A presente edição do Espaço Aberto do Folha Regional, trás uma das mais importantes personalidades do setor da Construção Civil em Rondonópolis, Helmut Hollatz é um dos pioneiros do segmento na cidade que muito tem contribuído para o crescimento e desenvolvimento da nossa querida terra de Rondon. Vamos conhecer um pouco mais sobre a trajetória de vida deste cidadão que sem dúvida será uma inspiração para todos nós, sobre tudo para os jovens que pretendão ser também construtores no futuro. De infância humilde, com formação germânica, onde a tônica maior era sempre citada por seu pai que era filho de alemães nascido no Brasil; “Roupa, comida e estudo” sua mãe nascida na Alemanha, criou os filhos com muita fir- meza amor e determinação família composta por 5 irmãos sendo 4 homens e uma mulher.
O nosso entrevistado também tem uma intensa folha de serviços prestados a sociedade rondonopolitana; presidente da Associação Comercial e Industrial de Rondonópolis, Maçonaria, Associação dos Engenheiros, Associação de Corretores, presidente do Sindicato da Construção Civil por duas vezes, foi presidente da Federação das Indústrias em exercício por um período, inclusive teve uma audiência com o ex-presidente Temer, foi presidente do Conselho deliberativo do Caiçara Tênis Clube e diretor técnico por várias gestões, fez um trabalho também como presidente do Lions Clube de Rondonópolis. Ainda naquele período a sua esposa dona Neuza atuou intensamente na filantropia, momento em que aconteceu também a Primeira Festa da Soja em Rondonópolis no ano de 1987com grande sucesso.
Jornal Folha Regional; Vamos iniciar esta entrevista, tecendo as suas considera- ções iniciais.
Helmut Hollatz; “Eu fico muito satisfeito e lisonjeado pelo convite, parabenizo a toda equipe do Folha Regional por esse brilhante trabalho. É uma oportunidade para que as gerações mais novas tomem conhecimento do que foi um pouco mais do passado, que sem dúvida é exemplar e não deve ser esquecido. Muito se fala sobre cada um em particular, sobre as suas atividades, mas esta é uma oportunidade para que possamos contar um pouco da nossa história e registrá-la para as futuras gerações, fica a ideia do que realmente ocorreu. Olhar pelo retrovisor é muito necessário, além de nós entendermos o presente, o passado explica ele projeta o futuro, vamos fazer esse apanhado.”
JFR; Qual a sua naturalidade?
Helmut Hollatz; “Eu sou de origem germânica, com formação militar, nasci em Erechim, depois fui para Chapecó, Barbosa Ferraz, posteriormente fui para São Paulo, residi também em Ponta Grossa no Paraná, onde eu cursei o Colégio Agrícola, depois Curitiba onde eu fiz ocurso de preparação do vestibular, e também o CPOR, hoje eu sou segundo te- nente de Arma de Engenharia. Posteriormente eu fui para Maringá onde eu conheci a minha esposa Neusa Salas, daí o nome da nossa empresa em homenagem a dona Neusa. Assim muito sonhamos e decidimos eu e a Neusa Salas Fuentes Hollatz a virmos para Rondonópo- lis constituir a nossa família.”
JFR; Quais os reais motivos que levaram Helmut e Neusa a se mudarem de Maringá para Rondonópolis?
Helmut Hollatz; “Nós viemos para Rondonópolis não foi pra montar a Salas não minha gente, foi para fugir do frio, (.muitos risos) vocês não acreditam, quem não foi deve ir lá, é muito frio…E no espirito aventureiro dos meus pais que de Erechim foram para Barbosa Ferraz, decidimos iniciar as nossas vidas em lugares diferentes, abrir fronteiras e explorar naquela época muita gente estava vindo pra cá.”
JFR; Em que ano vocês chegaram aqui em Rondonópolis, como foi a receptividade no bairro Vila Aurora?
Helmut Hollatz; “Nós chegamos aqui em 9 de abril de 1978 e fomos morar na deserta Vila Aurora era só sapo, perereca, animais peçonhentos e muito mato, mas com muito amor e carinho lá nos fixamos. A Neusa lecionando inglês e português e eu trabalhando no Dermat que é hoje a SINFRA, inclusive posteriormente fiz o acompanhamento da obra na rodovia Rondonópolis a Guiratinga. Fui Secretário de Obras e Serviços Urbanos, apesar de muitas pessoas terem me aconselhado a não assumir o cargo, eu disse eu vou aceitar esse desafio.”
JFR; Como foi esse período da sua atuação como Secretário de Obras do município, teve algum episódio peculiar inusitado?
Helmut Hollatz; “Foi um grande período de crescimento social, profissional e familiar. Muitos episódios interessantes aconteceram, Rondonópolis começava a ter um grande desenvolvimento. A administração municipal naquela ocasião era do prefeito Walter de Souza Ulisses. Estão muito evidentes hoje as praças, e naquela época queria se construir um terminal do transporte coletivo na Praça dos Carreiros, mas a movimentação já era muito grande, os comerciários então entraram em guerra, porque uma face da quadra tinha que ser interditada, eu falei joga pra dentro da praça, e hoje está lá a Praça dos Carreiros. A aprovação de projetos tinha só duas páginas do Código de Obras, eu peguei em Maringá o Código de Obras de lá, eu redigi e nós fizemos então os primeiros Códigos de Obras e Postura de Rondonópolis, precursor do atual Plano Diretor que hoje está em evidência para ser aprovado.”
JFR; Fale um pouco sobre o surgimento da construtora?
