gregorio Marin Preciado. Os três últimos também são ou foram ligados ao candidato do PSDB à Presidência, o ex-governador José Serra.
A violação dos dados fiscais sigilosos de Eduardo Jorge ganhou conotação eleitoral em junho, quando o jornal Folha de S.Paulo publicou que eles faziam parte de um dossiê em poder de integrantes de um “grupo de inteligência” que estaria sendo montado pela pré-campanha de Dilma Rousseff (PT) à Presidência com o objetivo de reunir informações contra adversários e fazer contraespionagem. Em seu depoimento à Comissão de Sindicância, Eduardo Jorge afirmou ter recebido cópias parciais de suas declarações de renda de 2005, 2006, 2007, 2008 e 2009 das mãos de um repórter do jornal.
Concentrada por enquanto apenas em Eduardo Jorge, a investigação da Receita ainda não permite apontar quem estava interessado na obtenção dos dados que deveriam ser sigilosos. Mas a revelação de que em um mesmo dia (8 de outubro de 2009), numa sequência de 16 minutos, os dados fiscais de quatro pessoas que têm ou tiveram ligação com Serra foram acessados irregularmente reforça a suspeita de que estava em curso uma operação político-eleitoral que tinha como alvo o atual candidato do PSDB à Presidência.
A conta vai sobrar para todos nós
Em seus programas de TV e nos palanques, os dois principais candidatos à Presidência da República – Dilma Rousseff, do PT, e José Serra, do PSDB – prometem fazer um governo de continuidade. É natural que digam isso, por temor de contrariar os cerca de 80% de eleitores que aprovam o presidente Lula. Mas não é totalmente verdade. Políticos e economistas das mais variadas correntes avaliam que o próximo presidente será obrigado a fazer um ajuste fiscal para equilibrar as contas do governo. E logo, porque o melhor momento para medidas duras é no início do mandato. Sem esse ajuste, dificilmente o Brasil conseguirá manter um crescimento econômico acima de 5% ao ano. Primeiro, porque vão faltar recursos para o governo realizar investimentos. Em segundo lugar, porque, se a expansão dos gastos se mantiver, o Banco Central terá de manter as taxas de juro na estratosfera para conter a inflação.
Na semana passada, o governo federal anunciou o pior resultado fiscal em um mês de julho nos últimos dez anos. Desde a posse de Lula, em 2003, a arrecadação aumentou 131%, mas os gastos cresceram 146,6% (sem descontar a inflação). Segundo os números oficiais, os gastos do governo central deverão fechar 2010 em 18,6% do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas produzidas no país. Em 2002, eram 15,7%. O aumento de investimentos federais foi bem menor: passou de 0,8% para cerca de 1% do PIB.
Os candidatos à Presidência no divã
A candidata Dilma Rousseff (PT), líder nas pesquisas para presidente, é apresentada em sua propaganda como “mãe do Brasil”. A expressão já foi usada diversas vezes pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Há poucos dias, foi citada pela primeira vez pela própria Dilma: “Quero fazer com cuidado de mãe o que ainda precisa ser feito”, disse. José Serra (PSDB), o segundo colocado nas pesquisas e principal opositor do governo, usa a imagem de Lula em sua propaganda. Diz como eles trabalharam juntos e segue com um jingle que começa assim: “Quando Lula da Silva sair, é o Zé que eu quero lá”.
Os eleitores, evidentemente, sabem que um país não tem mãe. A maioria sabe também que Serra está longe de ser um aliado de Lula. Ao recorrer a esse tipo de marketing eleitoral, os candidatos, porém, não estão mirando apenas a razão dos eleitores. Eles estão em plena disputa de um jogo travado silenciosamente, a cada eleição, pelos comitês de campanha: o da conquista das emoções dos eleitores, na qual o foco são os elementos subjetivos. No processo eleitoral, como em quase todas as decisões na vida, as emoções interagem com a razão e são elas que frequentemente guiam o eleitor na definição do voto.
