23.1 C
Rondonópolis
quinta-feira, novembro 28, 2024

Há um movimento orquestrado para privatizar universidades, diz professor da Unesp

O presidente da Associação dos Docentes da Universidade Estadual Paulista (Adunesp), João Chaves, observa que existe uma movimento coordenado no país para privatizar universidades públicas, estaduais e federais. Em entrevista à Rádio Brasil Atual, Chaves alerta que a ação pode destruir o desenvolvimento acadêmico e tecnológico no país.

“Tanto o Future-se quanto as iniciativas que estão sendo tomadas no estado de São Paulo, de asfixia financeira das universidades, e as medidas que estão sendo tomadas por alguns reitores, caminham na mesma direção. Ocorre que, em nenhum lugar do mundo, as universidades importantes são financiadas pela iniciativa privada”, afirmou.

Para Chaves, a ideia de financiar universidades por investimentos da iniciativa privada – na prática, privatizar universidades – pode ser um desastre para o desenvolvimento científico e do pensamento crítico, já que a pesquisa acadêmica é muito mais ampla que os interesses dos investidores.

“Existem interesses, linhas de pesquisa, que não tem objetivo imediato de lucro, o que é fundamental para a iniciativa privada. Universidade e mercado não podem caminhar na mesma direção, ter a mesma lógica de funcionamento”, diz o presidente da Adunesp.

Apesar de todos os problemas de subfinanciamento e das atuais ações de perseguição contra professores e estudantes, o Brasil é um dos maiores produtores de artigos científicos do mundo, na avaliação do professor. “O Brasil é o 13º país na produção de artigos acadêmicos. Está à frente, por exemplo, da França, da Suécia, da Holanda, da Turquia. Isso não é pouca coisa. Entre as 100 universidades brasileiras que mais produzem, as três paulistas são as primeiras. E elas produzem hoje, cerca de 30% de toda produção acadêmica nacional”, afirmou, argumentando contra a ideia de privatizar universidades.

No caso das perseguições, João Chaves destaca a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada na Assembleia Legislativa de São Paulo, que oficialmente deve analisar os gastos das instituições, mas tem servido de palanque a perseguições ideológicas.

“Preocupa muito a CPI porque ela tem se pautado por um conjunto de ataques às universidades. A maior parte dos deputados que a compõem tem pouco entendimento do que são essas universidades. Há também um tratamento, para dizer o mínimo, deselegante com os reitores, os pró-reitores, enfim, as pessoas que têm ido prestar depoimento à CPI. Isso é lamentável”, afirmou.

RELACIONADAS

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

OPINIÃO - FALA CIDADÃO