Muito se discute atualmente sobre os rumos que se tomará nos próximos anos e décadas a imprensa mundial. Alguns apostam em uma união de todas as mídias visuais digitais em uma só, ou seja, em um celular, por exemplo, estariam reunidos televisão, internet, rádio, de maneira tão alastrada que vai se tornar raro alguém possuir um aparelho em casa, daqueles em frente ao sofá que a família sente para assistir. Mas segundo muitos analistas isto é um mero engano. A internet surgiu não como uma substituta, assim como qualquer outro artifício do mundo digital, mas como um complemento para dar dinamicidade à informação, mas jamais dará ao receptor a condição satisfatória de relaxamento e de nível de atenção que este tem em sua casa tranquilamente assistindo o telejornal do fim do dia. Igualmente ocorre com o jornal impresso. Neste caso, já está mais do que provado psicologicamente que a maioria dos internautas não conseguem ficar, em média, muito mais do que um minuto lendo uma mesma matéria online. Segundo o americano estudioso Jacob Nielsen, o olhar de quem está por um computador lendo uma notícia, na ampla parte das vezes, forma um campo de visão na forma de um F na tela do computador, o que significa dizer que foca na foto, título e primeira linha. Em outras palavras, quem consome notícias pela internet está querendo se atualizar, quem lê jornal quer se informar, o que novamente confirma a tese do complemento, não da substituição. O jornal tem um poder e uma credibilidade perante as mais altas esferas da sociedade que o mundo da informação na internet ainda não alcançou. Tanto a classe política como a jurídica consideram o produto informativo veiculado no papel muito mais plausível da condição de ser uma prova que qualquer notícia veiculada em outro local. As páginas de jornais são incidentemente mais anexadas em processos, intensamente mais usadas que os conteúdos virtuais. Uma prova desta realidade, especialmente em solo brasileiro, foi uma amostra publicada este ano pela Pesquisa Brasileira de Mídia, encomendada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) ao Ibope. Das pessoas consultadas em todo o país, 53% disseram confiar sempre ou muitas vezes nas notícias veiculadas nos impressos. A porcentagem cai para 50% quando o universo em questão são as notícias exibidas no rádio, 49% no caso da televisão e chega a 40% entre os leitores de revistas. Os sites ficam em último neste pódio com mais de 60% da população dizendo não dar a mesma confiança para o que lê no papel para o que vê escrito na internet. Basicamente isto é fruto do ar de entretenimento que deu à internet as redes sociais. Muitos conservadores, e no Brasil eles são muitos, não conseguem entender o universo fora do campo palpável. Ainda segundo o estudo, um quarto da população adulta do país lê jornal com frequência. Além disso, os autores da pesquisa encomendada pelo Governo Federal ressaltam que os conteúdos consumidos ou reproduzidos pela internet, em grande parte, têm origem nos jornais impressos. Sobre o tempo de leitura, de acordo com o levantamento, 24% dos brasileiros leem jornal pelo menos um dia por semana. Os assuntos de maior interesse do leitor brasileiro são: notícias locais (33%), esportes (25%) e notícias do Brasil (21%), notícias policiais e os cadernos de conteúdos relacionados a celebridades, fofocas e novelas ficaram com 16%, cada. Entorno do universo policial se explica por um fator específico: nesta editoria os consumidores de informação preferem acompanhar pela televisão. O tempo médio diário dedicado à leitura dos impressos é de 1h05min no Brasil. Nas eleições de 2014, os jornais impressos novamente se apresentaram com papel de destaque ditando o ritmo da campanha e reproduzindo com eficácia cada debate ou qualquer fato novo que ocorria em meio a cena eleitoral. Há de se reconhecer uma coisa, no entanto, no jornal impresso não se tem mais lugar apenas para a factualidade. O jornalista que tem por tarefa produções de matérias diárias, semanais ou mensais para um material impresso, tem contra si o tempo, já que os sites certamente já publicaram a maioria dos fatos de conhecimento público. Caba a este veículo então usar o tempo a seu favor, já que diferentemente dos seus ‘rivais’ virtuais ele tem exatamente como trunfo o que parecia que era problema, o próprio tempo. Com um pouco mais de condição de prazo para ir mais a fundo no assunto, o impresso consegue trabalhar mais com a criatividade do artista que monta a informação, dando uma nova visão ou contexto histórico ainda não anunciado até o momento. E para tanto, o jornal se aproveita de sua relação mais longínqua com as fontes para a retirada daquele foco extremamente relevante que passou batido a primeira vista. O jornal impresso é imortal, assim como é o livro, assim como serão para sempre bem vindos escritores para fazer o mundo imaginar e refletir, haverá sempre lugar para o bom e velho jornal. Tradicional como o pãozinho de cada dia e indispensável para quem tem sede de informação.