Confesso que este tema não é tão simples de ser abordado e debatido em limitadas frases de exposição do atual processo didático pedagógico de ensino aprendizagem ao “Novo Normal”.
Desde que publicada as Diretrizes Curriculares Nacionais, Resolução CNE/CES nº 6 de 19 de outubro de 2017, um modelo acadêmico delineado em competências e habilidades entrou em vigência para formação de egressos na Graduação de Cursos de farmácia pelo país. Um modelo inovador, propositivo, sapiente em suas "entrelinhas" que veio para garantir a formação deste importante profissional da área da saúde em três grandes eixos de formação: cuidado em saúde, tecnologia e inovação em saúde e gestão em saúde.
Na docência de Ensino Superior somos desafiados diuturnamente a produzirmos o melhor conteúdo de formação profissional, dentro das atuais ferramentas pedagógicas do empoderamento digital, sendo o professor o interventor e intermediador do processo de ensino aprendizagem dinâmico e hiperativo. São tempos extra classe, dedicados a elaboração de aulas síncronas e assíncronas, atividades formativas e de avaliação continuada, demanda técnica e administrativa de condução de aulas em ambiente virtual, manuseio de ferramentas como google meeting, microsoft teams, zoom, gravações MP4, veiculação de aulas gravadas em portal acadêmico de diversas plataformas disponíveis nas Instituições de Ensino Superior espalhadas pelo país do “Oiapoque ao Chuí”, entre tantas diferenças regionais, culturais e sócio econômicas vivenciadas.
Sempre defendo a tecnologia da informação como ferramenta pedagógica complementar no processo educativo, mas não a integralidade de formação 100 % (cem por cento) de ensino a distância ainda mais na área da saúde.
Neste cenário de profundas transformações e de reinvenções dos processos educacionais nos deparamos com um cenário pandêmico sem precedentes de normalidade, na qual os números de desempregados só aumentam no país, o índice inflacionário em alta tende a amedrontar as famílias brasileiras e a oportunidade de acesso a informação se torna cada vez mais limitante na medida em que a palavra emanada na atual conjuntura neste momento é “Sobrevivência”.
O cenário prático de formação profissional na área da saúde é de vital importância e imprescindível para a garantia de excelência na prestação de serviços farmacêuticos à sociedade.
Inúmeras indagações vêm à tona em um momento altamente reflexivo, haja vista que a pós-graduação é uma área extensiva e complementar da formação de graduação dos futuros farmacêuticos do país, grifo-às:
O Ministério da Educação (MEC) tem acompanhado e fiscalizado as mantenedoras no tocante ao cumprimento das diretrizes curriculares nacionais de formação em Curso de Farmácia no país?
A acessibilidade a estas ferramentas pedagógicas de ensino digital por meio da internet é uma realidade em todas as classes econômicas da sociedade no atual cenário de desemprego e uma economia em declínio constante?
O MEC juntamente com o Governo Federal possui um projeto de retomada gradual de acompanhamento de indicadores de qualidade e processos avaliativos constantes de formação acadêmica nos Curso de Farmácia do Brasil?
O Conselho Federal de Farmácia (CFF) na tentativa de proibir a inscrição de egressos que sejam formados na modalidade, exclusivamente a distância, editando resolução que aborda a temática, conseguirá impor a sociedade e aos governantes uma profunda reflexão sobre o ensino farmacêutico, mesmo que isso extrapola as esferas jurídicas competentes?
O CFF enquanto autarquia de classe que regulamenta o exercício profissional e suas áreas de atuação no varejo farmacêutico, cumpre a contento o seu papel de ampliar a oferta de serviços farmacêuticos à sociedade. São mais de 135 áreas de atuação do profissional farmacêutico reconhecidas e regulamentadas por resoluções, tais como, saúde estética, ozonioterapia, radiofármacos, floralterapia, perfusão sanguínea, vacinas e tantas outras a qual recomendo ao leitor uma busca ao site eletrônico: https://bit.ly/3ul8ZPo para mais informações e esclarecimentos sobre o tema.
Talvez muitas destas respostas não obtenhamos de imediato, porém é necessário o debate ostensivo no campo das ideias e ideais entre os “expertises” da educação farmacêutica brasileira, mobilizando as entidades que nos representam no campo educacional, tais como, Comissões de Ensino do Sistema CFF/CRF’s, Associação de Ensino Farmacêutico (ABEF), Comissão Assessora de Educação Farmacêutica do Conselho Federal de Farmácia (CAEF) e instituições como Ministério Público Federal, Ministério da Educação, Procon e tantos outros que poderão contribuir de maneira propositiva e resolutiva para os rumos da formação farmacêutica no País, não só na área farmacêutica mas em toda abrangência da saúde, uma vez que as aflições e angústias só aumentam.