Que tipo de emoção as campanhas dos candidatos à Presidência querem despertar nos eleitores? Para responder a essa questão, ÉPOCA ouviu especialistas raramente consultados para análises eleitorais: os psicólogos políticos. São profissionais que estudam como a imagem pública dos candidatos é construída junto aos eleitores, mobilizando sentimentos nas entrelinhas. A psicologia política é um ramo de estudos bastante desenvolvido nos Estados Unidos, mas que só agora começa a despertar mais atenção no Brasil. Para esses especialistas, o atual clima de bem-estar reinante no país cria um ambiente favorável a que os candidatos tentem se comparar a figuras familiares para capturar emocionalmente os eleitores. “Estamos vivendo o embalo de um sonho”, afirma o psicólogo Jacob Pinheiro Goldberg, que trabalha há 20 anos com o tema do imaginário popular na política. “A disputa se dá entre grupos adversários, mas há um acordo tácito de que tudo vai bem, como nas boas famílias.”
Entrevista – Luiz Carlos Mendonça de Barros: "Violação de sigilo equivale à tortura"
O engenheiro Luiz Carlos Mendonça de Barros, UM dos alvos da quebra ilegal de sigilo perpetrada nas dependências da delegacia da Receita Federal em Mauá, São Paulo, diz que tem a obrigação política, como cidadão, de levar a questão aos tribunais. “Se eu me calar, será uma vitória para eles”, diz Mendonça de Barros, em alusão às pessoas que tinham interesse em seus dados fiscais. Apesar de partilhar a suspeita de que a violação tenha motivação político-eleitoral, o ex-ministro, que ocupou a pasta das Comunicações no governo de Fernando Henrique Cardoso, isenta o núcleo do governo Lula e da campanha da ex-ministra Dilma Rousseff de responsabilidade no episódio.
ÉPOCA – O que o senhor pretende fazer depois dessa denúncia de violação de seu sigilo fiscal?
Luiz Carlos Mendonça de Barros – Não sei ainda responder com precisão o que eu vou fazer, mas o que eu não vou fazer é ficar quieto. Meu ponto de vista é muito claro: essa violação do sigilo fiscal guarda a mesma proporção de uma tortura física contra o cidadão pela polícia ou pelo Exército porque se trata de direitos constitucionais do cidadão: o direito à defesa pessoal física e ao seu sigilo sobre as informações que você concorda em partilhar com o governo pela Receita Federal. O Estado é constitucionalmente obrigado a manter o sigilo por meio de um funcionário seu. O crime está caracterizado. Eu não vou ficar passivo porque também isso aparentemente é um padrão de comportamento de um grupo dentro do governo. É uma responsabilidade política minha entrar na Justiça e fazer disso uma questão legal, porque é assim que a gente deve agir em sociedade. Se eu me calar, evidentemente é uma vitória para eles.
Havia uma operação político-eleitoral em curso?
É difícil saber a motivação. Há alguns sinais externos. Há aquele jornalista que parece ter sido contratado para fazer os dossiês. Há as características comuns dos quatro nomes ligados ao candidato José Serra. Além disso, a gente sabe que esse pessoal é dado a usar esse tipo de arma no embate político. Mas não sou eu quem vai fazer esse julgamento. Vou simplesmente exigir meus direitos como cidadão.
A Receita abriu uma sindicância e identificou suspeitos da quebra de sigilo. A atuação interna da Receita basta para deter essas ações ilegais?
Estive no governo duas vezes em dois momentos distintos. Aprendi na prática a respeitar muito a Receita Federal como instituição. Aliás, sempre digo que o Estado brasileiro conta com instituições bastante corretas e independentes em relação às forças políticas. O Banco Central, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) são instituições que estão acima do grupo político que está no controle do Estado. Não tenho dúvida de que o grosso dos funcionários da Receita está revoltado com esses episódios, porque eles só denigrem a imagem da Receita. Aparentemente, dois ou três desses funcionários colocaram o interesse político acima do interesse da instituição. Não tenho dúvida de que esse pessoal vai ser punido. O problema vai ser saber exatamente quem de fora da Receita comandou esse processo. Aí, é mais difícil.
