Legado da pandemia para a saúde privada

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Criado em homenagem ao médico sanitarista Oswaldo Gonçalves Cruz, nascido em 05 de agosto de 1872, o Dia Nacional da Saúde tem como objetivo conscientizar as pessoas sobre a importância da educação sanitária e a prática de um estilo de vida saudável. Com o passar dos anos e os desafios que surgiram, a data ganhou novos significados e englobou áreas como a da saúde mental, principalmente pelo aumento de doenças como a depressão e ansiedade, que por sinal se espalharam ainda mais com o surgimento da pandemia de Covid-19.

A pandemia, aliás, nos trouxe vários ensinamentos e reforçou que o sistema de saúde é uma das engrenagens mais importantes para a sociedade. Mostrou o poder de reação, planejamento e gestão dos profissionais e empresas da área da saúde, assim como deixou transparente a fragilidade do sistema em alguns pontos e como isso pode ser prejudicial para o coletivo.

Problemas do sistema ficaram evidentes com a falta de leitos em unidades públicos no auge da doença, acompanhada da escassez de equipamentos de proteção individual básicos como máscaras, luvas, aventais, entre outros, além de aparelhos como ventiladores mecânicos, cilindros de oxigênio e até medicamentos para atender a alta demanda. Diante de inúmeras incertezas, profissionais experientes e psicologicamente preparados foram fundamentais para enfrentar a situação e encontrar respostas rápidas para evitar a piora da situação.

Para as unidades privadas, a pandemia trouxe o desafio da rentabilidade da atividade durante o período mais crítico. Além das mudanças nos protocolos de segurança, em 2020 os hospitais tiveram que aprender a lidar com uma queda expressiva em sua margem de rentabilidade. De acordo com levantamento da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), que reúne 118 instituições, responsáveis por 21,46% do total das despesas assistenciais na saúde suplementar, em 2020 a taxa média de ocupação de leitos caiu quase dez pontos percentuais, de 76,9% em 2019 para 67,59% em 2020.

O adiamento de procedimentos e cirurgias eletivas, além de uma mudança no perfil de internações, levou as unidades a registrarem uma queda na margem ebitda, que é o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização. A perda de cirurgias eletivas foi um desafio a mais para as redes hospitalares. Estima-se que de março a maio de 2020, apenas 25,5% de cirurgias eletivas programadas no mundo foram realizadas.

Voltando para a nossa realidade, o reconhecimento da importância dos estabelecimentos privados de saúde em Mato Grosso foi destacado com a participação do Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado de Mato Grosso (Sindessmat) no comitê de prevenção ao Coronavírus, do Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública (COE-MT). Organizado pelo Ministério da Saúde, Ministério Público e Secretaria de Estado de Saúde, o órgão foi criado para monitorar e discutir medidas de combate ao Coronavírus, mesmo antes de surgir o primeiro caso confirmado da doença no estado.

Nos momentos mais críticos em Mato Grosso, o setor de saúde privada se colocou à disposição para ajudar no atendimento do colapsado sistema de saúde pública, situação que reforçou ainda mais a preocupação com a saúde e bem-estar da população.

O que observamos é que apesar das dificuldades, o sistema de saúde conseguiu enfrentar a pandemia de uma doença até então desconhecida. Ficou ainda mais evidente que é preciso investir em saúde, desde a prevenção com mais investimentos em políticas públicas que incentivem a prática de exercícios físicos e alimentação saudável, até a estrutura das unidades, como forma de manter um sistema preparado para o futuro.

Com certeza, o maior legado da pandemia (que ainda não acabou) é o fortalecimento das unidades de saúde e a importância de seus profissionais para lidar com situações de urgência e emergência, sem deixar de lado o atendimento humanizado e a preocupação com o próximo.