O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje, durante visita ao canteiro de obras da usina de Jirau (120 km de Porto Velho), que o investimento em plantas geradoras e linhas de transmissão levará o país a contar, no futuro, com uma "rede comunista de transmissão de energia elétrica".
Segundo ele, o Brasil será interligado como uma "teia de aranha". "Se faltar energia aqui [Rondônia], você transporta energia do Nordeste, do Amazonas, do Sul para cá. Faltou lá, você transporta para lá. E assim, o Brasil vira quase que uma cooperativa. Uma rede comunista de transmissão de energia elétrica".
O presidente usou a definição em uma tentativa de responder aos questionamentos sobre o destino da maior parte da energia a ser gerada em Rondônia: a região Sudeste. Para o presidente, Rondônia terá "quanta energia necessitar".
"Vai levar um tempo para Rondônia utilizar todo o potencial de energia que nós vamos produzir aqui. Enquanto o Estado de Rondônia não estiver utilizando essa energia, obviamente que se tem de vender para São Paulo, Minas Gerais e para quem mais tiver dinheiro para comprar", afirmou.
O presidente disse ser "muito importante" que as obras utilizem o máximo de mão de obra e matérias-primas do próprio Estado. "Precisamos utilizar tudo o que for possível do Estado de Rondônia, para gerar mais oportunidade de trabalho aqui para o Estado."
Sobre o controvertido processo de licenciamento das usinas, Lula o comparou a um parto difícil. "Este projeto do rio madeira é para mim como se fosse um filho deste país. Passou nove meses e não nasceu e era problema para desgraça. O médico dizia que tinha problema do Ibama, que tinha problema do peixe. Ou seja era um parto daqueles. Graças a Deus, saiu", disse o presidente.
"Ronaldão"
Falando a uma plateia formada em sua maioria por operários da usina de Jirau, Lula disse que o enfrentamento da crise econômica exigirá que o país trabalhe "três turnos, 24 horas por dia". O presidente não estava acompanhado da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil).
"Eu estou convencido de que, se a gente fizer as coisas acontecerem […] trabalhando em três turnos em todas as obras de rodovias, em todas as hidrelétricas, em todas as ferrovias, em todos os projetos habitacionais […], eu tenho certeza de que essa crise vai deixar o Brasil em paz", disse o presidente.
Segundo Lula, Brasil é "o último país afetado pela crise" e será "o primeiro a sair dela". "Passamos muito tempo esperando crescer, passamos muito tempo esperando gerar empregos para o povo e, agora que as coisas estavam andando maravilhosamente bem, vem a crise dos países ricos afetar os países emergentes", disse.
Lula disse que somente o investimento em obras poderá fazer o país voltar a crescer. "[Precisamos] Fazer a máquina rodar 24 horas por dia. Porque isso vai gerar mais empregos, o emprego gera salário, o salário gera consumo e essas três coisas juntas farão com que a economia brasileira volte a rodar."
Ao chegar à usina, Lula brincou com os jornalistas sobre o gol marcado anteontem pelo atacante Ronaldo, do Corinthians. "Vocês viram o gol do Ronaldão. Para compensar a crise, o Ronaldão está aí."
Agência Folha