Não deu no "New York Times"
Correspondente do The New York Times no Rio de Janeiro até agosto de 2007, Larry Rohter continua profundamente ligado ao Brasil. Casado desde 1973 com a brasileira Clotilde, ficou por aqui até março de 2008 para escrever seu primeiro livro sobre o país, Deu no New York Times (editora Objetiva). Hoje, aos 60 anos, vive em Hoboken, no subúrbio de Nova York, mas vem regularmente ao Brasil. De olho no interesse mundial pelo país, acaba de lançar um novo livro, Brazil on the rise (numa tradução livre, Brasil em ascensão), pela editora americana Palgrave Macmillan. A primeira obra era dirigida ao público brasileiro; esta é uma espécie de introdução para o público estrangeiro. “O interesse pelo Brasil já era grande em 2008, quando a editora decidiu fazer o livro, e desde então só aumentou”, disse Rohter a ÉPOCA. “Já sabemos até que haverá uma edição do livro em chinês.”
Apesar de alguns erros factuais – Rohter diz, por exemplo, que a ditadura militar “criou vários Estados novos” para diluir a importância de São Paulo e Minas Gerais no parlamento, uma inverdade –, o livro também é interessante para o leitor brasileiro se reconhecer (ou não) no espelho que o autor apresenta. Rohter – que cita apenas de passagem o episódio em que Lula quis expulsá-lo do país, em 2004 – vai muito além da política. Fala do que acha bom (a hospitalidade, o espírito empreendedor) e ruim (o jeitinho, o preconceito racial velado) na sociedade brasileira. Rohter diz que, depois desse livro, não deve voltar tão cedo a escrever sobre a política – mas planeja lançar biografias de figuras da história do país. Também tem um romance não acabado, ambientado no Rio de Janeiro.
Entrevista Larry Rohter: "Este é o 16º ano do governo FHC"
ÉPOCA – Os estrangeiros estão olhando para as eleições no Brasil?
Larry Rohter – Ainda não. O que interessa para eles é o resultado: quem vai ser o novo presidente, o que significa para os investimentos, se as mudanças vão ser grandes ou pequenas. No Brasil há apenas um partido de direita, o DEM, e mesmo ele está mudando. Na verdade, no campo ideológico você tende a ver uma convergência. Em 2003, quando Lula assumiu, Francisco de Oliveira, um dos fundadores do PT, se queixava de que era o “nono ano do governo Fernando Henrique”. A esta altura, estamos no 16º ano do governo FHC. Porque a política econômica do governo Lula, com o passar dos anos, é cada vez mais social-democrata, no sentido europeu. Claro que ainda existem no PT facções e grupos nostálgicos do marxismo-leninismo, mas não são a maioria. Seria interessante ver como eles vão se comportar num eventual governo Dilma, se ela tem força suficiente para controlar essa tendência dentro do PT. Mas, hoje em dia, os dois partidos mais importantes no país estão ocupando um campo ideológico que se sobrepõe.
O senhor já esperava pelas dificuldades que a oposição está enfrentando na campanha eleitoral?
O Serra demorou demais para confirmar a candidatura. E a escolha do vice foi desastrosa. Indio da Costa como vice-presidente do Brasil? Álvaro Dias tem experiência, teria sido um candidato com força no Sul do país. Mas quando comentei com minha mulher que o Serra tinha escolhido o Indio da Costa, ela ficou atônita e me perguntou: “Aquele menino?”. E é isso mesmo. Agora, a escolha da Dilma também não foi ótima. O Michel Temer, embora experiente, representa o antigo. Dos três candidatos a vice, o mais qualificado é o da Marina (o empresário Guilherme Leal). Ele pelo menos tem experiência em dirigir algo. Não sei se o eleitorado pensa muito no vice, mas veja a história do país: muito mais do que os Estados Unidos nos últimos 50 anos, o Brasil tem vivido momentos em que o vice assume a Presidência. O Jango, o Sarney, o Itamar. Dados os problemas de saúde de Dilma, nós temos de pensar nisso e tenho certeza de que os investidores estrangeiros já estão pensando.
Qual é sua visão sobre os dois candidatos líderes das pesquisas?
Serra desperdiçou uma vantagem inicial que tinha e não tem mais. Ele realmente é um político experiente, foi senador, ministro, governador e um economista com muitas qualidades, que entende do Brasil e do mundo. Agora, não quero desprezar Dilma. Ela é uma boa administradora, que conseguiu impor uma estrutura, uma disciplina no gabinete do Lula, e é uma pessoa inteligente. Mas nunca foi candidata a coisa nenhuma, está começando agora. E, quando a vejo em um comício, ou num debate, parece que ainda não se sente confortável. Ser a indicada do Lula parece que compensa todas as dificuldades. Parece. Estamos em agosto. Vamos ver o resto da campanha.
