Entenda os perigos da hipertensão em gestantes

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O período da gestação é um tempo de mudanças no organismo da mulher. Nessa fase, algumas delas também ficam propensas à hipertensão arterial. Quando a doença não é tratada adequadamente, pode evoluir para a pré-eclâmpsia ou ainda para a eclâmpsia, que é um quadro que se caracteriza pela alteração da pressão arterial, colocando em risco a vida da mãe e do bebê em formação.

Embora ainda se afirme que há subestimação de estatísticas, a sua incidência calculada no nosso país é de 1,5% para a pré-eclâmpsia (PE) e 0,5% para a eclâmpsia.

 

Os dados são preocupantes, pois podem comprometer a saúde e o ciclo vital tanto da mãe quanto do bebê. “A pressão alta da gestante pode causar danos à saúde do bebê porque aumenta o risco de descolamento precoce da placenta, e o crescimento do bebê em formação pode ficar restrito pela insuficiência placentária”, alerta a Dra. Camilla Gatto, obstetra da Maternidade Brasília.

 

Além disso, pode aumentar a chance de um nascimento prematuro e, em alguns casos, pode acontecer asfixia do bebê dentro do útero, por falta de oxigenação adequada, o que pode levar ao óbito.

Para a gestante, quando a doença se manifesta de forma grave, pode provocar hemorragia cerebral, convulsões, ruptura do fígado, insuficiência renal aguda e até mesmo a morte.

Fatores de risco

Você deve estar pensando que, com tantos perigos e com um sintoma silencioso que é o aumento da pressão arterial, deveriam existir sinais para que pudéssemos ficar ainda mais atentos para a chance de desenvolver pré-eclâmpsia. A resposta é: sim. Veja os principais fatores que podem aumentar o risco de uma gestante desenvolver pré-eclâmpsia:

primeira gestação;

primeira paternidade;

gestação gemelar (quando a mamãe espera gêmeos);

 

gravidez antes dos 20 anos;

gravidez acima dos 40 anos de idade;

gestação prévia com pré-eclâmpsia ou eclâmpsia;

casos de pré-eclâmpsia na família;

hipertensão arterial crônica;

doença renal;

diabetes mellitus tipo 2;

resistência à insulina;

distúrbios trombofílicos congênitos (alterações na coagulação do sangue);

síndrome dos anticorpos antifosfolípides (doença em que o sistema imunológico ataca erroneamente as proteínas normais do sangue);

anemia falciforme;

hidropsia fetal (acumulação anormal de líquido nos tecidos do feto);

anomalias congênitas estruturais;

Mas, calma! A melhor maneira de prevenir todas essas complicações é por meio de um acompanhamento pré-natal minucioso. É o seu obstetra que vai investigar se a sua pressão arterial está alterada e se há risco de pré-eclâmpsia.

Diferentes tipos de hipertensão:

Hipertensão crônica preexistente:

Mulheres que apresentam pressão arterial normalmente acima de 140 × 90 mmHg já antes da gravidez. Uma vez que já são hipertensas, o quadro tende a permanecer durante a gestação. Além disso, também é considerada preexistente a pressão alta na gravidez antes da 20ª semana de gestação.

Pré-eclâmpsia

Quando a hipertensão surge depois da 20ª semana de gravidez associada à perda de proteínas por meio da urina (proteinúria). Também pode ocorrer em razão de um problema no fígado, nos rins, no sistema nervoso central ou, ainda, pode ser consequência da queda no número de plaquetas no sangue.

Pré-eclâmpsia superposta à hipertensão crônica

Desenvolve-se quando a pré-eclâmpsia afeta mulheres já hipertensas antes da gestação.

Hipertensão gestacional

É o tipo de hipertensão que aparece depois da 20ª semana de gestação, mas não apresenta perda de proteína na urina nem qualquer outra característica indicativa de pré-eclâmpsia.

 

Esse quadro, segundo a Dra. Camilla, é diagnosticado quando a pressão arterial em repouso é maior que 14 × 9. Mas ela lembra que, para se confirmar o diagnóstico, é necessária a aferição em duas ocasiões, preferencialmente com intervalos de seis horas cada uma. Em todas as consultas do pré-natal, o obstetra deve aferir a pressão arterial e, em casos de alteração, ele solicitar exames médicos para investigar se é apenas hipertensão ou se há risco de pré-eclâmpsia.

A pressão arterial da mamãe deve estar na faixa considerada normal até o final da gestação.

O que pode ocorrer é uma pequena elevação da pressão sistólica durante o trabalho de parto, por causa das contrações do útero.

 

Mas ela tende a retornar ao normal após o parto. Porém, é possível a mulher ter um quadro de pressão alta que leve à pré-eclâmpsia também após o nascimento do bebê. Ela informa ainda que, depois do parto, a pressão deve ser monitorada por mais 12 semanas.

 

Se ela permanecer elevada nesse período, a mulher pode ter desenvolvido uma hipertensão crônica e precisará de acompanhamento especializado.

Sintomas de pressão alta na gravidez

É fundamental, antes de tudo, que a gestante mantenha um acompanhamento médico constante, por meio do pré-natal, e que realize os exames solicitados.

 

Entre os sintomas mais comuns de pressão alta na gestação estão: dor na cabeça ou na nuca; inchaço nos braços e nas pernas provocado pela retenção de líquido; visão embaçada e sensibilidade à luz. Mesmo assim, muitos sintomas são bastante sutis ou nem mesmo se manifestam, por isso é tão importante manter os exames em dia.

Pressão 13 × 8 na gravidez é normal?

Normalmente, a pressão arterial diminui sutilmente no primeiro trimestre, sobe um pouco mais no segundo e normaliza no terceiro. No entanto, caracteriza-se a pré-eclâmpsia como a pressão superior a 140 (sistólica) × 90 (diastólica) mmHg ou então com o aumento maior de 3 na pressão sistólica e de 1,5 na diastólica. Sendo assim, se uma mulher tem uma pressão normal de 10 × 7, poderá ser considerada hipertensa com uma pressão de 13 × 8,5, por exemplo.

Max Lima é médico especialista em cardiologia e terapia intensiva.