Líder bolsonarista em SP é acusado de pedofilia contra filha e netas

O ex-vice-presidente estadual do PL (Partido Liberal) em São Paulo, José Renato Silva é investigado pela Polícia Civil por supostos abusos sexuais cometidos contra a sua filha e duas netas. A apuração teve início em abril deste ano. Defensor ardoroso do presidente Jair Bolsonaro (PL), José Renato se dizia um ‘cidadão de bem’ e costumava se apresentar como um defensor dos valores defendidos pela extrema-direita no Brasil – em especial no que diz respeito à família.
Os abusos foram relatados em uma rede social por sua filha, a secretária de Administração da Prefeitura de Suzano (SP), Cintia Renata Lira da Silva. Segundo ela, o pai já foi indiciado pela polícia pelos crimes.
A SSP (Secretaria de Segurança Pública) disse que o caso citado é investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher de Suzano, por meio de inquérito policial, que tramita sob segredo de Justiça.
Procurado, o advogado Denis Souza do Nascimento, defensor de Silva, afirmou que a investigação está em andamento, e que "não existe culpa formada". "O inquérito está sob segredo de Justiça para preservar a todos, portanto, no momento, não podemos passar maiores detalhes sobre o conteúdo do inquérito".
Cintia publicou em seu Instagram dez imagens em que relata a situação ocorrida com ela e com suas filhas. Sob o título "A Verdade", ela citou ter escondido o abuso sofrido por ela por 42 anos.
"Depois de pensar, pensar e pensar, percebi que é o necessário a se fazer. Quando eu tinha seis anos de idade, meu pai me convidou para tomar banho com ele. Esse banho mudou o resto de minha vida", diz trecho da primeira parte da publicação.
Conforme o relato de Cintia, após o abuso, ela diz ter apagado da memória sete anos de sua vida, uma grande parte de sua infância. "Era como se eu tivesse dormido com 6 anos e acordado com 13 anos. Não tenho lembranças desse período; nem boas e nem ruins."
Ainda segundo ela, mesmo sem tocar no assunto, o abuso a assombrava todos os dias. "Uma angústia constante tomou conta do meu peito, e um desconforto na presença dele fazia parte da minha rotina." Cintia afirma na publicação fingir que estava tudo bem.
Mas, ainda segundo seu relato, resolveu romper o silêncio ao ter conhecimento de que suas filhas haviam sofrido abuso semelhante. Ao saber da situação, ela narra ter sido o pior dia de sua vida, algo pior do que o abuso que havia sofrido quando criança, e tomado a coragem em denunciar como mãe, o que não havia tido como filha.
Quando dos abusos, suas filhas tinham seis e sete anos. "Elas continuaram sendo abusadas pelos 9 anos seguintes. Crianças sendo acariciadas por quem deveria protegê-las. Sendo obrigadas a acariciá-lo também."
Na parte final do texto, Cintia diz que o tempo de casulo de sua família se esgotou. "A sensação de tirar um peso das costas é muito intensa. A cada dia que conseguimos enfrentar mais uma batalha e superar, serve de mais força para continuarmos e ficarmos bem. É muito importante que esse tema não seja ofuscado."
"CIDADÃO DE BEM"
O pai da secretária é um homem influente no Partido Liberal, partido do atual presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele possui várias menções e fotos nas redes sociais do PL, antes, partido PR (Partido da República). Em sua página no LinkedIn, Jose Renato Silva publicou ser o presidente nacional do Muda Brasil, sigla que não saiu do papel.
José Renato atuava principalmente em cidades da região metropolitana de São Paulo, como Mogi das Cruzes e Suzano. Apesar de ser próximo de Valdemar Costa Neto (presidente do PL), ele chegou a participar do processo de formação do Aliança pelo Brasil, partido que seria lançado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).
Com um discurso ultra conservador, José Renato se dizia um ‘cidadão de bem’ e costumava replicar o ideário da extrema-direita sobre a defesa da família e de valores religiosos.
Procurado, o PL não se pronunciou até a publicação deste texto.
Da Redação (com informações do UOL e Revista Fórum)