O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse hoje (28) que, se a proibição do uso do glifosato for mantida, as safras de milho e soja podem ser inviabilizadas. “Nós não temos um produto que substitua o glifosato nesta safra, neste período. Fica muito difícil levar adiante já que o Brasil planta 95% da sua área de soja e milho com plantio direto e o glifosato é a base desse processo. Não tê-lo significa não conseguir colher. Um prejuízo bastante grande”, disse após participar de um evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Segundo o ministro, os produtores não estão preparados para uma interdição ao herbicida. “O glifosato é a base para a dessecação e o plantio direto. Nós não temos mais nas fazendas grades, arados, esses instrumentos mecânicos para preparar o solo. Tudo é na base química. Não usá-lo significa não ter a possibilidade de plantar”, acrescentou.
Possível cancerígeno
Conhecido comercialmente como Roundup, o glifosato é um herbicida usado contra ervas daninhas indesejadas em produções agrícolas. No último dia 7, a juíza Luciana Raquel Tolentino de Moura, da 7ª Vara da Justiça Federal em Brasília, determinou a suspensão de registro de todos os produtos que utilizam tiram, abamectina e glifosato.
Em liminar, a magistrada disse que as substâncias não devem ser usadas ou comercializadas até que se feita uma reavaliação toxicológica das substâncias pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A juíza ressalta que o glifosato é apontado como possível cancerígeno pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva.
Na última sexta-feira (24), a Advocacia-Geral da União (AGU) ingressou com recurso contra a liminar que suspendeu o uso do glifosato. Maggi disse que espera uma decisão favorável ao recurso ainda hoje.
O ministro destacou ainda que o produto tem se mostrado confiável. “Difícil aparecer um produto tão seguro quanto o glifosato. Ele é biodegradável, está há muitos anos no mercado. É bastante barato”, defendeu.
No entanto, Maggi disse que, caso seja provado que a substância traz riscos à saúde, os produtores precisarão se adaptar. “Se houver uma comprovação de que ele efetivamente mal para a saúde, claro que nós não devemos usá-lo. Mas temos que ter um prazo para que a indústria química coloque algum produto para substituí-lo.
AGÊNCIA BRASIL