Sonhada tradução simultânea via celular chega em 2011

O brasileiro, diretor de produtos para mobile do Google, revela que aplicativo que dá suporte à tradução voz-a-voz será lançado com até seis idiomas.
Você já imaginou como seria fazer uma ligação telefônica para a China e manter uma conversa com um chinês? Detalhe: cada um usando seu idioma nativo. O tradutor universal, idealizado por Douglas Adams no livro O Guia dos Mochileiros das Galáxias, enfim está a caminho e já tem data certa para estrear: 2011. O responsável pelo feito é o Google. Por trás da tecnologia, há um mineiro, Hugo Barra. Diretor de produtos voltados à telefonia móvel, o engenheiro, formado pelo prestigiado Massachusetts Institute of Technology (MIT), trabalha no desenvolvimento do software que pode diminuir as barreiras linguísticas. Seu funcionamento será simples e se dará por meio do aplicativo Google Translate, já disponível para usuários do sistema operacional Android e iOS4 (iPhone). Confira a seguir, a entrevista que Barra concedeu ao site de VEJA.
Quando, enfim, a tecnologia de tradução de voz para voz estará disponível?
No começo de 2011. Talvez até um pouco antes. O primeiro produto é muito claro. Na Android Market já existe o aplicativo do Google Translate, que funciona com entrada de voz para os idiomas espanhol e inglês. O software ainda não faz a tradução simultânea em ambos os sentidos, mas já entrega um texto traduzido. O que estamos fazendo agora é adicionar o que chamamos de “conversation mode”, uma ferramenta que permitirá a entrada e saída de voz.
O aplicativo dará suporte a quantos idiomas?
Ainda estamos decidindo quantos idiomas estarão na versão de lançamento, mas provavelmente teremos cinco ou seis. Vale dizer, no entanto, que adicionaremos mais idiomas rapidamente, assim que a tecnologia estiver no ar.
Qual é o mecanismo por trás desse sistema de tradução?
É mágico. O usuário fala, o sistema abre um canal de dados com o servidor e começa a enviar o áudio, que será reconhecido por uma dezena de computadores. Ao reconhecer o conteúdo da fala, os computadores transformarão o áudio em texto. Esse material, então, será enviado para um outro cluster – conjunto de unidades de processamento –, responsável pela tradução para o idioma escolhido. Outras máquinas, os sintetizadores de voz, transformarão o texto em áudio e enviarão a conversa para o celular. Tudo isso acontece em dois décimos de segundo. O processo é simples.
O senhor esteve recentemente no Brasil para anunciar dois lançamentos do Google: a busca por voz e o GPS baseado no Google Maps, ambos disponíveis nos Estados Unidos havia tempos. Por que alguns serviços demoram tanto para chegar ao Brasil?
É muito simples. Lançar um produto no Brasil exige uma quantidade extra de trabalho, assim como lançar em qualquer outro país. Em alguns casos, a tarefa adicional é pequena, mas em outros é gigantesca. No caso dos serviços que lançamos recentemente, o trabalho adicional foi muito grande. A pesquisa por voz exigiu que coletássemos centenas de milhares de exemplos de falas brasileiras, no intuito de que o sistema reconhecesse todos os sotaques do país. Há ainda outra razão: quantos usuários de smartphones existem no Brasil? Em outros países, o número é muito maior. É por essa razão que trabalhamos com prioridades. No Brasil, o preço do smartphone é muito elevado, mas o cenário está mudando: 2011 será o ano do mobile no país. O Android, sistema operacional do Google para celulares, está entrando com força no mercado e hoje já é possível comprar um aparelho pré-pago por 500 reais. Os pacotes de dados também estão ficando mais acessíveis, o que significa que o Brasil subirá na nossa lista de prioridades. FONTE: Veja