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domingo, novembro 24, 2024

Em debate morno Dilma e Serra evitam confronto

A três dias da eleição, os presidenciáveis José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) evitaram o confronto direto no último debate antes ida às urnas, no próximo domingo. Durante todo o evento organizado na noite desta quinta-feira pela TV Globo, Serra e Dilma não trocaram uma pergunta sequer. Ficou a impressão de que houve orquestração no debate. Preferiram reservar questionamentos ao rivias Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL).
No início do confronto, Serra, Marina e Plínio chegaram a ensaiar algumas críticas a Dilma. Ainda assim, temas polêmicos permaneceram de fora dos primeiros momentos do confronto. Ainda assim, nenhum dos temas mais polêmicos da corrida presidencial deste ano – como a demissão da ex-ministra Erenice Guerra ou os recentes boatos que atribuíam à petista uma postura favorável ao aborto – entrou nos pronunciamentos.
A primeira reação da plateia às manifestações dos candidatos só veio no terceiro bloco, quando Dilma afirmou que seu partido registrou "todas as doações que são oficiais". Diante dos risos – alimentados pela suposição de quem nem todas as doações seriam oficiais -, a petista não escondeu a irritação e rebateu: "Todas as doações são oficiais. E eu lamento os risos de quem tem outras práticas. Lamento", afirmou, despertando ainda mais risos.
O tom do debate só subiu no último bloco, quando Marina reforçou as críticas a Serra e Dilma. Depois de comparar o tucano com a petista, a senadora acabou despertando a reação do candidato do PSDB. "Não use a sua régua para ficar medindo. Se eu fosse usar a minha régua diria que você e a Dilma são muito parecidas", afirmou o tucano. "Você, até pouco tempo estava no PT. Você estava no governo do mensalão", disse Serra.
Logo antes, Marina já havia questionado Serra sobre o futuro do Bolsa Família, ao dizer que PSDB e DEM criticaram no passado o principal projeto social do governo Lula. Serra, em resposta, voltou a tomar para si a autoria do Bolsa Escola, que segundo ele foi o embrião do programa.

Primeiro bloco

Logo no primeiro bloco, a primeira a concentrar as críticas na ex-ministra da Casa Civil foi Marina Silva, que escolheu criticar a informalidade do mercado de trabalho. Dilma, por sua vez, investiu no discurso sobre a criação de empregos com carteira assinada. Logo em seguida, Dilma questionou Plínio sobre meritocracia no serviço público. Plínio devolveu: "Esta seria uma prática do meu governo. Não é do seu".
Plínio também subiu o tom contra Serra. Questionou o tucano sobre reforma tributária e cobrou um remanejamento da cobrança de impostos, de forma a aliviar a carga para as camadas sociais menos favorecidas. Serra aproveitou para repassar o ataque a Dilma. "Eu sou contra coisas que foram feitas pelo governo federal inclusive com ajuda da ministra Dilma, como o aumento dos impostos sobre a água e o esgoto", disse o tucano.

Segundo bloco

Sorteada para abrir o bloco, Dilma decidiu investir no tema de ferrovias. Questionada sobre o assunto, Marina lamentou o fato de o sistema de transporte brasileiro não tomar o modelo ferroviário por base. Chegou a ensaiar um elogio ao governo Lula, alegando que há um plano de gestão na área. Mas depois engatou: "Estamos atrasados para que o nosso País possa fazer jus aos imensos desafios que temos."
Serra prometeu criar uma Defesa Civil Nacional, para minimizar o impacto de desastres naturais. Prometeu remover e oferecer moradia para pessoas que vivem em área de risco. "Há um trabalho que é estrutural, que é a questão das áreas de risco." Temas como transporte público também apareceram. O tucano, por exemplo, prometeu um plano de expansão do metrô em parceria com governos e municípios. Plínio ironizou: "E eu pergunto: com que dinheiro vai fazer isso?"
Serra ironizou o fato de rivais não exaltarem seus partidos. Dilma riu e engatou: "Eu agradeço. Vou falar do meu partido, o Partido dos Trabalhadores". A petista defendeu um governo de coalizão, com uma coligação partidária ampla.

Terceiro bloco

Sorteado para fazer a pergunta de abertura do bloco, Serra questionou Marina sobre habitação. A petista criticou o déficit habitacional e prometeu manter, em um eventual governo, o programa Minha Casa, Minha Vida. O projeto é uma das bandeiras de campanha de Dilma. "Vamos encarar esse problema com o devido respeito", disse Marina.
Serra aproveitou para falar sobre urbanização de favelas, proposta que prometeu estender a outras regiões do País. "Eu não vi essa prioridade ser encaminhada em São Paulo, Serra, no período em que você foi prefeito e em que você foi governador", afirmou Marina, criticando a situação de favelas paulistas.
O tema do saneamento, que já havia sido citado por Serra, foi usado contra Dilma também por Plínio. Dilma disse que o governo Lula investiu muito mais que o anterior e prometeu trabalhar para que todos os domicílios brasileiros tenham água tratada.

Quarto bloco

Plínio questiona Dilma atrapalha-se ao responder a Plínio, quando questionada sobre limite de propriedade. Em seguida, engata no tema do déficit habitacional e retoma o programa Minha Casa, Minha Vida. Além das discussões sobre moradia, candidatos se revezaram em exposições sobre desenvolvimento e o futuro do País.
Dilma aproveitou para engatar no tema da crise econômica e alfinetou Marina. "Acho que diante da crise, a gente não usa teoria. Quando a gente é governo, a gente não acha. A gente tem que fazer", disse, voltando-se à candidata verde. Marina reagiu: "Eu tenho dito que ela e o Serra são muito parecidos. Têm um perfil estritamente gerencial", afirmou a senadora. "No seu mundo, você corretamente coloca os acertos e os ganhos. Mas você não coloca os novos desafios", emendou a candidata verde. Segundo ela, os brasileiros não querem "o mundo azul de Serra e o mundo cor de rosa de Dilma."

Preparação

Os presidenciáveis passaram praticamente toda esta quinta-feira preparando-se para o debate. Os três líderes da corrida só interromperam a maratona de treinamento com suas equipes de comunicação para conceder entrevistas coletivas e assegurar espaço nos telejornais da noite.
Na reta final da campanha, Serra trabalha para tentar forçar um segundo turno. Por isso, tenta atrair o voto da parcela do eleitorado que ainda se declara indecisa. "A ideia não é de confronto, é de paralelismo, de comparação. Eleição não é uma guerra, eu não vejo adversário como inimigo", dizia Serra na noite de ontem, adiantando o tom que adotaria no debate.
A candidata do PT, por sua vez, chegou ao confronto em meio aos rumores de que seria favorável ao aborto, que circularam na internet nos últimos dias. O plano montado desde o início pela petista também era o de repetir a estratégia de confrontos anteriores – reforçar o discurso sobre as realizações do governo Luiz Inácio Lula da Silva, fazer a comparação com os oito anos do tucano Fernando Henrique Cardoso e reiterar suas propostas para áreas chave, como saúde, educação e segurança.
A orientação da campanha de Marina Silva (PV) previa desde o início a manutenção do tom crítico identificado no confronto da Record. Atrás nas pesquisas, mas em tendência de alta, a candidata do PV vem recebendo de seus coordenadores a orientação para não escolher um único adversário. A ordem, entretanto, é não ser agressiva
Fonte:Ultimo Segundo

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