CARTACAPITAL
A batalha dos números
Os analistas de pesquisa têm uma explicação simples para o fato de, na reta final de uma campanha eleitoral, os resultados dos institutos ficarem muito parecidos: a consolidação das intenções de voto reduz as nuances e torna mais homogêneos os grupos de eleitores. Fica mais fácil, portanto, captar as tendências.
O grande lance, o que evidencia a qualidade dos pesquisadores, é acertar quando a corrida das eleições está no seu início e o eleitorado ainda está muito disperso. Ligado ao jornal Folha de S.Paulo e chancelado pela Rede Globo, o Datafolha criou em torno de si a aura de grande reputação. Era como se seus métodos fossem superiores e suas medições, mais confiáveis. Verdadeira ou não, essa suposta superioridade técnica virou, com uma intensidade nunca antes vista em eleições, uma arma contra os rivais. A associação entre o instituto e o jornal provocou uma espécie de caça às bruxas no início do ano. Os alvos foram dois concorrentes mineiros, o Sensus, de Ricardo Guedes, e o Vox Populi, de Marcos Coimbra.
Agora, a menos de um mês da eleição, o Datafolha vê-se enredado na própria armadilha. Depois de uma correção brutal de rumo – em três semanas e meia o instituto saiu de um empate técnico de Dilma com o tucano José Serra para uma acachapante vantagem de 20 pontos porcentuais da petista – é a empresa dirigida pelo sociólogo Mauro Paulino que está na berlinda.
Astros, deuses e eleição (trecho de artigo – Mino Carta)
Graças à revista Veja, edição de 21 de abril passado, aprendi que a Lua em Áries determina a liderança inata dos nascidos em Peixes, enquanto Saturno e Urano em conjunção levam-nos a reformular dogmas,
desenvolver habilidade organizacional e reunir pessoas diferentes em prol da mesma causa. Palavras do astrólogo Oscar Quiroga ao traçar o mapa do pisciano José Serra, com exclusividade para a semanal da Editora Abril. Mas tem mais. Júpiter atingiria a posição do mapa natal do candidato tucano, de sorte a avalizar a previsão: “O sinal mais marcante e auspicioso da sua candidatura se dará entre os dias 1º e 25 de agosto de 2010”.
Serra, contava Veja, “adora ler horóscopo” e tem predileção por Quiroga, que diariamente frequenta nas páginas do Estadão. No dia 21 de abril, o ex-governador de São Paulo há de ter sido tomado por compreensível euforia. Dizia seu astrólogo preferido, sempre na Veja: “Se depender dos astros, José Serra está eleito”. Lembrei-me então da Ilíada, tempo em que os deuses do Olimpo envolviam-se na vida cotidiana dos humanos, inclusive em suas guerras, como a de Troia. Pallas Athena, deusa da sabedoria, protegia descaradamente Ulisses e, portanto, os gregos. Afrodite, interesseira deusa do amor, ficava com Páris, belo mancebo, e portanto com os troianos.
Depois de ler Quiroga na Veja, ganhei a certeza de que tanto Pallas quanto Vênus ficariam com Serra, sem contar com a súbita entrada em cena de Júpiter, ou seja, do próprio Zeus. Pergunto agora aos meus esotéricos botões o que poderia ter ocorrido nas alturas do Olimpo, ou nas esferas celestes, para reverter dramaticamente os vaticínios de Quiroga. A minha surpresa se deve, inclusive, ao fato de que, à época, o candidato tucano, cidadão muito preparado, reconheceu: “Há uma espécie de ciência por trás disso”.
(…)
Que virá depois para ele? E para o PSDB – com suas pretensões de ser a vanguarda da modernidade? E para Fernando Henrique Cardoso, envolto na teia das suas próprias artimanhas, caleidoscópicas e circum-navegadoras? E para a mídia nativa, até há pouco empenhada até o pescoço, não, não, até a raiz dos cabelos, em promover a candidatura de quem atravessou a existência a se preparar para a Presidência da República? E para o instituto de pesquisas Datafolha, que há três semanas registrava um empate entre Serra e Dilma, quando não uma leve vantagem para aquele, e depois galopou na patética tentativa de recuperar o tempo perdido para adequar-se aos números dos demais institutos?
