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quinta-feira, novembro 21, 2024

Iracy Barbosa Moraes – Pioneira – Da travessia da balsa no Rio Vermelho, a comerciante em Rondonópolis.

A nossa entrevistada nasceu no Estado da Bahia, mais precisamente na cidade de Juazeiro em 1939, seus pais Jose Barbosa e Maria Pereira eram lavradores, e vieram para Mato Grosso em busca de dias melhores. Vamos conhecer um pouco mais desta pioneira rodonopolitana, que hoje participa do grupo de senhoras da 3ª. idade na Igreja Metodista local.
Jornal Folha Regional: Fale um pouco da sua infância em Juazeiro:
Dona Iracy: Era um tempo de muitas dificuldades, a luta na lavoura era intensa especialmente para a sobrevivência. Meus pais cultivavam banana, mamão, plantavam também arroz e feijão, o que amenizava as nossas dificuldades era o carinho dos meus pais que sempre se preocupavam com o nosso bem estar e sobretudo com o nosso futuro.
JFR: Como se deu a vinda da família para Mato Grosso?
Dona Iracy: Nós tínhamos bons vizinhos sitiantes em Juazeiro, que se reuniram e resolveram tentar a sorte em um outo lugar, especialmente para facilitar os estudos do filhos. Formou – se a partir de então uma comitiva com três numerosas famílias. Apesar de não me lembrar do ano em que saímos de Juazeiro, me lembro muito bem dos animais, cada família trazia a sua tralha também conhecida naquela região como broaca, ou seja os seus pertences de sobrevivência amarrados no lombo dos burros. No lombo dos burros vinham o arroz, o feijão a carne de bode sêca e a farinha de mandioca. Nós parávamos nos lugarejos nos sítio e nas fazendas, para tomar agua, comer e dormir, por motivo de segurança de todos a comitiva não andava a noite, e só recomeçava a caminhada já com o dia clareando.
JFR: Em que região do Estado de Mato Grosso vocês ficaram primeiro?
Dona Iracy: Nós passamos por algumas cidade de Mato Grosso, primeiramente em Guiratinga depois fomos para Poxoréo, Nortelândia e Arenápolis. Eu cheguei aqui em Rondonópolis no mês de Março de 1956, eu estava com 15 anos de idade.
JFR: Qual foi a sensação da travessia da balsa no Rio Vermelho?
Dona Iracy: A travessia naquela balsa era algo muito especial, o Rio Vermelho parecia nos incentivar para que aqui ficássemos de vez, atravessar a balsa do Rio Vermelho e pisar a margem de cá foi um momento de alegria e emoção que eu não consigo definir em palavras.
JFR: Como a senhora se sentiu, após a sua adaptação em Rondonópolis, cidade que escolheu para morar?
Dona iracy: Eu senti que a cidade tinha tudo para crescer, mas tínhamos que ter paciência, porque as pessoas chegavam aos poucos, ea muito difícil chegar em Rondonópolis. A cidade começava no casario na Mal. Rondon e terminava na Praça dos Carreiros. Quando chovia até os carros de bois atolavam, a feira de Rondonópolis era em baixo de uma grande mangueira, onde todos aproveitavam a sua sombra. As mercadorias dentre elas carnes de boi, porco, peixes, muitos galos e galinhas, abóbora e verduras em geral, eram trazidas dos sítios vizinhos e das fazendas da região nos carros de bois.
JFR: Como era o movimento do comercio na Marechal Rondon?
Dona Iracy: Na Mal. Rondon a cidade começava a se desenvolver, começaram a surgir a Pensão Cuia, o Bolicho do Eltímio de Matos, o Hotel Luzitano da Elza,a Farmácia Santa Terezinha do Elzio Borges Leal. A primeira livraria de Rondonópolis pertencia ao seu Manoel Agasalho, a segunda livraria da cidade pertencia ao Pedro Caui. Onde é hoje o correio ficava a cadeia da cidade, o primeiro cartório da cidade pertenceu ao seu Osvaldo. Onde é hoje o Museu Rosa Bororo foi primeira sede da prefeitura de Rondonópolis. O primeiro Hospital foi o Samaritano , os primeiros médicos que conheci em Rondonópolis foram o Dr. Suai e o Dr. Juscialdo.
JFR: Como era o lazer dos rondonopolitanos na década de 60 ?
Dona Iracy: Na Mal. Rondon tinha um salão de baile e um barzinho, quem animava os baile era o conjunto do Marinho, que tinha o apoio do músico Osmar Roberti. Lá aconteceram grandes carnavais, e surgiram dali grandes namoros que se tornaram noivados e depois casamentos. A rapaziada os jovens e adolescentes não saiam do campo de futebol que ficava onde é hoje a Escola EEMOP. Para os católicos da cidade logo foi construída a Igreja Sagrado Coração de Jesus pela inciativa e apoio do Bispo D. Wunibaldo Tauller. Aos poucos a cidade foi se desenvolvendo Antônio Ribeiro logo instalou o seu serviço de auto-falantes, a Rádio Baniff que marcou época na cidade e foi um grande sucesso. O cinema também começou a funcionar na cidade e tudo começou a se desenvolver.
JFR: Nos anos 60 como era o transporte público em Rondonópolis?
Dona Iracy: Eu fui comerciante em Rondonópolis durante 15 anos, eu acompanhei de perto essa evolução naquele tempo tinha um ônibus apelidado de a baleia que cobria toda a nossa região levando e trazendo passageiros. Um dos pontos era na Mal. Rondon no Bar do Roxinho onde vendia as passagens para Guiratinga, Galiléia, Alcantilado e São José do Povo.
JFR. O que representou a Dona Enedina para senhora, e o que representa hoje as atividades da 3ª. idade:
Dona Iracy: Ela me deu o maior apoio, em um momento muito difícil da minha vida, eu agradeço muito a ela. Quanto as atividades da 3ª. idade,, eu comecei na UFMT e posteriormente mudei para o grupo da Igreja Metodista. Está sendo um grande aprendizado, estou muito feliz.
JFR: Para encerrarmos esta entrevista, desde já agradecemos pela sua atenção, fale um pouco sobre a importância da família.
Dona Iracy: Conheci o meu marido Luis Soriano de Moraes em Rondonópolis, me casei no Vale Rico, tenho três filhos: Sebastião Moraes, o saudoso Luizinho Barbosa de Moraes e o Zé Pereira. Agradeço a todos os rondonopolitanos, cidade encantadora que nos faz feliz.

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