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sexta-feira, outubro 11, 2024

Fala de Bolsonaro associando moradores de favela com bandidos gera revolta

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi a um evento em uma comunidade do Rio de Janeiro onde havia "só traficante". Logo depois de dizer que "conhece" o estado, o chefe do Executivo disse que o petista foi ao Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo (RJ), quando Lula esteve, na verdade, no Complexo do Alemão, na capital fluminense. As declarações causaram revolta entre moradores de favelas, que viram no ataque a reafirmação de um preconceito social contra os pobres brasileiros.

"Eu conheço o Rio de Janeiro, o senhor esteve no Complexo do Salgueiro. Não tinha um policial do seu lado, só traficante. Tanto é verdade sua afinidade com traficantes e bandidos que nos presídios do Brasil, cada cinco votos, você teve quatro votos", disse Bolsonaro.

O presidente também tentou colar à imagem do petista suposta ligação com Marcola, líder do PCC (Primeiro Comando da Capital), citando gravação telefônica grampeada envolvendo o traficante. "Ele diz ali, chama o senhor de um palavrão, diz que prefere o senhor do que a mim. Fazer presídio e deixar amigos soltos em outro presídio, comandando crime, isso é um crime, seu Lula."

Lula rebateu e disse que se orgulha de ser o "único candidato a presidente da República que tem coragem de entrar em uma favela". "Eu ia sabe por que? Porque eu acredito no povo. Eu fui no complexo do Alemão, povo extraordinário, trabalhador. Fizemos uma passeata extraordinária, exuberante. E ali não tinha bandidos. Tinha mulher e homem que trabalham, que levantam cinco horas da manhã para trabalhar", disse Lula.

"Os bandidos você sabe onde estava. Tinha um vizinho seu que tinha 100 armas dentro de casa, o senhor sabe. Esse não era da favela do Complexo do Alemão. Esse morava em um apartamento na Avenida Copacabana. É achar que só os bandidos estão no lugar dos pobres? Os grandes bandidos estão no lugar dos ricos. Os pobres são grandes trabalhadores", continuou o petista.

REAÇÕES
Nas redes, houve reação à fala de Bolsonaro. Políticos, artistas e moradores de favelas usaram a internet para reclamar da acusação.

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, foi um dos primeiros a reagir. “Para esse Bolsonaro, todo pobre e favelado é traficante e bandido.   Que preconceito assustador!  Não é à toa que não tem programa para as favelas!  Respeita o povo do Complexo do Alemão Bolsonaro!”, afirmou ele pelo Twitter.

Pela mesma rede, Guilherme Boulos, que já foi candidato à presidente e neste ano foi eleito o deputado federal mais votado em São Paulo, classificou a fala como um ato de desumanidade.

“Para esse Bolsonaro, todo pobre e favelado é traficante e bandido.   Que preconceito assustador!  Não é à toa que não tem programa para as favelas!  Respeita o povo do Complexo do Alemão Bolsonaro!”, cobrou Boulos.

Raull Santiago, que mora e lidera projetos sociais no Complexo do Alemão, considerou a fala uma ofensa grave à todas as pessoas que vivem em regiões pobres. “Bolsonaro simplesmente falou que nós que vivemos no Complexo do Alemão somos traficastes. Isso é um escárnio”.

Muitas pessoas também manifestaram repúdio à fala, lembrando que a declaração constitui crime contra os moradores. Muitos advogados até se ofereceram para ajuizar ações contra o ataque.

Lula foi ao Complexo do Alemão na última quarta. Pela manhã, reuniu-se com lideranças comunitárias para tratar de projetos sociais, política de armas, cultura e segurança pública. Depois, fez uma caminhada de cerca de 1 hora pela Estrada de Itararé.

Com o prefeito Eduardo Paes (PSD) e do deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ), candidato derrotado ao governo do estado, o cortejo andou por quase 2km com um dos maiores públicos do petista nas diferentes idas ao estado. Ao final, no trio, ao lado da família da ex-vereadora assassinada Marielle Franco (PSOL), ele relacionou a morte aos "milicianos que Bolsonaro apoia".

No primeiro turno da eleição presidencial, Bolsonaro foi o mais votado no Rio de Janeiro.

 

Da redação (com informações de Agências de Notícias)

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