Perguntas para o futuro próximo. Uma leitora de Porto Alegre, Fernanda Moema Santos Souza, teme um lance de desespero dos derrotados, in extremis. Seria uma tentativa de golpe? Pois o Brasil de 2010, e o mundo, não são os de 1964, e os antigos donos do poder, hoje apenas donos de si mesmos, sabem disso, e que sua mídia serve tão somente para estimular os seus próprios rancores e medos. Ah, sim, que será dos astrólogos? Ao menos, de um deles…
Lideranças do PMDB entram em campo por Fogaça
O PMDB gaúcho reuniu-se na manhã da última quinta-feira 26, para discutir a postura do partido nas eleições de 3 de outubro. Na pauta, a situação da campanha para governador do Rio Grande do Sul, na qual o candidato José Fogaça(PMDB) briga para assegurar uma das vagas no segundo turno. O diagnóstico da cúpula peemedebista é de que, até agora, as lideranças do partido estão muito distantes de Fogaça. O recado da direção partidária é alto e claro: a partir de agora, todos precisam vestir a camisa e lutar pela candidatura estadual.
A reunião começou cerca de meia hora depois do previsto, devido a um ilustre atraso. Pedro Simon, senador e grande liderança peemedebista no RS, chegou no diretório às 09h50, vinte minutos depois do agendado. Falava ao celular e subiu apressadamente para a sala de conferências, trocando apenas breves cumprimentos com os correligionários que riam e tomavam café ao pé da escada.
Durante o encontro, ficou explícita a preocupação com as bases, que não estão trabalhando como deveriam pela candidatura de José Fogaça. A cúpula peemedebista também fez o mea culpa: faltou orientar os correligionários para que dessem prioridade a Fogaça e Germano Rigotto (PMDB), candidato ao senado. Isso dispersou esforços e causou confusão entre os peemedebistas.
Movimentos se unem para dizer ‘não’ às hidrelétricas na bacia Amazônica
Para fortalecer a luta contra a construção de hidrelétricas na Amazônia, membros de movimentos sociais e povos indígenas decidiram se unir. Prova disso é que nesta quarta-feira (25) teve início em Itaituba, no Pará, o ‘I Encontro dos Povos e Comunidades Atingidas e Ameaçadas por Projetos de Infraestrutura’. A mobilização segue até sexta-feira (27) com atividades de sensibilização e encontros para traçar as estratégias que os movimentos deverão seguir daqui para frente.
O Encontro unificado deverá reunir cerca de 700 pessoas no Parque de Exposição de Itaituba, entre lideranças sociais e indígenas do Rondônia, Mato Grosso e Pará. Também estarão presentes pesquisadores do Painel de Especialistas que avaliou os impactos da usina hidrelétrica de Belo Monte, representantes do Ministério Público Federal e de várias ONGs socioambientais.
O intuito é articular, conjuntamente, estratégias unificadas que possam barrar os projetos de construção de hidrelétricas na bacia Amazônica. O foco dos debates estará nas grandes obras que já estão em andamento no rio Madeira (RO) e nas usinas planejadas no rio Teles Pires (MT), Tapajós (PA) e Xingu (PA).
Copa 2014 em Belo Horizonte: 2.600 famílias na rua?
Quase 2.600 famílias moradoras da Vila da Luz e da Vila da Paz, em Belo Horizonte, estão ameaçadas de remoção em função da obra de melhoramento e adequação do Anel Rodoviário. O projeto, orçado em cerca de R$ 800 milhões, não prevê recursos para remoção e reassentamento da população envolvida e já teve o edital anulado pelo TCU (19/08/10), que alegou irregularidades correspondentes a um sobrepreço de cerca de R$300 milhões.
