“Quando Rondonópolis não tinha ainda um posto de gasolina para aeronaves, e nem agência do Banco do Brasil, os empresários, comerciantes e garimpeiros que por aqui passavam tinham que seguir viagem para a vizinha cidade de Guiratinga onde abasteciam os seus aviões.”
Natural de Votuporanga SP seus pais Manoel Lourenço dos Santos e Conceição Monteiro dos Santos trabalhavam no comércio de compra e venda de arroz. Já na infância aprenderam a economizar a situação econômica da família era instável, e nessa condição seus filhos José, João, Jarbas, Juraci, Maria, Joberto, Mariza, Marlei e Merli foram criados. Vamos conhecer um pouco da história dessa família que deu uma grande contribuição para o desenvolvimento da cidade de Rondonópolis.
Jornal Folha Regional; O que motivou a vinda da família para a nossa cidade?
José; Diante das dificuldades, e a falta de êxito nos negócios na década de 50, meus pais foram de mudança para a cidade paulista de São José do Rio Preto, onde permanecemos por alguns anos. Posteriormente viemos para Mato Grosso, chegamos em Rondonópolis no começo da década de 60 eu estava com 20 anos de idade, já tinha a Vila Operária, muitas casas e o colégio La Salle. As ruas centrais eram cortadas e todas de chão batido, o que motivou a nossa vinda para Rondonópolis foi a questão comercial da família que na época era bastante crítica.
JFR; Vocês escolheram Rondonópolis em busca de novos horizontes, e quem foi o autor dessa idéia de serem empresários na cidade de Rondon?
José; Meu tio era piloto e sempre voava para esta região, que passou a conhecer muito bem. Quando Rondonópolis não tinha ainda um posto de gasolina para abastecer aeronaves, e nem agência do Banco do Brasil, os empresário, comerciantes e garimpeiros que por aqui passavam tinham que seguir viagem para a vizinha cidade de Guiratinga para abastecer as suas aeronaves. E foi em uma dessas inúmeras vezes que viajou à Guiratinga para o abastecimento, teve a idéia de montar um posto aqui em Rondonópolis. Retornando a São José do Rio Preto passou a informação ao meu irmão Juraci, e aqui vieram e montaram o referido posto, que com o passar do tempo teve um enorme êxito. O comércio de combustível para aeronave em pouco tempo elevaria o conceito e o padrão comercial da cidade de Rondonópolis.
JFR; Inicialmente como era feita a distribuição dos combustíveis gasolina e querosene?
José; Ao contrário do que muita gente pensa, os aviões pequenos e de porte médio utilizam somente uma gasolina especial, já o combustível querosene só é usado em aviões a jato. A octanagem, ou seja a pureza do combustível tem que estar num padrão de pureza entre 100 e 85%. Nós armazenávamos a gasolina em tambores, e deles iam para as latas de 20 litros, ficava mais fácil para contarmos a quantidade de litros que iam para o tanque dos aviões. Toda gasolina passava antes por uma filtragem.
JFR; As condições do aeroporto naquela época eram favoráveis para pilotos e passageiros?
José; O primeiro aeroporto de Rondonópolis ficava na Caixa D´Agua, começava na D. Pedro II e ia até a Av. Aeroporto abaixo da José Barriga na região onde é hoje a Coder. As instalações eram precárias, havia somente o Hotel da Elza, o City Bar, o Bar do Joel, e onde é hoje o EEMOP era o nosso campo de futebol. Em frente ao bar estava instalado o serviço de alto falantes do Antônio Ribeiro Torres, que tinha 3 cornetas atreladas a um poste.
JFR; Com a chegada do combustível o que faltava para aumentar o movimento no comércio da cidade?
José; Começava um novo garimpo em Porto Velho no Estado de Rondônia, e o movimento de aeronaves aumentou grandemente em nossa região. Mas havia um certo desconforto para os empresários, garimpeiros e compradores de diamantes que aqui passavam. Na década de 60 nós inauguramos o posto de gasolina para aeronaves, mas ainda não tinha naquela época uma agência do Banco do Brasil, e todos os comerciantes tinham que seguir viagem para Guiratinga. Depois de um pequeno movimento dos poucos empresários sediados em Rondonópolis naquele período, instalou-se a tão desejada agência do referido Banco. A energia era péssima, trazia muitos transtornos à sociedade rondonopolitana da época, em 1968 instalaram um motor a Diesel mas não deu certo, em 1972 chegava a energia elétrica na cidade que demorou algum tempo para se firmar.
JFR; Você viu Rondonópolis “explodir” de vez em crescimento, fale um pouco sobre aqueles momentos?
José; O desenvolvimento de Rondonópolis e grande região sul começou com a SOMAI, uma empresa que representava a marca que produzia os tratores CBT de lâminas. Uma máquina muito útil para aqueles momentos, onde o desmatamento era permitido, e assim preparavam a terra para a plantação das sementes. A partir de então começavam a pousar em Rondonópolis aeronaves de várias partes do país, inclusive do sul. Fazendeiros do Paraná, São Paulo e Bahia passaram a conhecer de perto as perspectivas excelentes de desenvolvimento de Mato Grosso. E assim vendiam suas terras em suas regiões e compravam grandes áreas em Mato Grosso. A partir dessa movimentação o aeroporto foi transferido para uma área maior, nas proximidades onde é hoje o chamado “alto das rádios” (104 FM/Juventude AM e 105 FM).
JFR; O que representa hoje a cidade de Rondonópolis para você que é cidadão, e contribuiu para o desenvolvimento deste município?
José; Rondonópolis é uma cidade abençoada me casei aqui e nesse meu primeiro casamento tive um momento de muita tristeza, com o falecimento da minha esposa Natália. Depois de alguns anos me casei com a Santilha e com ela tenho três filhos; Meire, Marcelo e Márcio. Temos 6 netos; Thalita, Tairone, Marcela, Beatriz, Bruno Henrique se José Miguel. Temos ainda mais 3 bisnetos; Enzo, Eurico e Emanuele. Em meados da década de 70 quando cheguei de Arenápolis, depois de ter gerenciado a fazenda do meu tio José por algum tempo, o meu irmão Juraci me deu esse terreno, onde construí o meu comercio a lanchonete “Tia Santa Lanches” que é pioneiro nesta região aqui nas proximidades da Câmara Municipal, onde também ficava o prédio da FUSMAT, e aqui somos muito felizes. Agradeço essa brilhante oportunidade de estar nas páginas do Jornal Folha Regional, cujo o proprietário Evandro Santos é um batalhador.
Redação: Denis Mares