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domingo, novembro 24, 2024

Luiz Manoel – Tradicional Salão São Luiz “Trabalhar numa barbearia, era um sonho de menino, fui incentivado pela minha mãe que aos 14 anos me deu uma tesoura de presente”

Natural de Rio dos Índios município de Ceará Mirim, no Estado do Rio Grande do Norte. Ele e seus nove irmãos, Ricardo, Leonardo, Marinalva, Juvenita, Raimundo, Lenice, Damião, Nazaré e Manoel , sempre tiveram o apoio dos seus pais Manoel Luiz e Maria Luiza. Apesar da infância pobre, a união de todos foi fundamental na superação dos obstáculos.
JFR; Qual era o meio de sobrevivência da sua família em Ceará Mirim?
Luiz; Todos nós trabalhamos na roça, era um dos únicos meios de sobrevivência naquele tempo, o município era muito pobre, as dificuldades eram grandes, praticamente não tinha outra opção.

JFR; Quando o senhor sentiu que tinha vocação para exercer a profissão de barbeiro?
Luiz; Nós íamos da comunidade rural de Rio dos Índios para Ceará Mirim fazer compras, quando lá chegávamos, eu sempre via aquelas barbearias bem organizadas, os barbeiros vestidos de branco, e isso foi chamando a minha atenção. A partir desse momento eu disse para a minha mãe que eu queria ser barbeiro, e esse sentimento não saiu mais do meu coração, e assim foi. As coisas começaram a acontecer, trabalhar numa barbearia era um sonho de menino, fui incentivado pela minha mãe que aos 14 anos me deu uma tesoura de presente.
JFR; A partir de quando você começou a aprender a profissão?
Luiz; De volta a Rio dos Índios, eu ainda bem jovem já era apaixonado pela profissão, comecei cortando cabelo de graça, e assim fui praticando e aprendendo. Cortava cabelo das outras crianças, jovens e adultos e de todos que moravam na vizinhança.
JFR; Quais foram os momentos de maior dificuldade até que você atingisse os seus objetivos profissionais?
Luiz; Foram vários momentos difíceis e até mesmo emocionantes, por diversas vezes eu tentei sair para trabalhar, e naqueles momentos eu tinha que deixar a família. Cheguei a sair de casa escondido, e por alegria e felicidade de minha mãe não deu certo, ela foi me buscar, chegou até a alugar um Jippe e me levou de volta para Ceará Mirim. O meu cunhado Cicimi, também do Rio Grande do Norte, sempre fazia compras em Natal, ele tinha um comercio em Ceará Mirim, e o ano de 1967 e eu resolvi partir com ele numa viagem.
JFR; A sua mudança para a capital, e o novo trabalho lhe deram bons resultados?
Luiz; O começo foi excelente, eu sempre tive uma grande atenção para com os meus fregueses, cortava cabelos com muita paciência. Em menos de um ano a minha freguesia aumentou, mas o meu parceiro de trabalho ficou com ciúmes do meu progresso, e a partir daí começaram os desentendimentos. Decidi mudar de lugar, fui para o bairro chamado Lagoa Seca, foi minha ruína ninguém mais aparecia para cortar cabelo. Retornei então para a cidade de Ceará Mirim, e refleti muito sobre a minha situação.
JFR; Como e quando o senhor chegou a Mato Grosso?
Luiz; Surgiu a oportunidade de uma viagem num caminhão pau de arara que estava vindo para o Centro Oeste. Não pensei duas vezes aproveitei, criei coragem e fiz a viagem, cheguei aqui em Rondonópolis no dia 18 de Fevereiro de 1969. Fui morar na região que antigamente era conhecida por Cinco e Meia, local onde fica hoje a fazenda Viola. Lá voltei a trabalhar na lavoura. Em 1970 me casei com Maria Gomes, temos um filho que também exerce a profissão, nos dias de hoje eu e o Raimundo Gomes Manoel trabalhamos juntos no mesmo salão.
JFR; Fale um pouco da sua trajetória profissional em Rondonópolis?
Luiz; Eu permaneci no trabalho da lavoura por pouco tempo, apenas 30 dias, mandaram me chamar para o trabalho de barbeiro, e eu recomecei no salão do Cícero na Avenida Amazonas. Depois trabalhei no salão do Chico, e de lá fui para Marechal Dutra esquina com a Fernando Correia, onde fiquei durante 1 ano. Depois vim para o prédio que era da minha sogra em frente ao antigo Estádio Luthero Lopes na Avenida Bandeirantes . Em 1980 comprei a minha casa própria, e em 1999 me instalei novamente aqui na Av. Bandeirantes 2.463, em frente o Atacadão, desta vez em prédio próprio.
JFR; Para encerrar esta entrevista, desde já agradecemos pela atenção, e como última pergunta, como o senhor analisa a Rondonópolis de ontem e de hoje depois de 45 anos da sua convivência na cidade?
Luiz; Em 1969 a cidade era muito pequena, tinha poucos recursos, não havia condições de lazer. Durante os três dias da semana sexta, sábado e domingo acontecia a Feira da Praça dos Carreiros. Vinha gente de todas as partes, traziam, bois, carneiros, cabritos, galinhas, os carros de bois marcavam presença, era um dos principais veículos da época, alem das carroças, cavalos e poucos caminhões. Penso que as pessoas não estavam preparadas para o repentino progresso da cidade, pouca gente acreditava que a cidade fosse chegar onde chegou.

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