Jovens menos felizes

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Essa semana o Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social) divulgou uma pesquisa preocupante. O Brasil tem a terceira população de jovens mais tristes do mundo.

O indicador demonstra que os jovens estão cada vez menos felizes. E essa é uma realidade que vem aumentando desde 2013. Ou seja, estamos há oito anos em um ciclo de uma notória redução na percepção de felicidade entre os jovens.

Eu como educadora e psicopedagoga fico em estado de alerta ao ler essa pesquisa, porque meus alunos – que estão na primeira infância e na pré-adolescência – serão os jovens de amanhã, e a fase de aprendizagem que eles se encontram – Ensino Fundamental – é a fase na qual se criam bases tanto para o aprendizado adequado, o desenvolvimento humano, e emocional.

Sabemos que a pandemia está provocando impactos profundos na formação dos pequenos, mas isso não pode ser empecilho para que olhemos para algumas questões que envolvem a construção das emoções e que já vem acontecendo mesmo antes da pandemia, e que extrapolam os limites da escola.

Uma das questões que influenciam diretamente nesta autoavaliação sobre felicidade está ligada diretamente ao ambiente familiar. Muitos pais e mães não têm conseguido dar a devida atenção aos seus filhos e participar do processo educacional, que tem seu primeiro estágio em casa.

Afeto, carinho, respeito e empatia estão sendo substituídos pelos aparelhos eletrônicos como smartphones, tablets, televisão, computador e games. Não estou aqui instituindo uma espécie de tribunal da moralidade para afirmar que esses itens devem estar longe das crianças. Pelo contrário, acredito que podem até auxiliar no processo educacional quando utilizados da forma correta.

Por outro lado, os aparelhos citados não podem ser substitutos da pedagogia do afeto, uma perspectiva que aplico no ambiente escolar, mas, que também deve ser vivida em casa.

Como fazer isso em meio ao turbilhão de atividades da rotina dos adultos? É simples: valorize momentos coletivos em família, fazendo as refeições à mesa, realizando passeios em locais que estimulam a saúde e o bem-estar como caminhadas e piqueniques em parques públicos, passeios em meio à natureza, ou até mesmo a tutoria de pets ou o cultivo de plantas.

Mas o que isso pode mudar no índice de felicidade dos jovens? Posso afirmar que atitudes em família vão fomentar a responsabilidade que crianças, jovens e adultos terão individualmente e com o próximo. A empatia e o sentimento de pertença provocarão experiências emocionais que impulsionará o indivíduo a enxergar o mundo além dos algoritmos de um jogo eletrônico, ou além das janelas limitadas das redes sociais.

Estamos diante de uma necessidade de expansão das nossas formas de relacionamento, seja em casa ou na escola, e ambas devem estar unidas, complementando as responsabilidades que cada uma tem para garantir que nossos filhos e alunos sejam jovens e adultos plenos, que encarem a vida de forma menos superficial e plástica como propagada na sociedade contemporânea.

Temos o desafio de fundamentar valores universais indispensáveis para o convívio em sociedade, como honestidade, responsabilidade, respeito.  E reputo que a felicidade, a partir dessa construção, será resultado de uma série de medidas simples, mas eficazes, que vão fazer a diferença para as gerações que estão sendo formadas.