“Ressaltamos aqui uma maravilhosa e especial receptividade, com amor e o respeito dos seus familiares para com o senhor José Ribeiro da Rocha de 101 anos de idade. Infelizmente muitos ainda preferem deixar os seus idosos em asilos superlotados.”
Prezados leitores desta tradicional coluna, é com muita satisfação que entrevistamos neste espaço, lideranças empresarias, politicas, econômicas e sociais. Falo também das pessoas humildes que com o seu trabalho e seus talentos contribuíram com o desenvolvimento desta querida e bela cidade de Rondonópolis.
Confesso que este é um dos momentos muito especiais para o Jornal Folha Regional, uma grande honra ter sido carinhosamente recebido na residência de José Ribeiro Rocha, que nos altos dos seus 101 anos de profícua existência e com muita lucidez nos concedeu esta entrevista. Em nome dos seus familiares, filhos, esposa, netos e seus tataranetos ficamos muito agradecidos. Notamos que José Ribeiro Rocha, também chamado carinhosamente pelos seus familiares de “Zé Terrivel” não gosta de ficar parado e circula frequentemente pelos cômodos de sua residência, com um bom humor extraordinário que alegra a todos que estão próximos a ele. E tem uma atenção muito especial para com a sua esposa Dalminda Rosa da Silva. O senhor José nos recebeu com a sua simpatia e trajado com uma camiseta branca com uma frase bem sugestiva:
“Cada um tem a idade do seu coração, da sua experiência e da sua Fé.”
Jornal Folha Regional: O senhor é natural de que estado?
José Ribeiro: Eu nasci em Barreiras na Bahia em 15 de julho de 1918.
JFR: Fale um pouco de sua infância e de seus familiares:
José Ribeiro: Foi uma infância que reunia trabalhos e brincadeiras, meus pais tiveram 6 filhos: Ezequiel, Hermano, Maria, Normélia, Ana e eu José. Meu pai Leodoro sempre trabalhou na roça, minha mãe Antônia cuidava da casa. Naquele tempo eu montava a cavalo, tirava leite, ajudava o meu pai na roça.
JFR: O senhor saiu de Barreiras para Mato Grosso, como foi essa viagem?
José Ribeiro: Nós viemos para Mato Grosso a pé, mantimentos e material para a sobrevivência durante a viagem vieram no lombo dos Jegues. Naquele tempo a montagem dos jegues para viagens eram denominadas de broácas, até chegar aqui nós levamos cerca de dois anos passamos primeiramente por Goiás, onde organizamos a viagem para o nosso destino que era Mato Grosso. Eu saí de Barreiras juntamente com o meu irmão Ezequiel, aproveitamos a viagem e trouxemos nossa família.
JFR: Qual a situação que mais marcou, e se tornou inesquecível para o senhor durante a viagem?
José Ribeiro: Um dos momentos marcantes que ficaram na minha mente, foram os partos que ocorreram na estrada, o nascimento da minha filha Maria Aparecida durante o trajeto da viagem, e o nascimento da filha do meu irmão Ezequiel, Domingas Rocha. Foram momentos de grande preocupação, mas graças a Deus deu tudo certo.
JFR: Em que ano o senhor chegou a Mato Grosso, e qual foi a primeira localidade a residir?
José Ribeiro: Eu cheguei em Mato Grosso no ano de 1949, Poxoréo foi a primeira localidade que nós residimos, lá eu trabalhei na lavoura e no garimpo, eram tempos muito bons. O dinheiro quase não corria, mas não faltava nada muitos de nós trocávamos pedras preciosas por outros objetos e utilizávamos também para pagar a comida.
"Um dos momentos marcantes que ficaram na minha mente, foram os partos que ocorreram na estrada, o nascimento da minha filha Maria Aparecida durante o trajeto da viagem, e o nascimento da filha do meu irmão Ezequiel, Domingas Rocha"
JFR: Em Rondonópolis o senhor morou primeiramente na região rural chamada Passarinho fale um pouco sobre aquele período. Como era Rondonópolis na década de 50?
José Ribeiro: Eu tinha uma casa naquela região, plantei muita roça lá eu produzia também melancia que eram levadas pelos índios Bororos de canoa para todos os índios. Nós tínhamos uma grande amizade com os índios Bororos, a minha esposa Ana (falecida) na época, ajudava a tirar a tinta do rosto das índias. Rondonópolis era bem pequena, o desenvolvimento desta cidade começou pela travessia da balsa no Rio Vermelho. Naquele tempo só tinha a Avenida Mal. Rondon e a Ponce de Arruda, o restante era um grande matagal.
JFR: Como pioneiro em Rondonópolis quais as personalidades politicas que o senhor chegou a conhecer?
José Ribeiro: Conheci e convivi com várias autoridades, dentre eles Rosalvo Farias, Daniel Martins de Moura, Sátiro Castilho, Helio, Candinho, Rogério, Fausto, Zé Carlos do Pátio, Hermínio Barreto. Conheci também o padre Miguel antes de se tornar religioso, conheci pessoalmente o Mal. Rondon.
JFR: O senhor recebeu alguma homenagem do poder público municipal pelo seu pioneirismo em Rondonópolis?
José Ribeiro: Eu trabalhei durante muito tempo na construção civil como pedreiro até o ano de 1993. Ajudei a construir o Colégio Sagrado Coração de Jesus, fico feliz por ter colaborado com o crescimento desta cidade. Eu recebi uma homenagem da Câmara Municipal de Rondonópolis no dia 6 de maio de 1994. Corria a 10ª. Legislatura no período de 1993 a 1996. O prefeito era o Dr. Rogério Salles na época vice – prefeito do Carlos Bezerra. O presidente da Câmara Municipal naquela ocasião era o Ananias Martins de Souza, o segundo presidente era o vereador Milton Gomes da Costa e o secretário era o vereador Abílio Marques da Silva.
JFR: Como é hoje a sua constituição familiar?
José Ribeiro: Eu e minha esposa Dalminda Rosa da Silva, temos 4 filhos: Valdir, Analdina, Maria Aparecida e Maria Alice. Temos 17 netos, 13 bisnetos e 18 tataranetos, uma família grande e abençoada.
JFR: Mais uma vez somos muito gratos por nos honrar com a sua entrevista, e que Deus continue fluindo saúde e muitas bênçãos para o senhor.