O advogado eleitoralista Maurício José Camargo Castilho Soares, 33 anos, é o nosso entrevistado da coluna Espaço Aberto desta semana. Natural de Rondonópolis, Maurício desde pequeno conviveu com a política, o que o levou a trabalhar no direito eleitoral e administrativo, prestando assessoria para prefeituras. Ele é formado em bacharel em Direito pelo antigo Centro de Ensino Superior de Rondonópolis (Cesur) e trabalha há quase 10 anos com advocacia. A história não poderia ser diferente na vida pessoal, Maurício é casado há dois anos e meio com a também advogada Wiviane Freitas Borges. Conheça abaixo um pouco mais da história do nosso entrevistado.
1. Folha Regional – Fale um pouco sobre sua família e sua infância?
Maurício Castilho – Minha infância foi de muita felicidade, mas também de dificuldade, pois a gente não tinha casa própria, moramos cada ano praticamente em uma casa própria até eu me formar. Quando falo de dificuldade não me refiro a passar fome, mas sim dificuldades do dia-a-dia. Meu pai toda vida sempre trabalhou com política, ele nunca foi candidato, mas assessor de político, então é uma profissão que é muito sazonal, não dá muita rentabilidade. Minha mãe sempre foi do lar. A grande vantagem é que somos cinco irmãos e a minha família é muito unida, então conseguíamos passar por tudo com tranquilidade, meu pai, eu digo assim, que ele não conseguiu ter posses porque é um cara muito honesto, nunca teve coragem de fazer nada de errado e isso foi o que de maior valor assim que passou pra gente. Ele sempre dizia que não ia deixar dinheiro para gente, mas sim o estudo e deixou, porque nós cinco irmãos e somos todos formados. Meu pai hoje é aposentado, ele deu estudo pra nós e a gente deu certa estabilidade para ele, que antes não tinha.
2. Folha Regional – Por que escolheu cursar direito?
Maurício Castilho – Eu não escolhi, fui escolhido, eu passei para Educação Física na Universidade Federal de Mato Grosso, em Cuiabá, cursei seis meses e não gostei. Quando retornei eu fiz vestibular de Direito no Cesur e para Zootecnia na UFMT, passei nos dois, dai disse para meu pai para escolher, então deixei nas mãos dele. De início eu não tinha pretensão nenhuma, depois que fui conhecendo aprendi a gostar, não entendia nada de como funcionava o Direito. Meu pai e meu irmão custearam uma parte e a outra parte fiz pelo Fies.
3. Folha Regional – Como foi seu desempenho na OAB? Pra qual área prestou?
Maurício Castilho – Eu passei na 2ª OAB e escolhi direito civil.
4. Folha Regional – Onde e como foi sua primeira atuação como advogado?
Maurício Castilho – O meu primeiro caso foi criminal, onde o cliente era inocente de fato, ele havia sido detido em um evento anterior porque estava se não me engano, sem habilitação. A foto dele constava nos registros da polícia, houve um assalto de uma carga lá em Pedra Preta (MT) e identificaram como sendo ele um dos assaltantes. Eu vi que ele era inocente, foi um caso emblemático e eu consegui provar a inocência dele, tinha um álibi que provou que ele nem passou perto de Pedra Preta. Então, logo consegui soltá-lo.
5. Folha Regional – O que fez você decidir se tornar um advogado?
Maurício Castilho – Na verdade, fui tomar paixão por direito depois que comecei a cursar, a entender como funcionava, eu fiz um estágio de dois anos no fórum o que permitiu me dar um norte muito legal do que eu queria, se era tentar magistratura, se eu queria ser promotor, se eu queria ser advogado. Eu gostava muito da liberdade e da forma que o advogado atuava, não estava preso a nada. O advogado a cada dia, ele tem um novo desafio e isso me estimulava.
6. Folha Regional – Quais áreas do Direito o senhor atua?
Maurício Castilho – Atuo no direito eleitoral e no direito administrativo. Eu costumo dizer que você atua no direito criminal, sem precisar gostar do preso, atua no direito civil e não precisa gostar da pessoa, mas no direito eleitoral você tem que gostar de política porque se não, não dá conta de trabalhar. Eu, particularmente acho muito gostoso, em época de campanha eu fico bem animado, é muito trabalhoso, não tem horário mas é recompensador. São três meses de muita corrida, os prazos no período eleitoral são muito pequenos, geralmente de 24 à 48h e não interrompe no sábado e domingo diferente do período normal agora.
7. Folha Regional – Tem alguém como referência profissional?
Maurício Castilho – Sim. No sentido amplo, tem um escritor e advogado chamado Adriano Soares, que muito me inspira. A forma dele expor seus pensamentos, como conduz sua carreira, os seus escritos, sua postura, servem de inspiração. Como advogado local, uma das minhas grandes referências foi o Dr. Gilmar de Moura, que atua mais de 20 anos na área do direito eleitoral.
8. Folha Regional – Qual dica o senhor daria para quem quer seguir carreira na advocacia.
Maurício Castilho – A principal dica é não desistir, o começo não é fácil, não é nenhum pouco rentável, a advocacia é como se fosse uma poupança, você vai plantando para só então depois colher.
9. Folha Regional – Como o senhor, vê a política brasileira atual?
Maurício Castilho – Eu sou um crítico, mas ao mesmo tempo, sou esperançoso, acho que está havendo uma demonização da classe política, que de certa forma é injusta, o Brasil ainda é um adolescente em termos de democracia e se houve algum avanço tem uma grande parcela da classe política. Acho que tudo isso que está acontecendo é muito bom à quebra desse paradigma de que político não vai preso, mas ao mesmo tempo, não podemos achar que todos eles são ladrões, existem bons políticos tanto na área do Legislativo como do Executivo.