“Se desde o impeachment de Collor, o ano de 2013 foi marcado pela volta das grandes manifestações populares, quando milhões foram as ruas protestar contra a corrupção de um modo geral, Deus queira que 2014 seja marcado como um ano de uma Copa maravilhosa e da maior manifestação intelectual da população brasileira, quando for votar”
Até agora a Copa do Mundo tem saído melhor que a encomenda para os organizadores. As manifestações não têm conseguido aglutinar gente o bastante para impedir o transcorrer normal do evento e têm se resumido a atos isolados de grupos de militantes políticos. A não ser com gritos sem educação direcionados a presidente da república, somados ao sistema de som do Beira Rio, que privou o público no estádio e o mundo de ouvir mais uma vez o belo hino francês, no primeiro jogo dos europeus, nenhum outro ponto negativo foi relevante o bastante para mudar o foco das manchetes dos jornais internacionais, que até o momento estão totalmente entretidos apenas nos jogos.
O povo brasileiro tem abraçado os torcedores de outros países e o que se vê nos estádios, obviamente nos jogos que não envolvam a seleção local, é uma divisão do público, adotando metade a torcida para um time, enquanto outros se juntam aos turistas do outro lado. Reconhecidamente o ser humano mais hospitaleiro no mundo, o povo brasileiro tem arrastado os gringos para as ruas e a festa tem saído também para fora do estádio com certos limites e a não ser com casos isolados, não houveram depredações, atos de vandalismo ou registros em série que viessem a afetar o patrimônio público, ou até mesmo privado.
Se desde o impeachment de Collor, o ano de 2013 foi marcado pela volta das grandes manifestações populares, quando milhões foram as ruas protestar contra a corrupção de um modo geral, Deus queira que 2014 seja marcado como um ano de uma Copa maravilhosa e da maior manifestação intelectual da população brasileira, quando for votar. Que o povo assuma um papel de indagador ferrenho, quando receber o tapinha nas costas. Que cada candidato que visite residências, ouça a voz da cobrança inteligente e note a prova na urna que o dinheiro, pela primeira vez na história, não foi primordial para definir os rumos eleitorais. Pode ser que seja utópico pensar isso, mas alguns meses atrás também parecia ser utópico ver milhões se organizarem da maneira que foi há 12 meses atrás.
O resultado final dos jogos da Copa, se não for o que o povo quer, será certamente o de que, independente de qualquer problema social que ainda enfrentamos, somos capazes de sediar um grande torneio, assim como qualquer outra potência mundial. Temos cidades belíssimas, como poucos têm. Em quantidade de bons estádios talvez nenhum outro país tenha atualmente como o Brasil. Nos damos ao luxo de deixar Arenas como a novíssima do Grêmio, o tradicional Morumbi e até o contestato, mas moderno Engenhão, do Rio de Janeiro, fora do torneio.
A Copa do Brasil está mostrando ao próprio brasileiro o seu devido tamanho. Somos a sétima economia do mundo e nós mesmo não respeitamos o nosso poder de fogo. Gente mal intencionada tem em todo mundo, inclusive na ONU, Vaticano, Espanha, Itália, em Washington. O que sempre foi nosso pior defeito foi a impunidade, não a corrupção em si. O ato de querer levar vantagem é da natureza humana, o que coibe o irregular são as leis de cada local, o que parece que aqui simplesmente não existem. Mas nós temos um trunfo a partir de agora, temos o Facebook, temos a internet em si, os Whats App da vida… E se o brasileiro não conseguia fazer uma articulação e reunir-se contra os principais tomates podres, a partir de agora somamos força nem que for em uma corrente ideológico dentro de nossa própria casa. O voto é a arma e a trincheira que se aguarda antes da batalha é confortável.
Temos muitas batalhas a vencer, mas sabemos qual a cara do inimigo. O político corrupto que ainda tem cargo no Brasil pode não ter sido pego pela polícia, mas já tem sua devida fama pulverizada no mundo virtual. Neste ano podemos usar a tecnologia em nosso favor, a mesma empregada nos estádios construídos e a mesma que consegue dizer exatamente se a bola entrou ou não no gol. O simples celular agora pode se transformar em uma arma valiosíssima para a difusão de informações fundamentais de última hora que podem mudar o rumo de uma eleição. Temos de ficar atentos com as tentativas de manipulação, mas se a população de bem se juntar o dinheiro pela primeira vez, como já foi citado, não será mais o único elemento de uma vitória eleitoral. Se não vibrarmos em 13 de julho, que pelo menos possamos comemorar em 5 de outubro.
Redação