Amazônia e cerrado concentram maioria das queimadas no país

A destruição causada pelo fogo no cerrado é grande. Mas o tempo que a vegetação leva para se recuperar é curto. Isso já não acontece na Amazônia.
A Amazônia e o cerrado – os dois maiores biomas do Brasil – concentram a maior parte das queimadas no país. Mas o que difere os dois incêndios?
Em Goiás, as chamas consumiram 25% do Parque Nacional das Emas. No cerrado, as chamas são altas e o fogo se alastra rapidamente. O fogo faz parte do ciclo da vida, só não pode é queimar tudo.
“A gente tem que lutar e fazer de tudo para que esse cerrado não desapareça”, disse o técnico ambiental José Carlos Bernardo.
No cerrado, o fogo é importante para produzir calor, que ajuda na germinação das sementes. Mas esse “fogo amigo” é provocado pela natureza e vem do céu, através dos raios. Poucas semanas depois de uma queimada, a área de cerrado já mostra sua força.
Olhando para os galhos secos, parece que a árvore morreu. Mas o cerrado é resistente. Já tem novos galhos, com folhas verdinhas, estão brotando, apenas um mês depois de uma queimada atingir a área.
“É uma adaptação do cerrado ao fogo. A casca grossa que as plantas do cerrado têm vai reter a umidade e não vai deixar que fogo queime internamente”, explicou Maíra Franco, que é engenheira florestal do ICMBio.
Mas se o cerrado precisa do fogo para se renovar, na Amazônia qualquer queimada é sinal de perda para o meio ambiente. Na floresta, as chamas são mais baixas, avançam lentamente, provocando uma destruição que pode levar décadas para se recompor.
“Na Amazônia tem árvores que não são adaptadas ao fogo. O fogo não tem um papel ecológico. Um incêndio na Amazônia vai destruir totalmente a floresta”, afirma Marcos Silva Cunha, diretor do Parque Nacional das Emas.
No cerrado, a vegetação que renasce entre as cinzas, ainda na seca, serve de alimento para veados e emas.
Mas, independentemente da vegetação, quem trabalha no combate às queimadas alerta.
“Incêndio em qualquer lugar é danoso, vem na hora errada. Aqui teve raio logo após a chuva e vai vir chuva agora. Isso permite a renovação”, afirmou Marcos Silva Cunha.