“Fazer inovação sem a participação da academia é utopia”. Esta é a avaliação do diretor executivo da Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras (Certi), Leandro Carioni, que participou do ‘5º Diálogo & Inovação – Giro de Ideias’, realizado nesta terça-feira (15/09), pelo Sistema Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Sistema Fiemt), por meio do Conselho Temático de Inovação e Tecnologia (Cointec). Ele se referiu à necessidade de unir forças entre todos os setores da sociedade em prol da inovação e competitividade, fatores chaves para que o país saia da atual situação econômica.
“Inovação é um processo que transforma conhecimento em um elemento que gera valor no mercado. Por isso, o grande desafio brasileiro é produzir um canal de conhecimento comum entre a universidade, que produz ciência, e a indústria que atua diretamente no mercado. Neste processo é preciso que a Fiemt esteja inserida”, explicou. Carioni deu como exemplo o modelo já executado em Florianópolis, que deverá crescer 12% só este ano, respondendo a 50% da base do PIB, graças ao investimento em empresas de tecnologia. “A estimativa é que o PIB do Brasil reduza em 2,5%. Se tivéssemos um pouco mais de entidades inovadoras, participantes deste diálogo, faríamos outro país”.
A fala do especialista foi endossada pelo vice-reitor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), João Carlos Maia. Segundo ele, muitos professores têm se empenhado na produção do conhecimento e de novas tecnologias. “Por meio da Fiemt, temos buscado proximidade com a iniciativa privada, para que nossos pesquisadores possam estar em cooperação, transferindo conhecimento para melhoraria da qualidade e produtividade das empresas. A Universidade está à disposição para colocar em prática o sistema ganha-ganha, em que recebemos os recursos para fazer as pesquisas e nossos pesquisadores oferecem para a sociedade aquilo que eles desenvolvem nos laboratórios”, esclarece.
O encontro teve o intuito de criar um ambiente propício para transformar em negócios as tecnologias desenvolvidas nos Institutos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) de Mato Grosso. Os projetos foram apresentados nos modelos de negócios Canvas e ‘Elevator Pitch’, que permitem uma exposição concisa e rápida, focada nas informações essenciais e nos diferenciais do projeto. As ideias envolvem áreas de tecnologia da informação, alimentos e bebidas, eficiência energética, alimentos, gestão de pessoas, produção e construção civil. Os projetos tiveram a participação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-MT) e Serviço Social da Indústria (Sesi-MT).
Durante o encontro, o secretário do Gabinete de Assuntos Estratégicos do Governo Estadual, Gustavo Oliveira, ressaltou a importância da inovação como fator central no desenvolvimento do Estado. “Precisamos de inovação e destaco que ela está desde um grão de soja, que contém muita pesquisa e tecnologia, até nas oportunidades que aparecem na crise”. Ele citou como exemplo a crise energética que tem gerado a substituição de lâmpadas incandescentes por lâmpadas de LED. “A lâmpada foi patenteada no século 19, mas o conceito ainda é o mesmo, a diferença é que a tecnologia embutida é muito maior. O que nós precisamos é estimular essa inovação. Neste diálogo já identificamos várias destas grandes ideias”. O secretário reforçou, ainda, a crise como impulsionadora da inovação. “Essa é a tônica central. A inovação precisa estar no centro da estratégia de desenvolvimento”.
Por fim, o secretário-adjunto de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado (Seciteci), Aluízio Leite, falou da importância de um conselho de inovação e tecnologia como o Cointec para o Estado, que começa a viver o círculo virtuoso no sentido de potencializar e concretizar ideias. Ele também lembrou do papel fundamental do parque tecnológico como um ambiente próprio para que pessoas e empresas inovadoras possam explorar a inovação, além de gerar emprego, renda e o desenvolvimento de talentos. “Vamos contribuir muito com o progresso da ciência, da tecnologia e da inovação no Brasil. Mais do que o Estado da agroindústria e do conhecimento, temos que ser tecnológicos. Essa iniciativa da Fiemt é fundamental para que a gente possa alcançar tudo que sonhamos”.