O pantanal foi considerado pela Unesco como Patrimônio Natural Mundial e Reserva da Biosfera. Anualmente o bioma alagado atrai milhares de turistas e estudiosos do mundo todo que vêm a Mato Grosso, onde está localizado 35% da reserva, para ver esta maravilha da natureza. A produção agrícola do estado é simplesmente admirável, maior do que muito país de economia de respeito por aí. A liderança nacional em produção de soja, por exemplo, se consolida a cada ano e cerca de 30% das 90 milhões de toneladas de oleaginosa cultivada no Brasil é mato- -grossense, totalizando 26 milhões de toneladas. Analisando somente a riqueza de recursos naturais, a força da economia e a soma de ideias de empreendedores de toda parte do Brasil e do mundo que se mudaram e hoje moram em Mato Grosso uma dúvida fica na cabeça: porque algumas coisas simplesmente não dão certo do no estado? O futebol é um claro exemplo disso. Notadamente, este esporte é um bom reflexo da economia de um local. Quando a riqueza da localidade cresce, os clubes tendem a acompanhar esta evolução, haja vista a China que está contratando craques aos montes para a Chinese Super League, a liga do país, que levou nada mais nada menos que Didier Drogba para jogar no país e hoje tem o brasileiro Vagner Love fazendo muitos gols por lá. Fenômeno parecido ocorre com o futebol da Índia, que hoje tem nomes de respeito como os brasileiros Elano e André Santos jogando por lá. Incrivelmente, porém, no estado que é celeiro da produção agrícola do Brasil, onde há muita gente que ama futebol, tem estádio de Copa do Mundo e condições totais de ter ao menos uma equipe na série A do campeonato brasileiro isto simplesmente não ocorre. O time mato-grossense mais próximo de conquistar uma vaga na elite do futebol nacional é o Luverdense, mas a equipe de Lucas do Rio Verde, que aparentava vir com força para a série B 2014, com chances reais de acesso, atualmente é apenas a 11º colocada da segunda divisão e tem seis equipes a sua frente até o quarto colocado, último que conquistará a vaga para estar entre os 20 principais times do país em 2014. Atualmente, aliás, o quarto colocado é a equipe do Avaí, de Santa Catarina. O estado, inclusive, que não foi sede de Copa do Mundo e é bem menor que Mato Grosso, já tem Figueirense, Criciúma e Chapecoense na série A e teve a confirmação da subida do Joinville, que com quatro rodadas de antecedência garantiu a ascensão na semana passada. Se tudo ocorrer como o catarinense espera, ou seja, mantendo-se os três representantes atuais na série A, o que necessitaria de uma arrancada principalmente do Criciúma, atual lanterna, mas que está a apenas quatro pontos do último colocado fora da degola, e ainda confirmando os bons resultados do Avaí nas últimas rodadas da divisão de acesso, a chance é real de haver cinco times catarinenses na série A em 2015, o que seria um ápice para o futebol daquele estado, que fatalmente teria a maior representatividade na elite nacional, e uma vergonha para o futebol mato-grossense. Mas porque o futebol de Mato Grosso não deu certo até agora? O mais popular time do estado e um dos mais antigos, o Mixto Esporte Clube, talvez seja uma explicação clara desta pergunta. Dono da maior torcida do estado e de uma história que o credenciaria para estar entre os grandes do Brasil, o time era comandado até estes dias por Éder Moraes, pivô central do esquema criminoso que realizou fraudes e lavagem de dinheiro no estado, quando era secretário de Silval Barbosa e Blairo Maggi, deflagrados pela operação Ararath, da Polícia Federal. É óbvio que existem cartolas com reputação asquerosa em muitos times da série A, mas não é a toa que muitos deles estão derrubando seus times na tabela e outros até caindo para a segunda divisão, como é o caso do Vasco da Gama, que foi refém por muito tempo de Eurico Miranda e outros do mesmo nível, e hoje paga o preço. Futebol requer organização, seriedade e um trabalho profissional na prática. Ou então deve se contentar em assistir o sucesso dos outros pela TV.