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terça-feira, novembro 26, 2024

Internet chega a 88,1% dos estudantes, mas 4,1 milhões da rede pública não tinham acesso em 2019

O percentual de estudantes, de 10 anos ou mais, com acesso à internet cresceu de 86,6%, em 2018, para 88,1% em 2019, mas 4,3 milhões ainda não utilizavam o serviço, sendo a maioria alunos de escolas públicas (95,9%). Enquanto, 4,1 milhões de estudantes da rede pública de ensino não tinham acesso ao serviço, apenas 174 mil alunos do setor privado não tinham conexão à rede mundial de computadores.

Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD) Contínua, que investigou no último trimestre de 2019 o acesso à Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). As informações foram divulgadas hoje (14) pelo IBGE.

Quase todos os estudantes de escolas particulares tinham acesso à internet (98,4%). Já no ensino público, eram 83,7%. Essa diferença é ainda mais marcante entre as grandes regiões do país. No Norte e Nordeste, o percentual de estudantes da rede pública que utilizaram a internet foi de 68,4% e 77,0%, respectivamente. Nas demais regiões esse percentual variou de 88,6% a 91,3%.

Já na rede de ensino privada, o percentual de uso da internet ficou acima de 95,0% em todas as grandes regiões, alcançando praticamente a totalidade dos estudantes no Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

“Isso está relacionado à renda. 26,1% dos estudantes não utilizaram a internet por considerar o serviço caro e 19,3% devido ao custo do equipamento eletrônico para navegar na rede. Essas diferenças são ainda maiores entre os estudantes da rede pública e da rede privada, revelando um traço de desigualdade que ficou ainda mais evidente na pandemia, quando o ensino presencial foi suspenso e as famílias tiveram que se adaptar às aulas remotas”, afirma a analista da pesquisa, Alessandra Scalioni Brito.

Somente 64,8% dos estudantes de escolas públicas têm celular

Em 2019, o uso do celular para acessar à internet avançou ainda mais entre os estudantes, chegando a 97,4%. A pesquisa mostra, contudo, que somente 64,8% dos alunos de escolas públicas tinham o aparelho para uso pessoal e nem todos eles tinham acesso à rede. No ensino privado, 92,6% dos estudantes tinham um telefone móvel. Essa diferença era ainda maior no Norte do país, onde apenas 47,5% dos alunos do ensino público tinham um celular.

“Entre os estudantes da rede privada, o percentual dos que tinham celular com acesso à internet foi de 99,1%, ao passo que, entre os estudantes da rede pública, foi 97,0%, ou seja, o estudante que tem celular próprio costuma ter acesso à internet no aparelho”, comenta Alessandra.

Dos estudantes da rede pública que não tinham celular em 2019, 41,2% alegaram o alto custo do aparelho. Outros 28,7% disseram que não tinham celular porque usavam o aparelho de outra pessoa. Esses dois motivos também foram os mais comuns entre os estudantes da rede privada, contudo o uso de aparelho de outra pessoa tem peso maior (40,3%) que a questão do aparelho telefônico ser caro (20,0%).

“Esses dados mostram que estudantes da rede pública tinham menos acesso a telefone próprio e a questão financeira tinha um peso maior. E como o celular é o principal meio de acesso à internet, num contexto de ensino remoto, provavelmente, esses estudantes terão mais dificuldades do que os da rede privada”, diz a analista da pesquisa

Se o uso do celular por estudantes para acessar à internet vem crescendo, ano após ano, o do microcomputador, por outro lado, vem reduzindo. Em 2016, início da pesquisa, 70,6% dos estudantes usavam computador para navegar na internet, frente a 56,0% em 2019. Já o uso da televisão para navegar na internet cresceu, de 11,9% para 35,0%. O tablet era usado somente por 13,4% dos estudantes, a maioria da rede privada.

Uso da internet avança nos domicílios, principalmente no Nordeste

A PNAD TIC mostra ainda que a internet era usada em 82,7% dos domicílios brasileiros em 2019, um aumento de 3,6 pontos percentuais em relação a 2018. O aumento foi maior na área rural (55,6%) que na urbana (86,7%). Houve avanços em todas as grandes regiões, sobretudo no Nordeste, que, apesar do aumento de 5,2 pontos percentuais em relação a 2018, ainda se manteve como a região com menor percentual de domicílios com acesso à internet (74,3%).

Nos domicílios em que havia utilização da internet, o percentual dos que usavam banda larga móvel 3G ou 4G passou de 80,2% para 81,2% entre 2018 e 2019. Já o percentual dos domicílios que utilizavam a banda larga fixa aumentou de 75,9% para 77,9%.

Norte e Nordeste têm menores percentuais de pessoas com acesso à internet

Em 2019, a internet foi usada por 143,5 milhões de pessoas com 10 anos ou mais, estudante ou não (78,3%). Esse número é maior que o de 2018 (74,7%). Norte (69,2%) e Nordeste (68,6%) registraram os maiores avanços entre 2018 e 2019 (4,5 e 4,6 p.p., respectivamente), mas ainda permanecem abaixo do percentual das demais grandes regiões do país.

O uso da internet também avançou em todos os grupos etários, mas vem sendo mais acelerado nas faixas de idade mais elevadas, como 50 a 59 anos e 60 anos ou mais, cujo acesso à internet subiu 6,3 p.p. de 2018 para 2019.

“Isso pode ter sido propiciado pela evolução nas facilidades para o uso da internet e na sua disseminação no cotidiano da sociedade”, ressalta Alessandra Scalioni Brito, lembrando que nesses grupos etários, o uso da internet tem mais espaço para crescer que nos demais, que já têm elevados percentuais de acesso.

Em 2019, 81,0% da população de 10 anos ou mais, estudante ou não, tinha celular para uso pessoal, percentual um pouco maior ao do ano anterior (79,3%). Não à toa o aparelho é o meio mais usado para acesso à internet (98,6%), seguido pelo microcomputador (46,2%), pela televisão (31,9%) e pelo tablet (10,9%).

Entre os 39,8 milhões de pessoas que não acessaram a internet em 2019, 43,8% alegaram não ter o serviço por não saber navegar na rede. Outras 31,6% disseram não ter interesse, 18,0% alegaram custo e 4,3% afirmaram que o serviço não estava disponível nos locais que costumavam frequentar.

O percentual de pessoas que não acessaram a internet devido ao serviço não estar disponível nos locais que costumavam frequentar continuou destacadamente mais elevado no Norte (12,8%) e menor no Sudeste (2,0%), variando entre 3,2% e 3,9% nas demais grandes regiões. Esse motivo era o mais elevado na área rural (10,6%), se comparado à área urbana (1,5%).

Fonte: IBGE

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