Helmut Hollatz; “Eu sempre gostei mesmo de máquinas, pontes, viadutos, trincheiras, equipamentos, é muito bom esse trabalho que é sempre intenso no dia a dia. No dia seguinte você olha e tudo esta diferente você vê o crescimento, essas obras de asfalto elas se prorrogam por 24hs, que a terraplanagem, é bom ver esse desenvolvimento. Amanhece o dia de um jeito e no outro a gente vê a evolução, foi aí que eu observei o grande crescimento de Rondonópolis, percebi também o crescimento populacional. Eu pensei, vamos então construir casinhas, e sem experiência nenhuma, porque a faculdade naquela época a grade escolar era só teoria, o máximo que a gente fazia o máximo que agente fazia era experiência em laboratório, hoje as faculdades tem que fazer uma remodelação na grade. A conclusão que chegamos, fomos buscar a nossa preparação, e começamos a construir, ao longo desse período entregamos dezenas de prédios, centenas de apartamentos residenciais e salas comerciais, já atendemos a milhares de habitantes e também proporcionando empregos e renda para milhares de pessoas. Hoje o pessoal está tendo renda nesse setor que continua em franco crescimento, e ai vem também o agronegócio que é o nosso carro chefe, e o agronegócio está indo bem e as previsões para os próximos anos continuam sendo melhores ainda. Nós abastecemos o mercado mundial de alimentos, não tem qualquer impedimento ao desenvolvimento do setor econômico, social e industrial do município a não ser o fator climático. Enquanto houver produção a renda e consumo.”
JFR; A cidade cresce em ritmo cada vez mais crescente verticalmente, qual é o limite de andares no momento?
Helmut Hollatz; “Nós aprovamos um edifício de 34 andares, não existe uma limitação técnica de altura, existe sim uma limitação da taxa de ocupação dependendo do terreno. Se você qui- ser construir mais do que está previsto em lei você paga uma outorga, e essa outorga é cara. Então limita-se pra não fazer igual Dubai, se não nós estaríamos hoje um Camboriú.”
JFR; A construção civil vai muito bem em Rondonópolis, por outro lado o que podemos fazer para que o setor do turismo possa ser desenvolvido no município?
Helmut Hollatz; “O turismo é atração, você tem que ter atrativos, quais os atrativos naturais que nós temos? É o Ponte de Pedra, é a lagoa tal, é o Rio Vermelho, são os sítios arqueológicos é o Pantanal… Para atrair o turismo temos que ter a logística, temos que ter a acolhida, Rondonópolis desenvolveu muito rapidamente nesses 40 anos que eu estou aqui mais ou menos. Temos algumas áreas que não foram dadas muita atenção, a grande catalizadora desse e de outros setores é a prefeitura, mas não foi por displicência é porque acreditava-se que haviam outras prioridades que precisavam ser atendidas. Mas falta ainda os quesitos urbanísticos como paisagismo, a praça da feira da Vila Aurora precisa de uma revitalização, o espaço da rodoviária velha é imenso e está há 20 sem que nada tenha sido construído no local, é preciso um projeto. É preciso transformar tudo isso em atrativos para a população, vai gerar emprego, vai gerar renda e uma série de benefícios. Temos a possibilidade total em nossa região de adotar o turismo agrícola, promover reuniões, debates, congressos a nível nacional, trazer os especialistas e os interessados para investir em nossa cidade, aí vem o estrangeiro também e vem o dólar. Fazer um trabalho com a nossa base regional, qual é a nossa base? A base não é Rondonópolis é uma cidade polo, temos uma base de 19 municípios, qual o relacionamento que nós temos com eles? Eles vem aqui nós vamos lá… nós dependemos deles, a produção do interior é que abastece a cidade polo, então nós temos que dar saúde, educação etc.. e aí o turismo vai alavancar.”
JFR; Como foi a sua trajetória politica, com várias posições de liderança, você nunca quis se candidatar a nenhum cargo eletivo?
Helmut Holatz; “Eu fui assediado muitas vezes, até nas últimas eleições, primeiro quando nós começamos a construir a Salas já houve um desvio, eu estava lotado em órgão público, dependente da função pública a qual eu tenho um carinho todo especial onde eu fiz toda a minha base. Eu sempre estudei em escola pública, eu sempre fui do Exército, eu gostaria de retribuir então eu fiz um trabalho na prefeitura e em seguida parti para a iniciativa privada. Mas independente disso, houve um assédio tão grande que eu cheguei a conclusão que também queria me candidatar, e pensei eu acho que sou político, eu tenho um irmão que me diz; “você é um politico, não é um empresário não”. Mas um fato que aconteceu com tudo encaminhado para uma candidatura, o partido se reuniu e mandou e me enviou uma notícia; “Olha Helmut, achamos que a sua candidatura não foi aceita, chegaram a entender que você ia atrapalhar os interesses deles.”
JFR; Desde já agradecemos a sua participação aqui no Espaço Aberto do Folha Regional, a sua presença muito nos honrou e os nossos telespectadores adoraram e como nós aprendemos com a sua bela trajetória de vida, vamos as duas últimas perguntas; O que a cidade de Rondonópolis representa pra você, e qual a importância da família?
Helmut Hollaz; “Eu estou vivendo mais aqui do que no sul, as vezes eu saio eu digo vou morar aqui no sul, quando é verão lá e aqui o inverno, mas não adianta, aqui está a família aqui está o trabalho, Rondonópolis é minha paixão. A vida da gente se resume em três coisas; “amigos, trabalho e família”. Já a questão familiar é a base de tudo, eu tenho a maior admiração pelos meus filhos, sucessores, o Gleyson, o Marco Aurélio, a Brisa, Melissa e meus cinco netos o Lorenzo a Letícia e a Bela, do Gleyson e o Otávio e Olivia do Marco Aurélio. Os meus agradecimentos a minha esposa Neusa Salas pela preciosidade do carinho e atenção para com todos nós.”