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quinta-feira, novembro 28, 2024

Judoca Rafaela Silva vai da depressão à medalha de ouro em quatro anos

A medalha de ouro conquistada pela judoca Rafaela Silva nessa segunda-feira (8) marcou o fim de um ciclo que começou no dia 30 de julho de 2012. Cotada como favorita nos Jogos de Londres, Rafaela foi eliminada nas oitavas de final naquele dia. Para piorar, teve de ouvir ofensas racistas de internautas descontentes com a derrota.

Os dias seguintes foram os mais duros para Rafaela. Após ser chamada de “macaca” e ler que “era uma vergonha para a família”, havia tomado uma decisão: parar de lutar. A escolha surpreendeu muitas pessoas. Não a seu pai. Luiz Carlos da Silva sabia do que a filha precisava. “Ela estava chateada. Não pela derrota, mas pelo que falaram. O pessoal [do Instituto Reação] pedia para conversar com ela, mas eu não perturbava. Dei um tempo para ela”.

A mudança foi percebida por pessoas do Reação. “Teve um tempo em que ela não treinou. Ela frequentava a academia só para olhar, mas não treinava. Toda vez que Rafaela ia no treino, víamos que estava com cara de choro, que não queria treinar. Dizíamos que em 2016 seria no Rio. Fazíamos tudo para ela treinar”, lembrou Bianca Gonçalves, judoca do Instituto e amiga de Rafaela.

Psicóloga

À época, Rafaela marcou no corpo o que sentia. Foi depois dos Jogos de Londres que ela fez uma tatuagem com a frase “só Deus sabe o que eu sofri e o que fiz para chegar até aqui”. “Eles não sabem o que eu vivia a cada treino, a cada superação, a cada lesão. O que eu tinha de fazer no meu dia a dia no tatame para ficar me criticando”, lamentou Rafaela. Foi nesse período que ela entrou em depressão.

"Foi um momento bem difícil. Andava na rua e pensava “vou lutar a Olimpíada”. Mas caía a ficha. Lembrava que tinha sido eliminada e ficava muito chateada. Assistia televisão e começava a chorar.”

O jogo começou a virar quando surgiu a figura de Nell Salgado. Raquel, também judoca e irmã mais velha de Rafaela, promoveu o encontro entre a judoca e a psicóloga. “A Nell começou a fazer um trabalho voluntário para o Instituto Reação e me perguntava se daqui a dois anos eu me via fora do judô. Aí eu dizia que o judô era minha vida e voltei a treinar”, disse Rafaela. Desde então, a psicóloga assumiu o posto de coach da judoca.

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