Dono da maior trading de capital nacional, o Grupo André Maggi decidiu investir na abertura de uma filial na Europa para distribuir a produção de grãos, óleo e farelo originada pela companhia. A nova subsidiária do grupo também quer tornar-se referência para os negócios de outras empresas brasileiras e argentinas do ramo no Velho Continente.
A Amaggi Europe, com sede em Roterdã, na Holanda, abriu as portas em julho com um escritório de 15 especialistas em comércio exterior. “É uma trading que está nascendo para ser referência na Europa”, afirmou o diretor-presidente do grupo, Pedro Jacyr Bongiolo ao Valor. “Também vamos fazer a intermediação de negócios com empresas brasileiras e argentinas”.
O grupo, que deve faturar US$ 1,8 bilhão neste ano, não revela as quantidades embarcadas ao exterior sob a alegação de estratégia comercial. Mas a Amaggi informa que 90% de suas exportações no ano passado tiveram a Europa como destino. A empresa exportou US$ 591,6 milhões em 2007, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento.
A abertura de uma trading na Europa atende à antiga aspiração do Grupo André Maggi de atuar na última etapa da comercialização de sua produção, a distribuição direta nos portos europeus. “Fomos nos especializando, conhecendo o mercado externo e achamos que agora era a hora de dar esse passo no exterior”, diz Bongiolo.
A nova empresa também ajudará o grupo a tornar-se independente de outras companhias. Até então, a Amaggi utilizava os serviços de distribuição da Cefetra para entrar no mercado europeu. Braço das cooperativas européias, a empresa tem atuação na Hungria, Polônia e Reino Unido.
Em seu plano de expansão, a Amaggi pensou até em adquirir as operações da Cefetra, apurou o Valor. Mas desistiu depois de identificar que os maiores ativos da parceira eram justamente seus executivos e seu amplo conhecimento do mercado europeu. Diante disso, decidiu recrutar parte dos novos funcionários da Amaggi Europe na Cefetra, o que teria gerado um certo desconforto inicial. O especialista Anouk Ploeger foi um deles.
A subsidiária européia da Amaggi também dará ao grupo condições de prospectar novos negócios relacionados ao ramo. “Vamos ter oportunidade de ver novos negócios estando por lá. Temos que estar mais presentes no mercado consumidor porque trabalhamos com nichos, como a soja não-transgênica”, afirma.
Mesmo com os planos agressivos de expansão da Amaggi no exterior, Bongiolo garante que o grupo será “conservador” em sua expansão para além das fronteiras nacionais. “Seremos bastante conservadores no início, mas cresceremos aos poucos”, diz.
A Amaggi também está em processo de ampliação de suas instalações em Porto Velho (RO). Com dificuldades para exportar milho no atual porto da cidade, em razão das limitações operacionais, a empresa adquiriu um terreno no perímetro urbano da cidade para construir novas instalações.
“As operações devem começar no segundo semestre de 2009”, prevê Pedro Jacyr Bongiolo. As negociações com o governo de Rondônia para a criação de infra-estrutura necessária já estão bastante adiantadas. Com essa ampliação, também devem ser necessárias a compra de novas barcaças e empurradores para transportar a produção, além da modernização das instalações do porto de Itacoatiara (AM), às margens do rio Amazonas, onde são feitos os transbordos das barcaças para navios de grande calado.
Olhar Direto