A ocupação, feita por famílias de baixa renda desde 1981, nunca recebeu investimentos públicos e vive em extrema precariedade há três décadas, sem serviços básicos de iluminação, abastecimento de água, esgoto ou coleta de lixo, e ainda sofre com os riscos decorrentes da proximidade com a rodovia.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) havia apresentado uma notificação aos moradores com o prazo de 15 dias para que se retirassem do local e sem apresentar qualquer alternativa. Os projetos de adequação do Rodoanel de BH têm sido divulgados pelo Governo do Estado de Minas Gerais como uma das obras de preparação da cidade para a Copa de 2014.
O Ministério Público já havia advertido o DNIT sobre a necessidade de garantia do direito à moradia digna neste projeto, porém a licitação foi aberta com a aprovação da Licença Ambiental pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente de Belo Horizonte (COMAM) e sem qualquer proposta que se referisse ao equacionamento do destino das 2.600 famílias ameaçadas.
VEJA
CCJ quer ouvir servidores da Receita, Previ e Planalto
Diante da repercussão do vazamento de dados fiscais de tucanos, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado marcou para esta terça-feira depoimento com o corregedor-geral da Receita Federal, Antonio Carlos Costa D`Ávila Carvalho. A audiência pública é para esclarecer o suposto esquema de pagamento de propina em troca de acesso a informações sigilosas. O funcionário ainda não confirmou presença.
Durante coletiva nesta sexta-feira, o corregedor informou que as servidoras Adeildda Ferreira Leão dos Santos e Antonia Aparecida Rodrigues dos Santos Neves Silva serão indiciadas. As representações foram entregues ao Ministério Público Federal (MPF). Apesar do indiciamento, o servidor negou ligação entre a quebra do sigilo e o processo eleitoral: “Não identificamos qualquer ilação político-partidária”. O vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, uma das vítimas da quebra de sigilo, acusou a Receita de, com essa afirmação, tentar desviar o caráter político do vazamento de seus dados.
Em nota, o MPF afirmou que investiga a violação dos dados do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, e pode oferecer ação penal contra os responsáveis, caso seja comprovada prática de delito. A procuradoria disse ainda que não pode fornecer detalhes da apuração porque o caso corre sob sigilo.`
PT pede indenização de 100.000 reais a José Serra
Como havia anuniado na última quinta-feira, o PT entrou com uma ação na Justiça Civil por danos morais contra o candidato à Presidência José Serra (PSDB) por ter acusado a candidata Dilma Rousseff (PT) de estar envolvida na quebra de sigilo fiscal de tucanos.
O valor da indenização solicitada é de 100.000 reais. A defesa argumenta que o presidenciável ofendeu a honra do PT e de Dilma “ao acusá-los de quebra de sigilo fiscal de Eduardo Jorge, atos de espionagem e prática de táticas sujas em campanha eleitoral”.
Para Serra, quebra de sigilo foi 'armadilha' montada pelo PT
O candidato tucano à presidência, José Serra, afirmou na tarde desta sexta-feira, no Rio, que o PT armou uma “armadilha” contra ele ao quebrar o sigilo dos dados fiscais de pessoas ligadas ao PSDB. “Isso foi uma armadilha que tentaram armar contra mim. Só que eles têm sempre um problema contra mim, que é o fato de eu ser ficha limpa. Todas as eleições o PT procura fazer a mesma coisa”, afirmou, ao deixar o Clube da Aeronáutica, onde fez palestra para cerca de 150 militares.
Serra recorreu a uma frase de outra candidata, Marina Silva, do PV, para atacar o PT: “a Candidata Marina tem toda a razão quando fala que ‘se esse pessoal faz isso na campanha, imagina no governo?’”, disse. “Quebra de sigilo é algo gravíssimo, contra a Constituição. A utilização do poder do governo contra indivíduos, sem que haja nenhum tipo de investigação por parte da Justiça”, alertou Serra.
Para o tucano, a repetição da prática de quebrar sigilo e montar dossiês tem se voltado contra os autores. “A tradição já está mostrando que isso vai contra aquele que faz essa ação. É um bumerangue, algo que volta contra ele mesmo”, comparou.
Ao comentar a política de energia para o Brasil nos próximos anos, o candidato alertou para o crescimento da dependência de fontes poluentes no país. “No que se refere à energia o Brasil está tendo um retrocesso, pois 60% da nossa energia entre 2012 e 2016 vai ser de energia poluente, energia fóssil. Este é o modelo prático que a Dilma encaminhou para o Brasil”.