Explosão de míssil na Polônia pode incluir Otan em conflito contra a Rússia

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) enfrenta algumas decisões difíceis depois que a Polônia disse, nesta terça-feira (15), que uma explosão perto de sua fronteira com a Ucrânia foi causada por um míssil produzido na Rússia, dependendo criticamente da hipótese de um acidente. A aliança militar informou que realizará uma reunião de emergência de seus embaixadores nesta quarta-feira para discutir os últimos desenvolvimentos após o suposto míssil russo ter caído sobre uma vila polonesa a cerca de seis quilômetros da fronteira, matando duas pessoas.
Qualquer tipo de passo dado pela aliança militar exigiria não apenas uma verificação cuidadosa dos fatos, mas também um desejo coletivo de não escalar as tensões. Por exemplo, o presidente polonês, Andrzej Duda, afirmou que não estava claro quem lançou o míssil que causou a explosão.
As opções vão desde o esperado, uma discussão formal com aliados, até algo que ninguém sequer está sugerindo, invocar o Artigo 5 — algo que foi feito apenas uma vez, com os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.
ARTIGOS 4 E 5
Nos termos do Artigo 4, os membros da Otan podem levantar qualquer questão de preocupação relacionada à integridade territorial, independência política ou segurança nacional para ser discutida entre os representantes dos Estados membros antes de tomar qualquer ação.
O ministro da Defesa da Letônia, Artis Pabriks, disse à Bloomberg que seu país apoiaria a Polônia nesta etapa, acrescentando que a aliança precisa ter uma discussão séria sobre seus sistemas de defesa aérea. De fato, parece ser para onde a Polônia está indo.
Uma vez que o Artigo 4 é invocado e a questão é discutida entre os aliados, pode potencialmente levar a uma decisão ou ação conjunta em nome da Otan. Esta etapa aconteceu várias vezes na história da aliança, geralmente decorrente de pedidos feitos pela Turquia.
Em 2012, a Otan atendeu ao pedido da Turquia para implantar mísseis Patriot após reuniões com aliados sob o Artigo 4 para discutir a atividade militar síria em sua fronteira. A última vez que o Artigo 4 foi invocado foi em fevereiro por um grupo de Estados membros do Leste Europeu depois que a Rússia invadiu a Ucrânia.
O Artigo 5 é a pedra angular da aliança e consagra o princípio de defesa coletiva da Otan — que um ataque a um membro é um ataque a todos. Tem que ser levantado por um Estado membro alegando que está sob ataque direto, uma avaliação que então precisaria ser unanimemente acordada por todos os aliados para invocá-lo. Uma vez invocado, todos os integrantes auxiliam o aliado atacado, inclusive com as forças armadas.
Desde sua formação após a Segunda Guerra Mundial, essa ferramenta de último recurso foi usada apenas uma vez: há 21 anos, quando a Otan emitiu uma declaração de que os EUA teriam o apoio de aliados da aliança militar se agissem militarmente contra os responsáveis ??pelos ataques ao World Trade Center e ao Pentágono.
Da Redação (com informações da Bloomberg)