A comunidade evangélica brasileira nos Estados Unidos vive um momento de incerteza. Enquanto muitos apoiam Donald Trump por suas políticas conservadoras e defesa da liberdade religiosa, a intensificação das deportações tem gerado medo e insegurança entre imigrantes sem documentos.
Desde o início de seu novo mandato, Trump reforçou o controle da imigração ilegal, ampliando as operações do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega) e revogando proteções para imigrantes sem documentos. Embora o governo alegue que o foco seja prendedor de criminosos, na prática, qualquer pessoa em situação irregular pode ser alvo dessas ações.
Para muitos brasileiros, as igrejas evangélicas sempre foram um porto seguro, oferecendo apoio espiritual e comunitário. No entanto, nos últimos meses, eles também foram palco de debates sobre como lidar com o medo da deportação.
O pastor Paulo Tenório, da The Growing Church, em Massachusetts, abordou essa questão em um sermão recente. Ele falou sobre “o medo que leva ao esconderijo”, comparando a situação atual dos imigrantes brasileiros ao relato bíblico de Abraão, que também foi um estrangeiro sem documentos.
“O primeiro imigrante sem documentos foi Abraão, quando Deus falou: ‘Sai da tua terra para um lugar que vou te mostrar’. Deus não deu um green card para ele, mas entregou a terra.”
A tensão é visível em igrejas de diversas regiões dos EUA. Algumas congregações relatam quedas na frequência de cultos, enquanto outras estão contratando advogados especializados em imigração para orientar os fiéis. Em certos casos, pastores receberam pedidos formais de famílias temendo a deportação para que assumam a guarda de seus filhos caso sejam obrigados a deixar o país.
Apesar do medo crescente, muitos evangélicos brasileiros continuam apoiando Trump, principalmente por suas posições contra o aborto, a favor dos valores familiares e pela defesa da liberdade religiosa.
O pastor Leidmar Lopes, da Igreja Aliança, na Flórida, justifica esse apoio:
“As leis existem para serem cumpridas. O governo não deve ser visto como um inimigo, mas sim como uma autoridade que mantém a ordem.”
Esse dilema tem opiniões divididas dentro da própria comunidade. Alguns acreditam que Trump poderá criar uma forma de regularização para trabalhadores imigrantes no futuro, enquanto outros defendem as deportações como uma ameaça real e crescente.
Com a intensificação das operações do ICE e a incerteza sobre as políticas migratórias futuras, a comunidade evangélica brasileira nos EUA enfrenta um grande desafio. O medo da deportação tem impactado não apenas a vida dos fiéis, mas também a dinâmica das igrejas, que agora precisa equilibrar o apoio religioso, a orientação legal e a segurança comunitária.
A grande questão que fica é: até quando essa relação entre apoio a Trump e medo da deportação pode ser sustentada? O futuro dos evangélicos brasileiros nos EUA permanece incerto, mas a fé continua sendo o principal refúgio para essa comunidade em tempos de crise.
Fonte: Da Redação