Após quase três anos de intensos ataques à Globo, maior rede de TV do país, o governo Jair Bolsonaro (PL) praticamente dobrou o gasto com publicidade na emissora de janeiro a junho deste ano, em comparação com o mesmo período de 2021. O presidente é pré-candidato à reeleição e tem utilizado o espaço institucional na mídia para divulgar obras e programas realizados nos últimos quatro anos.
De 1º de janeiro a 21 de junho do ano passado, a Globo recebeu R$ 6,5 milhões em valores líquidos pagos por materiais publicitários de televisão veiculados em âmbito nacional e regional. Já em 2022, no mesmo período, observa-se aumento de 75% (R$ 11,4 milhões).
Os dados são da Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência), órgão responsável pelas contratações na área de publicidade e propaganda do governo, e foram divulgados pelo site UOL.
Além de ampliar consideravelmente os gastos com a ex-adversária, o Governo de Jair Bolsonaro também mudou o perfil de investimentos na emissora.
Em 2021, a Secom havia comprado espaço na Globo para 46 inserções publicitárias categorizadas como "utilidade pública" e apenas dez para materiais institucionais. Já de 1º de janeiro a 21 de junho deste ano, são 72 campanhas institucionais na maior emissora do país e apenas duas, "utilidade pública"
O valor investido em publicidade na Globo (R$ 11,4 milhões) em 2022 representa 41% do montante total destinado à compra de espaço publicitário na emissora (R$ 27,5 milhões) em quatro anos de mandato — considerando o mesmo período para cada ano do governo Bolsonaro, 1º de janeiro a 21 de junho (veja quadro abaixo).
O espaço na TV é comprado por meio de uma das três agências que possuem contrato com o governo e atendem às demandas da Secom. As despesas são categorizadas como "valores líquidos pagos à contratada" (agências) e "valores líquidos pagos ao fornecedor" (veículos de comunicação) — o levantamento considera o segundo critério.
A Globo e o Governo Federal não quiseram comentar os dados sobre investimentos em publicidade.
Da Redação (com informações do UOL)